Famílias, Deus ama vocês
Irmãos, irmãs,
amigos todos:
“Família, amo
vocês” é o título de um livro do filósofo francês Luc Ferry. Segundo ele,
a família seria o último reduto de transcendência entre os humanos. Ou seja, se
todos os valores transcendentes desaparecerem, a família vai resistir a tudo,
porque é ali que se revela a capacidade do amor maior que só o humano tem.
Dom José Francisco |
Pensando nisso,
quis dar a esse artigo o título “FAMÍLIAS, DEUS AMA VOCÊS”. Porque é isso que
eu sinto e vejo, e é isso que a História humana sempre constatou.
É que,
vira-e-mexe, sempre alguém decreta a morte de algo inerente à existência.
Assim, já foi decretada a morte de Deus, a morte da existência das igrejas e
até da própria convivência humana. Da década de 60 para cá, com o aparecimento
dos anticoncepcionais e o advento da revolução sexual, foi decretada a morte da
família. Sim, diziam os revolucionários dos costumes, para quê, afinal, a
família, se a mulher, já emancipada até do peso da maternidade (e de outros…)
podia dispor livremente de seu corpo e de sua sexualidade? E se o homem,
libertado da servidão de ter de sozinho alimentar as famílias, poderia, então,
dar-se a diversões e repartir esse ônus com a mulher?
Ah, as famílias!
Observem em
quanto a família faz parte do repertório da sobrevivência humana. À diferença
dos outros animais, a vida de um bebê humano, ao nascer, é tão absolutamente
desamparada, precária e dependente de cuidados, que só um cuidador prestimoso
seria capaz de mantê-la. Mas tem mais. Também diferentemente dos outros
mamíferos, mesmo dos mais próximos a nós, a criatura humana leva tanto tempo
para cuidar de si mesma, que só a manutenção de uma família seria capaz de dar
conta desse enorme dispêndio no projeto de construção do humano.
Vejam! Sem a
construção do núcleo familiar, os humanos teriam desaparecido. Lembrem-se que
os dinossauros eram muito maiores e melhor equipados do que nós. Eles
desapareceram. Nós ficamos. Em grande parte, nossa permanência se deve à
constituição do amor familiar. Ou seja, a família nunca vai desaparecer, porque
não pode desaparecer. Ela faz parte do DNA humano de conservação da própria
espécie: o mais básico de todos.
Mesmo assim, a
História testemunha o quanto a família se modificou e quantas voltas teve de
dar em si mesma para subsistir. Por exemplo, na década de 70, o ideal era o
amor sem filho. Na década de 80, a “produção independente”. Agora, assistimos a
ideia do filho sem amor.
Ah, as famílias!
Pensando nessas
reinvenções da estrutura familiar, levando em conta o quanto ela significou e
significa na perpetuação da espécie humana, o Papa Francisco convocou uma
Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, em outubro próximo, para tratar
dos desafios pastorais da família no contexto da evangelização.
Ou seja, além de
todos os motivos elencados logo atrás para justificar a manutenção do vínculo
familiar, motivos suficientes para interessarem a todos os homens e mulheres,
indistintamente de seu credo ou cultura, levanta-se um outro motivo, muito
maior, totalmente abrangente, que engloba boa parte da humanidade. E o motivo é
este: a família é querida por Deus, desde a aurora dos tempos.
Essa verdade
aparece no livro “O Evangelho da Família”, do Cardeal Walter Kasper. O livro
afirma e repete que a família é fundada por Deus desde o início da Criação: é a
mais antiga instituição da humanidade. Cristo fez seu primeiro sinal do Reino
durante as bodas de Caná. Ele apreciou a família e a elevou a Sacramento,
integrando o amor entre o homem e a mulher no plano maior do amor de Deus. O
livro trata também da situação da família nas atuais condições de crise econômica
e das condições de trabalho, onde e quando devemos dar a nossa ajuda, porque a
grande maioria dos jovens quer uma família, quer uma relação estável, para a
vida inteira. A felicidade dos homens depende também da vida familiar. E é
dever da Igreja ajudar a quem se encontre em dificuldade para viver o ideal
familiar, humano e cristão.
Eu encorajo,
vivamente, vocês, irmãos e irmãs da Igreja de Niterói, a conhecerem o texto
preparatório do Sínodo dos Bispos sobre “Os desafios pastorais da família no
contexto da evangelização”. Ele pode ser encontrado no site oficial do
Vaticano, acessado através do buscador na internet.
Peço também que
rezemos, todos os dias, à Sagrada Família, pela Assembleia Extraordinária do
Sínodo dos Bispos:
Jesus, Maria e
José, em vós contemplamos o esplendor do verdadeiro amor e, com confiança, nos
voltamos para vós.
Sagrada Família
de Nazaré, fazei com que nossas famílias sejam lugares de comunhão e cenáculos
de oração, autênticas escolas do Evangelho e pequenas Igrejas domésticas.
Sagrada Família
de Nazaré, que nas famílias nunca haja violência, fechamento ou divisão, que os
que foram feridos ou escandalizados sejam consolados e curados.
Sagrada Família
de Nazaré, nós vos suplicamos que, por ocasião do próximo Sínodo dos Bispos, se
reacenda em todos a consciência do caráter sagrado e inviolável da família, e
da sua beleza no projeto de Deus.
Jesus, Maria e
José, ouvi e atendei a nossa súplica.
Dom José Francisco Rezende Dias - Arcebispo de Niterói (RJ)
Fonte: arqnit.org.br
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