XXIX Domingo do Tempo Comum
A primeira leitura nos fala de como um rei estrangeiro,
não pertencente ao povo judeu, recebe de Deus a missão de salvá-lo.
Ciro, o rei
persa, sente-se imbuído de justiça e realiza a missão messiânica de libertar os
judeus. Isso, à luz do Evangelho que veremos em seguida, significou dar a Deus
o que é de Deus, ou seja, a seu Povo. Os judeus, sendo libertados, poderão
voltar para casa, para o Templo e, com mais facilidade prestarão culto a Javé.
Deus é o Senhor
da História, por isso pode tocar no coração de quem não O conhece, para que
exerça a missão confiada por Ele, na História da Salvação.
No Evangelho, os
judeus para apanharem Jesus em algum erro desastroso, preparam-lhe uma
armadilha. Seja qual for a resposta do Senhor, ele se dará mal. Mas Jesus,
conhecendo os corações das pessoas, intuiu a malícia e devolveu a pergunta com
outra, altamente inteligente, que eles responderão caindo na própria armadilha,
e só o perceberão depois.
Para os judeus,
por causa da proibição de fazer imagem de qualquer criatura, a moeda com o
retrato do imperador era uma transgressão, no entanto, certamente por causa das
necessidades econômicas, se esqueciam disso e a utilizavam normalmente.
Jesus lhes
pergunta de quem é a efígie, ou seja, quem está retratado na moeda.
Ingenuamente colocam a mão no bolso, tiram uma moeda e dizem que o retrato é de
César, do imperador. Ora, só o fato de trazerem consigo um objeto, no caso a
moeda, com o retrato de alguém, demonstra a conivência deles em relação ao não
cumprimento do preceito de não fazer imagens ou outros objetos que retratem
criaturas. Jesus nada fala a esse respeito, pois o constrangimento é geral.
O Senhor apenas
manda devolverem a César, aquilo que possui seu retrato, aquilo que não é dos
judeus, que não é do Povo de Deus, mas dos romanos opressores. Rejeitar todo
poder que gera escravização, dominação.
O ser humano foi
feito para ser livre e servir apenas ao Senhor. Dominação e morte não são
cristãs. Deus é vida! Deus rejeita César quando o imperador impede ao homem uma
vida digna a que tem direito por te sido criado à imagem de Cristo.
Jesus não
proibiu o pagamento de impostos, não é isso que ele quis dizer. Jesus coloca o
pingo no “i” ao rejeitar a opressão e mandar restituir a Deus o que é de Deus e
a César o que é de César.
Como em Ciro,
Deus pode suscitar em pessoas não cristãs e nem conhecedoras do Deus único e
verdadeiro, atitudes justas e perfeitas. Ele é o Senhor de todos e da História.
Dar a César
significa devolver ao poder temporal o que ele necessita para exercer
dignamente o seu papel, seguindo a lei humana de fazer o bem seguindo os
ditames da consciência sadia e denunciá-lo quando estiver absolutizando seu
poder.
Dar a Deus
significa restituir ao Criador e Redentor todo seu senhorio sobre os corações e
sobre toda a vida humana.
Poderíamos nos
perguntar, como se estivéssemos fazendo um exame de consciência:
Sou um cidadão
em que o Brasil pode confiar? Partilho o que tenho e o que sou para o
crescimento da nação e para a vivência da fraternidade?
Porto-me como
filho de Deus e luto para instaurar neste mundo o Reino de Justiça, Amor e Paz
que Jesus veio trazer?
Tenho consciência
de que meu amor pelo Brasil estará plenificado à medida que procuro ser um
cidadão praticante dos valores cristãos
Ciro fez o papel
que depois seria vivenciado por César, o papel de líder internacional e sem
consciência da ação do Transcendente agiu como um messias.
Pertencemos a
Deus, nossa vida é d’Ele. Que Ele tenha o senhorio de nosso coração e a
precedência em tudo aquilo que fizermos. Que nosso pensar, nosso agir sejam
reflexos do amor de Deus em nossos corações. Ele nos criou por amor e por amor
nos redimiu. Somos de Deus. (CAS)
Fonte: radiovaticana.va Ilustração: tbcparoquia.blogspot.com.br
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