O Papa Francisco
na Exortação Apostólica sobre a alegria do Evangelho, aponta sete tentações dos
agentes pastorais, portanto, das lideranças incluindo os bispos, presbíteros,
diáconos, religiosos e leigos.
1. Falta de espiritualidade. Esta tentação se caracteriza pela oração fraca, pouca
vida interior, superficialidade espiritual. As consequências são graves: viver
como se Deus não existisse, centralização autoritária, crise de identidade,
desprezo dos pobres, superficialidade pastoral, falta de alegria, acomodação e
facilidade no lugar da fidelidade.
2. Acédia egoísta. Acédia é preguiça. As manifestações da preguiça pastoral são:
exagero de tempo livre, falta de motivação, fadiga e cansaço, desilusão e
reclamação. Não há criatividade nem ousadia pastoral, pelo contrário, mesmice,
desilusão e tristeza melosa que é o mais precioso “elixir do demônio”. Estes
agentes de pastoral têm uma “psicologia de túmulo”, parecem “múmias de museu”.
Vivem reclamando do excesso de trabalho e se afastam do povo.
3. Pessimismo estéril. Estes pastoralistas “profetas da desgraça” têm “cara de
vinagre” porque se lamentam e vivem uma sensação contínua de derrota. São
vítimas da ansiedade e da lamúria e assim enterram talentos.
4. Isolamento em relação à comunidade. Esta tentação se configura na distância e
isolamento do povo, da comunidade com atitudes defensivas e tendência de
esconder-se, livrar-se dos outros. Ainda mais, a tentação de mudar de lugar.
Esta é a primeira fuga que ataca os agentes de pastoral. Buscam a privacidade
confortável, o fechamento em si que é um “veneno amargo”, afastando-se assim do
povo e da comunidade.
5. O mundanismo espiritual. Esta tentação é perversa. O agente pastoral usa Deus,
a Igreja, os cargos, para autopromoção, exibição, interesses pessoais, desejo
de glória. Sente-se superior aos outros, apega-se às seguranças doutrinais e
disciplinares, controla os demais, forma um “grupo de elite” que analisa,
classifica e controla os outros. Uns manifestam mundanidade espiritual nas
liturgias ritualistas e exibicionistas, outros na complacência de conquistas
sociais, caritativas, políticas. Em ambos há sentimentos de vaidade e
superioridade. Fazem leis para os outros, olham de cima para baixo e prescrevem
o que os outros devem fazer, mas, eles não se envolvem na prática e ação
pastoral.
6. As guerras entre nós. Entre os agentes de pastoral há: brigas, ciúmes, invejas,
espírito de contenda e divisões por causa da espiritualidade, da mentalidade, da
visão pastoral. Dói muito, diz o Papa Francisco, perceber que até nas
comunidades de vida consagrada, há carreirismo, calúnia, difamação, vingança,
perseguição, imposição das próprias ideias.
7. Omissão diante dos desafios eclesiais. Os desafios eclesiais apontados pelo
Papa são: os leigos na Igreja e no mundo, a questão da mulher, o protagonismo
dos jovens, a escassez de vocações, o enfraquecimento da vida consagrada e a
exclusão e descuido com os idosos. Senhor livrai-nos do mal e não nos deixeis cair
em tentação.
Dom Orlando
Brandes - Arcebispo de Metropolitano de Londrina
Fonte: arqlondrina.com.br Ilustração: franciscanos-rs.org.br
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