quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Principais temas da Entrevista Coletiva da Presidência da CNBB:

Sínodo, Assembleia dos Bispos e nota sobre povos indígenas

“Viver o acolhimento em nossas comunidades, respeitando cada filho e filha de Deus; ajudando das famílias e superarem os desafios deste tempo”, disse o arcebispo de Aparecida (SP) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Raymundo Damasceno Assis, durante entrevista coletiva à imprensa nesta quinta-feira, 23, na sede da Conferência, em Brasília (DF). Também atenderam os jornalistas o arcebispo de São Luís (MA) e vice-presidente, dom José Belisário da Silva, e do bispo auxiliar de Brasília e secretário geral, dom Leonardo Steiner.
Dom Leonardo, Dom Damasceno e Dom José Belisário
A fala de dom Damasceno referia-se aos resultados da 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Família, realizado de 5 a 19 de outubro, no Vaticano. O evento discutiu o tema "Os desafios da família no contexto da evangelização". O Brasil esteve representado na Assembleia Sinodal por cardeais e bispos, além de um casal brasileiro, membros da Equipe de Nossa Senhora.
O cardeal Damasceno foi um dos três presidentes delegados da 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo. Ele explicou que, pela primeira vez, o Sínodo está sendo realizado em duas etapas, por decisão do papa Francisco, o que facilita no amadurecimento dos temas de trabalhos. Em outubro de 2015, acontecerá a 14ª Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos, com o tema “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”.
“O resultado deste Sínodo, ou seja, a síntese, aprovada pelos padres sinodais como primeiro texto, será enviado às Conferências Episcopais e dioceses para ser trabalhado e refletido. A partir desse primeiro estudo, as contribuições serão devolvidas à Secretaria Geral do Sínodo para a elaboração de um novo instrumento de trabalho para o Sínodo de 2015. E então, ao final do Sínodo, teremos a Exortação Apostólica pós-sinodal”, explicou dom Damasceno.
De acordo com o cardeal, a CNBB, assim como outras Conferências, poderá eleger quatro padres sinodais e também dois suplentes para o Sínodo do próximo ano.
Visita ao papa Francisco
Dom Damasceno recordou aos jornalistas, que antes do Sínodo, a Presidência da CNBB realizou uma visita ao papa Francisco, no final do mês de setembro. Segundo o arcebispo de Aparecida, o encontro foi um momento fraterno e agradável. Na oportunidade, a Presidência entregou ao papa Francisco os últimos documentos produzidos pelos bispos do Brasil. “Nós voltamos desse encontro muito encorajados e animados, muito fortalecidos por essa comunhão com o papa”, disse o cardeal.
Assembleia Geral
O cardeal falou, ainda, na entrevista coletiva, sobre os preparativos para a 53ª Assembleia Geral da CNBB, que será realizada de 14 a 25 de abril, em Aparecida (SP). O Conselho Permanente da CNBB, reunido em Brasília, de 21 a 23 de outubro, avaliou os trabalhos da última Assembleia e definiu a programação da próxima edição do evento.
A Assembleia Geral de 2015 será eletiva, ou seja, haverá a escolha da nova Presidência da entidade para o próximo quadriênio (2015-2019). Haverá também a revisão das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE). Sobre as Diretrizes, dom Damasceno explicou que não haverá um novo texto, mas a atualização das atuais ações pastorais.
“As Diretrizes Gerais serão atualizadas, com base no discurso do papa aos bispos do Rio de Janeiro e aos Bispos do Celam, durante visita ao Brasil. Também buscaremos inspiração na Exortação do papa, “Alegria do Evangelho”.
Pelos direitos indígenas
O vice-presidente, dom José Belisário da Silva, apresentou a nota aprovada pela Conselho Permanente sobre “Os direitos dos povos indígenas”. No texto, os bispos manifestam preocupação com a decisão da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal, que anula o reconhecimento da Terra Indígena Guyraroká, do Povo Guarani-Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, como de ocupação tradicional indígena, e a Portaria  que declara a Terra Indígena Porquinhos, no Maranhão, como de posse permanente do grupo indígena Canela-Apãniekra.
Que não haja retrocesso quanto aos direitos indígenas
Para o secretário geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, as decisões são indícios de retrocesso que podem ameaçar os direitos já conquistados pelos povos indígenas. “Temos a impressão de que vamos para um retrocesso já quanto às terras demarcadas”, afirmou.
Segundo a nota da CNBB, “concluir o processo de demarcação das terras indígenas é saldar uma dívida histórica com os primeiros habitantes do país e decretar a paz onde há graves conflitos que vitimam inúmeras pessoas”.
Para dom José Belisário, a questão vai além da demarcação das terras indígenas. É preciso que a sociedade se livre de uma visão preconceituosa sobre os índios. “Na nossa sociedade, a opinião pública vê o indígena de maneira negativa. Nós temos de mudar a nossa visão e a de nosso povo sobre a comunidade e os povos indígenas”, acrescenta.
Dom Leonardo ressalta que a Conferência estará atenta aos direitos dos povos indígenas. “Vamos procurar os membros do Supremo para entregar a nota, pois acreditamos que os pequenos merecem nosso cuidado”, concluiu.

CNBB manifesta preocupação com direitos indígenas

A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou hoje, dia 23, nota manifestando a preocupação da entidade em relação aos direitos dos povos indígenas, após decisões da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de anular os efeitos de portarias do Ministério da Justiça que reconheciam territórios ocupados por povos indígenas no Maranhão e no Mato Grosso do Sul. O texto foi aprovado pelo Conselho Permanente da Conferência, que esteve reunido em Brasília, de 21 a 23 de outubro. "A CNBB espera que não haja retrocesso na conquista dos diretos indígenas, especialmente quanto à demarcação de seus territórios", afirma a nota.
Leia o texto na íntegra:
Os direitos dos povos indígenas
Nota da CNBB

O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunido em Brasília nos dias 21 a 23 de outubro de 2014, manifesta sua preocupação com a decisão da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal-STF que anulou os efeitos da Portaria Declaratória nº 3.219/2009, do Ministério da Justiça, que reconhece a Terra Indígena Guyraroká, do Povo Guarani-Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, como de ocupação tradicional indígena.
Lamenta, igualmente, a anulação, pela mesma 2ª Turma do STF, da Portaria 3.508/2009 que declara a Terra Indígena Porquinhos, no Maranhão, como de posse permanente do grupo indígena Canela-Apãniekra.
A garantia dos territórios aos povos indígenas é um direito conquistado e consignado na Constituição Federal, com árdua luta de muitas pessoas da sociedade brasileira. Infelizmente, interesses econômicos têm impedido a demarcação das terras indígenas, que é a concretização do direito constitucional. Por isso, grande parte dos povos indígenas do Brasil continua vivendo exilada de suas terras devido ao esbulho e à violência histórica cometida contra suas comunidades.
Questionar as demarcações das terras indígenas no poder judiciário tem sido uma estratégia utilizada com vistas a retardar ou paralisar as ações que visam a garantia de acesso dos povos originários aos seus territórios tradicionais. Enquanto aguardam a demarcação de suas terras, várias comunidades indígenas ficam acampadas à beira de rodovias ou nas poucas áreas de mata nos fundos de propriedades rurais, sem direito à saúde, à educação, a água potável, sofrendo ações violentas.
A CNBB espera que não haja retrocesso na conquista dos direitos indígenas, especialmente quanto à demarcação de seus territórios. Concluir o processo de demarcação das terras indígenas é saldar uma dívida histórica com os primeiros habitantes de nosso país e decretar a paz onde há graves conflitos que vitimam inúmeras pessoas.
Que Deus nos dê forças para garantir os direitos dos povos indígenas e de todos os brasileiros, superando toda atitude de abandono e descarte das populações originárias. Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, nos ajude a construir a paz que nasce da justiça e do amor.
Brasília, 23 de outubro de 2014
Cardeal Raymundo Damasceno Assis - Arcebispo de Aparecida - Presidente da CNBB
Dom José Belisário da Silva - Arcebispo de São Luís - Vice-presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner - Bispo Auxiliar de Brasília - Secretário Geral da CNBB
                                                                                                Fonte: cnbb.org.br
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