Apresentado Relatório sobre os debates
Cidade do
Vaticano (RV) – Na manhã de segunda-feira, 13, o Cardeal Relator-geral do
Sínodo, Peter Erdo, apresentou aos padres sinodais o ‘Relatório
pós-congregações”. O documento reúne as principais reflexões debatidas no
Vaticano durante a primeira semana e servirá como base para os documentos
finais do Sínodo.
O Relatório tem
três linhas-mestres: ouvir o contexto cultural em que vivem as famílias hoje;
confrontar-se sobre as perspectivas pastorais a serem empreendidas e
principalmente, olhar a Cristo e ao seu Evangelho da família. Propõe “escolhas
pastorais corajosas” em relação a divorciados recasados e casais conviventes.
Sobre as uniões homossexuais – embora destacando que “não podem ser equiparadas
ao matrimônio entre homem e mulher” e “sem negar as problemáticas morais”, o documento
admite que “existem casos em que o mútuo apoio constitui um sustento precioso
para a vida dos parceiros”.
"Encontrar caminhos de verdade e misericórdia para todos" |
“A fórmula
pastoral ‘misericórdia aliada à doutrina’ não significa decisões nem
perspectivas fáceis”, frisou o Cardeal Erdo, abrindo o debate que prosseguirá
nos círculos menores até domingo e depois, em cada diocese até o próximo
Sínodo, de 4 a 25 de outubro de 2015.
O arcebispo
húngaro destacou que o objetivo continua a ser “encontrar caminhos de verdade e
misericórdia para todos”, segundo uma abordagem que permita apreciar mais “os
valores positivos do que os limites e carências”. O Relatório afirma que “é
preciso acolher as pessoas com suas existências concretas, saber ajudar na
busca, encorajar os desejos de Deus e a vontade de se sentir plenamente parte
da Igreja inclusive de quem sofreu um fracasso ou se encontra em situações
disparatadas”.
Concretamente,
os padres sinodais convidam a “acolher a realidade positiva dos matrimônios
civis e, diferenças à parte, das convivências”, para acompanhar os casais na
redescoberta do sacramento nupcial. “Mas o anúncio – ressalva o texto – não
pode ser meramente teórico e avulso dos problemas reais das pessoas”. Em alguns
casos, por exemplo, convive-se porque “se casar é um luxo”. Neste sentido, os padres
sinodais pedem uma denúncia por parte da Igreja contra “o excessivo espaço dado
à lógica de mercado”, que impede “uma autêntica vida familiar, determinando
discriminações, pobreza, exclusões e violência”.
O Relatório
aponta ainda a necessidade de “tornar mais acessíveis e ágeis os procedimentos
de reconhecimento da nulidade matrimonial”, de incrementar a responsabilidade
dos bispos locais e instituir a figura de um sacerdote que, adequadamente
preparado, possa oferecer ‘conselhos’.
O documento formaliza
também a hipótese de acesso à comunhão aos recasados, “desde que precedido por
um caminho penitencial sob a responsabilidade do bispo diocesano, e com um
claro compromisso em favor dos filhos”. “Esta possibilidade não pode ser
generalizada, mas fruto de um discernimento atuado caso por caso”. “Se é
possível a comunhão espiritual, por que não poder acessar à sacramental?” –
questiona o Relatório.
Sobre a
contracepção, afirma que “é preciso uma linguagem mais realista”: o Sínodo
deixa espaço somente aos métodos ‘naturais’ e convida a redescobrir a mensagem
da encíclica Humanae Vitae de Paulo VI, que sublinha a necessidade de respeitar
a dignidade da pessoa na avaliação moral dos métodos de regular a natalidade”.
Um capítulo é
dedicado à questão da homossexualidade que, como se lê no documento, convida a
Igreja a um “importante desafio educativo”. O Sínodo considera “não-aceitável”
que “organismos internacionais condicionem ajudas financeiras à aceitação de
normas inspiradas na ideologia do ‘gender’”. Por sua vez, convida os católicos
a se questionar se são capazes de acolher estas pessoas, garantindo-lhes
espaços de fraternidade em suas comunidades.
Enfim, o Cardeal
Erdö ressalta que o diálogo sinodal se realizou “em grande liberdade e com um
estilo de escuta recíproco” e lembra que as reflexões propostas até agora não
são decisões já tomadas: “o caminho prosseguirá com o Sínodo de 2015”. (CM)
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Papa
nomeia 6 novos redatores para o Documento Final
O Papa Francisco nomeou seis novos padres sinodais para se
unir à equipe que escreverá o documento final do Sínodo ‘Desafios Pastorais da
Família’, que se encerra no próximo domingo, 19.
Entre eles estão
o arcebispo argentino Dom Víctor Manuel Fernández, reitor da Universidade
Católica Argentina e teólogo muito próximo de Francisco, e o chamado ‘papa
negro’, ou seja, o superior da Ordem dos Jesuítas, o espanhol Pe. Adolfo
Nicolás.
Nos últimos 49
anos, em quase todos os Sínodos, o documento final era realizado por um
relator, um secretário especial e um secretário geral. Neste caso, a previsão
era que o informe final fosse redigido pelo cardeal húngaro Peter Erdo
(relator), o teólogo e bispo italiano Bruno Forte (Secretário especial) e o
cardeal italiano Lorenzo Baldisseri (Secretário geral).
Colegialidade e Sinodalidade pela Família |
Além de Dom
Fernández, que teve papel significativo quando o então Cardeal Jorge Bergoglio
foi o responsável pelo documento do episcopado latino-americano em Aparecida,
em 2007, e o padre geral dos jesuítas, Nicolás, os outros bispos nomeados pelo
Papa são:
O cardeal
italiano Gianfranco Ravasi, biblista, Presidente do Pontifício Conselho para a
Cultura; o cardeal estadunidense Donald Wuerl, arcebispo de Washington DC; o
arcebispo mexicano Carlos Aguiar Retes, Presidente do Celam (Conselho Episcopal
Latino-americano) e Peter Kanh U-Il, Presidente dos bispos coreanos.
Depois da
primeira semana, marcada por um clima de liberdade e franqueza, na qual os 191
padres sinodais atenderam ao Papa e falaram sem temores de diversos temas
complexos (convivências, matrimônios homossexuais, divorciados recasados,
poligamia, etc.), nesta segunda-feira, 13, tem início uma nova etapa.
Os padres
sinodais se dividem em 10 grupos linguísticos (três em italiano, três em
inglês, dois em espanhol e dois em francês), denominados ‘círculos menores’. O
debate prossegue a partir da ‘Relatio post disceptationem’ (Relatório),
documento apresentado pelo cardeal húngaro Peter Erdo, arcebispo de Budapeste,
baseado nos debates da semana passada.
A partir de
quinta-feira, a equipe com os 9 padres sinodais nomeados deve redigir o
documento final. Depois de ser submetido à votação, será apresentado ao Papa e
enviado às Conferências Episcopais de todo o mundo para ser discutido não só
pelos bispos, mas também pelas dioceses que por sua vez, deverão elaborar um
informe que servirá para preparar o Instrumento de trabalho para o Sínodo
Ordinário sobre a Família, marcado para outubro de 2015. (CM)
Fonte: radiovaticana.va news.va
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