Papa Francisco:
"A paciência do Evangelho não é indiferença ao mal"
Cidade do
Vaticano (RV) - Na alocução que precede a oração mariana do Angelus
conduzida pelo Papa Francisco, neste domingo, 20 de julho, o pontífice destacou
a parábola da boa semente e da cizânia, proposta na liturgia deste domingo, que
enfrenta o problema do mal no mundo e ressalta a paciência de Deus.
A cena se
realiza num campo em que o patrão semeia o grão, mas numa noite chega o inimigo
e semeia a cizânia, termo que em hebraico vem da mesma raiz do nome
"satanás" e remete ao conceito de divisão.
"Sabemos
que o demônio é um espalhador de cizânia: sempre em busca de dividir as
pessoas, as famílias, as Nações e os povos", frisou Francisco. Os
trabalhadores queriam logo arrancar o erva daninha, mas o patrão os impediu com
a seguinte motivação: 'Não. Pode acontecer que, arrancando o joio, vocês
arranquem também o trigo'. "Sabemos que a cizânia, quando cresce, se
parece muito com a boa semente e existe o perigo de confundi-las", disse
ainda o pontífice.
Cresçamos na paciência, na esperança e na misericórdia |
"O
ensinamento da parábola é dúplice. Primeiramente, diz que o mal existente no
mundo não vem de Deus, mas de seu inimigo, o maligno. Ele vai à noite semear a
cizânia, na escuridão, na confusão, onde não há luz. Este inimigo é astuto:
semeou o mal em meio ao bem, tornando impossível aos homens separá-los
claramente; mas Deus, pode fazê-lo", sublinhou o Papa.
A seguir, o
Santo Padre chamou a atenção para "a contraposição entre a impaciência dos
servos e a espera paciente do proprietário do campo, que representa Deus".
"Nós, às
vezes, temos muita pressa em julgar, classificar, colocar os bons de um lado e
os maus do outro. Lembrem-se da oração do homem soberbo: Deus, eu te agradeço
porque sou bom e não sou como aquele que é mal. Deus, ao invés, sabe esperar.
Ele olha no campo da vida de cada pessoa com paciência e misericórdia. Vê muito
melhor do que nós a sujeira e o mal, mas vê também os germes do bem e espera
com confiança que amadureçam. Deus é paciente, sabe esperar. O nosso Deus é um
pai paciente que sempre nos espera e nos espera para nos acolher e nos
perdoar."
Segundo Francisco,
"o comportamento do patrão é o da esperança fundada na certeza de que o
mal não tem a primeira e nem a última palavra. E tem mais", disse o
pontífice, acrescentando:
"Graças a
esta esperança paciente de Deus a mesma cizânia, ou seja, o coração mal, com
muitos pecados, pode se tornar boa semente. Atenção: a paciência do Evangelho
não é indiferença ao mal; não se pode fazer confusão entre bem e mal. Diante da
cizânia presente no mundo o discípulo do Senhor é chamado a imitar a paciência
de Deus, alimentar a esperança com o apoio e a confiança inabalável na vitória
final do bem, que é Deus."
No final, o mal
será arrancado e eliminado: no tempo da colheita, ou seja, do juízo, os
trabalhadores irão exercer a ordem do patrão separando a cizânia para queimá-la.
"Naquele
dia da colheita final o grande juiz será Jesus, Aquele que semeou a boa semente
no mundo e que se tornou Ele mesmo 'grão de trigo', que morreu e ressuscitou.
No final, seremos julgados com a mesma medida com a qual julgamos: a misericórdia
que usamos para com os outros será usada também conosco. Peçamos a Maria, nossa
Mãe, para nos ajudar a crescer na paciência, na esperança e na misericórdia com
todos os irmãos", concluiu o Papa Francisco. (MJ)
"A violência se vence com a paz"
Após a oração mariana do Angelus deste domingo, o Papa Francisco fez o seguinte apelo:
Busquemos incessantemente a paz |
"Recebi com
preocupação as notícias que chegam das comunidades cristãs de Mossul, no
Iraque, e outras partes do Oriente Médio, onde elas, desde o início do
Cristianismo, viveram com seus cidadãos oferecendo uma contribuição
significativa para o bem da sociedade. Hoje são perseguidas. Os nossos irmãos
são perseguidos, são expulsos, devem deixar suas casas sem ter a possibilidade
de levar nada consigo. Asseguro a estas famílias e a estas pessoas a minha
proximidade e oração constante. Queridos irmãos e irmãs tão perseguidos, eu sei
o quanto vocês sofrem. Eu sei que vocês são despojados de tudo. Estou com vocês
na fé Naquele que venceu o mal."
O pontífice
pediu aos fiéis reunidos na Praça São Pedro e aos que acompanhavam o Angelus de
suas casas para fazerem um momento de oração silenciosa pelos cristãos
perseguidos e a perseverarem na oração pelas situações de tensão e conflito que
persistem em várias partes do mundo, especialmente no Oriente Médio e na
Ucrânia.
"Que o Deus
da paz desperte o desejo autêntico de diálogo e reconciliação. A violência não
pode ser vencida com a violência. A violência se vence com a paz", disse o
pontífice, que pediu aos fiéis para rezarem também por ele. (MJ)
Fonte: radiovaticana.va news.va
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