Recomeçou o
jogo
Estava na cara
que este ano teria dois tempos. Como no futebol. O primeiro tempo já foi, com a
copa e tudo. Agora começa o segundo tempo. É o processo eleitoral, que terá seu
desfecho em outubro.
Se no futebol é
quase inevitável a suspeita de parcialidade do juiz, no processo eleitoral
brasileiro a preocupação maior se refere, exatamente, aos vícios do sistema
jurídico que rege as eleições.
Já faz tempo que
o ordenamento eleitoral produz evidentes distorções, sobretudo pela demasiada
influência do poder financeiro sobre as campanhas eleitorais.
Já faz tempo
também que se tenta mudar este sistema, mas os que dele se beneficiam são
também aqueles que usam o seu poder para impedir as mudanças necessárias.
De um lado,
estando atentos ao desenrolar destas eleições, para identificar com mais
clareza os pontos que precisam ser modificados. Por mais viciadas que sejam, as
campanhas eleitorais são sempre oportunidade de aprimorar o discernimento
crítico da legislação em vigor.
Por outro lado,
já cansamos de constatar que um Congresso Nacional, definido sob os
condicionamentos do atual sistema eleitoral, não vai querer modificar os
dispositivos que o produziram.
Ao mesmo tempo,
precisamos nos dar conta que nossa Constituição já prevê instrumentos
democráticos apropriados, que permitem aos cidadãos retomar em suas mãos a
competência e a responsabilidade de assinalarem aos congressistas as mudanças
que se fazem necessárias, e urgir que elas sejam feitas tempestivamente.
Pois bem, não
vamos esperar o resultado eleitoral para nos mobilizarmos em torno das
oportunidades de mostrar diretamente a vontade dos cidadãos sobre a reforma
política.
Para isto, estão
em andamento duas iniciativas, distintas e ao mesmo tempo convergentes, que
podem receber nosso apoio político.
A primeira
consiste num “Projeto de Iniciativa Popular pela Reforma Política e Eleições
Limpas”, lançado pela “Coalizão Democrática”, que tomou força a partir de um
convite para a participação lançado pela CNBB, que continua incentivando a
coleta de assinaturas.
A outra
iniciativa consiste na realização de um Plebiscito pela convocação de uma
Assembleia Constituinte Exclusiva para realizar a Reforma Política. Este
plebiscito será feito na Semana da Pátria. Se nos lembramos da força que teve o
plebiscito contra a ALCA, podemos apostar neste também.
Pois bem, para
este segundo tempo podemos nos escalar também, e entrar todos em campo,
dispostos a enfrentar, se for preciso, uma suada prorrogação.
Dom Demétrio
Valentini - Bispo de Jales (SP)
Fonte: cnbb.org.br Ilustração: a12.com
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