Três condições
para amar
O Apóstolo Paulo
ensina que para amar é preciso que o coração seja puro, a consciência correta e
a fé sem hipocrisia (Cf. I Tm 1, 5). Eis as três condições para amar.
Primeiro um
coração puro. Entendemos que coração puro significa transparência, honestidade,
coerência. Pureza de coração não se refere só à sexualidade e afetividade, mas,
à opção pela verdade, pelo bem, pela justiça. Ser puro é ser integro correto,
sincero.
Não é possível
amar, tendo um coração cheio de má intenção, devassidão, repina, adultério,
cobiça, fraude, inveja, orgulho, etc. (Cf. Mc 7, 21-22). Jesus pede que
limpemos o interior, que abandonemos o coração de pedra, pois, nós vemos as
aparências, mas Deus vê o coração. Portanto, coração puro é vencer toda
duplicidade, fingimento, aparência, máscara, inautenticidade.
Tem coração puro
quem sabe perdoar mágoas e ressentimentos, rancor e ódio; quem reconhece seus
pecados, feridas, limites e por isso é humilde, compassivo, indulgente. O
coração puro sabe que não se deve julgar, condenar, excluir.
Coração puro, consciência reta, fé sem hipocrisia |
Segundo uma
consciência reta. A segunda condição para amar é ter consciência reta. Da
retidão de consciência vem o agir correto. Reta intenção e reto agir são frutos
da consciência reta. Retidão de consciência é compromisso com a verdade e o
bem. Nem toda a consciência é reta e bem formada. Há consciência errônea, laxa,
rígida, escrupulosa. Portanto a retidão de consciência se consegue pela
educação e pela fé. As quatro virtudes cardeais, ou seja, a prudência, a
temperança, a fortaleza e a justiça muito contribuem para a retidão da
consciência, que significa reta intenção, autenticidade pessoal, certeza
interior de estar fazendo o bem, vontade reta. Por ser voz de Deus, a
consciência chama-nos a fazer o bem e evitar o mal. Quem segue Jesus consegue
ter consciência reta.
Terceiro uma fé
sem hipocrisia. O Papa Francisco fala frequentemente da “mundanidade
espiritual” que é exatamente a hipocrisia. Usar a religião para auto-promoção,
auto-exaltação, interesses egoísticos, segundas intenções, é mundanidade
espiritual, é má intenção, é astúcia. Tudo o que se faz a partir da fé é para
gloria de Deus, a salvação do mundo e o bem das pessoas. Fé que se manifesta no
amor, nas boas obras, no testemunho de vida, no compromisso com a verdade. Fé
sem hipocrisia.
Sempre que
buscamos a nós mesmos nos cargos, nas pastorais, nas liturgias, na liderança e
no trabalho pastoral somos ladrões e salteadores da glória de Deus. Na verdade,
nos comportemos idólatras cujo ídolo é o nosso próprio eu. Paulo Apóstolo nos
mostra três condições para amar: coração puro, consciência reta, fé sem
hipocrisia, isto é, coerência, transparência, retidão, honestidade.
Dom Orlando
Brandes - Arcebispo de Londrina (PR)
Fonte: arqlondrina.com.br Ilustração: drnf.wordpress.com
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