"Não se trata de bombardear a rede com mensagens
religiosas,
mas testemunhar a coerência da fé"
Cidade do
Vaticano (RV) – “Não se trata de bombardear a rede com mensagens
religiosas, mas de dar testemunho daquilo que cada um de nós é, da forma de
conciliar a própria fé com os problemas, os aspectos, as tensões da existência
cotidiana”. É este o papel dos cristãos no imenso espaço digital. É o que
defende o Presidente do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais, Arcebispo
Claudio Maria Celli, falando ao L’Osservatore Romano sobre a vídeo-conferência
dessa sexta-feira, 25, em Aparecida, no IV Encontro Nacional da Pastoral da
Comunicação. Eis a entrevista:
OR: Os
organizadores do encontro lhe indicaram um tema muito amplo. De que premissas
partiu sua exposição?
Jovens mostram ao Papa mensagem no celular |
OR: Também o
tema geral escolhido pelos agentes da pastoral de comunicação do Brasil
constitui um programa empenhativo...
Dom Celli: “Exato:
fala de desafios e de oportunidades na era digital, portanto, trata-se de
amadurecer a consciência dos avanços no campo da comunicação graças às novas
tecnologias e de redescobrir como estas criam um ambiente de vida onde vivem
milhares de pessoas. De modo que a Igreja, que tem a missão de evangelizar,
deve interrogar-se sobre como ela pode e deve hoje, anunciar a mensagem de
Jesus Cristo neste contexto social que é a rede”.
OR: Na mensagem
do Dia Mundial das Comunicações deste ano, o Papa Francisco convida a colocar a
mídia a serviço de uma autêntica cultura do encontro. Como se pode chegar a
este objetivo?
Dom Celli: “O
Pontífice nos pediu para que a comunicação se torne próxima ao homem e à mulher
de hoje, acrescentando que é necessário criar uma cultura do encontro. Para
isto é preciso que nos interroguemos sobre como nos servimos das oportunidades
que as novas tecnologias nos oferecem para ir a este encontro.. Me vem em mente
as palavras do Papa na abertura da Convenção eclesial da Diocese de Roma,
quando sublinhava que “o grande desafio da Igreja hoje é tornar-se mãe”.
OR: O que
significa isto concretamente?
Dom Celli: “O
Bispo de Roma manifesta o sonho de uma Igreja capaz de mostrar ao mundo a sua
face materna. Assim, quer uma Igreja que mostra e que vive a acolhida e a
partilha, fazendo-se próxima às pessoas nos vários caminhos da vida. E isto
assume uma relevância especial em um país com tantas contradições como o
Brasil”.
OR: Quem são os
relatores deste Congresso?
Dom Celli: “Gostaria
de recordar dois nomes em particular: o Padre Antonio Spadaro, Diretor da
‘Civiltà Cattolica’, que em vários pronunciamentos aborda temas como a
cyberteologia e a espiritualidade da web; e o de Letícia Soberon, do Comitê da
Rede Informática da Igreja da América Latina (RIAL), que fala de discípulos
missionários na época da cultura digital”.
OR: “Discípulo
missionário”, um tema já aprofundado durante a V Conferência Geral do Epicopado
Latino-americano e do Caribe, realizado em Aparecida, em 2007. Como isto se
concretiza no campo da mídia de massa?
Dom Celli: “No
nosso caso, a pergunta a ser colocada é como os discípulos do Senhor tornam-se
missionários na rede social. E a tal propósito, deve ser esclarecido que aqui
não está em jogo uma ação de proselitismo. Como disse Bento XVI e repetiu o
Papa Francisco, não se trata de bombardear a rede com mensagens religiosas, mas
de dar testemunhos. E este raciocínio, em vista do próximo Sínodo dos Bispos,
pode ser estendido também para a temática familiar. Para que nos momentos
difíceis, mas também naqueles positivos, nós possamos ser testemunhos na rede
dos valores cristãos, para que a família continue a ser sempre mais a
verdadeira célula da sociedade”. (JE)
Fonte: radiovaticana.va
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