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Editorial da Rádio Vaticano:
Homem de uma grande féEditorial da Rádio Vaticano:
A Igreja está em
festa. Neste domingo, será elevado às honras dos altares o Servo de Deus,
Giovanni Battista Enrico Antonio Maria Montini, o Papa Paulo VI. Um homem tão
amado e ao mesmo tempo não tão reconhecido e valorizado. Sim porque o destino
da Igreja, do corpo místico de Cristo, foi guiado por esse Santo homem durante
15 anos. Período em que se realizou e se implementou o Concílio Vaticano II. De
fato, ele sucedeu João XXIII, hoje São João XXIII que inaugurou os trabalhos do
Concílio. Paulo VI os concluiu.
Pastor zeloso do Rebanho de Cristo |
A sua
beatificação se realiza precisamente no encerramento da III Assembleia
Extraordinária do Sínodo dos Bispos, dedicada aos desafios que a família
enfrenta nos dias de hoje. Pensando na beatificação de Paulo VI, não podemos
deixar de recordar o Concílio e aquele momento vivido pela Igreja. Montini
guiou a Igreja em época de transição entre o durante e o pós-Vaticano II.
Naquele período, a Igreja viveu uma profunda transformação com a revisão da
liturgia eucarística, com as mudanças no que diz respeito ao sacerdócio, com a
abertura a temas da modernidade em um mundo que registrava constantes mudanças
de valores.
Sim, os temas
quentes da época diziam respeito a índices crescentes de divórcio, de uniões de
fato, à liberdade sexual, à legalização do aborto, às técnicas
anticoncepcionais. Temas esses que também hoje os padres sinodais enfrentaram
nos últimos dias durante a Assembleia sinodal.
Quis a Igreja no meio do povo |
Montini escolheu
o nome Paulo para indicar que tinha uma renovada missão universal de propagar a
mensagem de Cristo. Após ter concluído os trabalhos do Concílio, Paulo VI
assumiu a interpretação e implementação de seus mandatos, frequentemente
andando sobre uma linha entre as expectativas conflitantes de vários grupos da
própria Igreja. A magnitude e a profundidade das reformas, que afetaram todas
as áreas da vida da Igreja durante o seu pontificado, são hoje bem conhecidas.
Homem culto, de
fina inteligência, foi um Papa sensível às exigências do seu tempo e se
esforçou para interpretar os sinais dos tempos. Escreveu sete encíclicas, 12
exortações apostólicas e inúmeras cartas e constituições apostólicas. A ele se
devem três dos documentos que ainda hoje são referência para a doutrina e ação
da Igreja: a Populorum Progressio, sobre a justiça social no mundo; a Evangelii
Nuntiandi, sobre as condições para a evangelização; e a Humanae Vitae,
sobre a dignidade da vida humana, muitas vezes reduzida a uma mera proibição de
métodos contraceptivos.
Quando olhamos
para este grande homem da Igreja, nos é difícil sintetizar o legado que ele
deixou com seus escritos, discursos e ações. O seu “testamento espiritual” foi
lido por mais de uma vez por João Paulo II nos "exercícios
espirituais" que fazia, e deles tirou ideias, propósitos e pontos de
reflexão para a sua vida e pontificado.
Coração aberto abraça toda a humanidade |
Paulo VI foi
também um devoto mariano; visitou santuários marianos e três de suas encíclicas
são marianas. Montini procurou o diálogo com o mundo, com outros cristãos,
religiosos e não, sem excluir ninguém. Viu-se como um humilde servo de uma
humanidade sofredora e pediu mudanças significativas dos ricos nos países
desenvolvidos, quer no continente americano quer na Europa, em favor dos pobres
do então chamado Terceiro Mundo.
Ele não parou,
não foi um homem que se acomodou, sempre quis mais, sempre quis ser o peregrino
da mensagem de Cristo. Paulo VI foi o primeiro Papa a visitar os cinco
continentes. Em 1970 sobreviveu a uma tentativa de assassinato nas Filipinas.
O Papa Francisco
promulgou, no dia 6 de maio deste ano, o decreto que reconhece o milagre
atribuído à sua intercessão. O milagre está relacionado à cura de uma criança,
ocorrida em 2001 nos Estados Unidos. A mãe do bebê, durante a gravidez,
descobriu um grave problema cerebral. Os médicos lhe aconselharam o aborto,
fato rejeitado pela mãe que optou em continuar a gravidez e pediu a intercessão
de Paulo VI. A criança nasceu sem problemas e os médicos consideraram seu
nascimento “um feito verdadeiramente extraordinário e sobrenatural”.
Paulo VI cumpriu
a tarefa de levar à Igreja e ao mundo as novidades que o Concílio Vaticano II
tinha introduzido. Conduziu a Igreja nos tempos difíceis do pós-Concílio, nos
quais a sua serenidade foi capaz de levar a porto seguro a nave de Cristo em
uma das épocas mais complicadas da história da Igreja Católica. Um homem de fé
que confirmou os irmãos e defendeu o princípio do fidei depositum, uma vez
que lhe foi confiado. Faleceu em 6 de agosto de 1978, em Castel Gandolfo, na
Festa da Transfiguração. (Silvonei José)
Fonte: radiovaticana.va news.va
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