Dom Bruno Forte:
Olhar de amor e misericórdia
Cardeal Vingt-Trois:
Espaço de ação às igrejas particulares
Uma das
novidades deste Sínodo são os encontros diários com os jornalistas na Sala de
Imprensa da Santa Sé. No primeiro briefing estiveram presentes o Presidente
delegado deste Sínodo Cardeal Vingt-Trois, Arcebispo de Paris e o
Secretário-Especial deste Sínodo sobre a família Dom Bruno Forte, Arcebispo de
Chieti-Vasto em Itália. Dom Forte a propósito de uma pergunta sobre a eventual
necessidade de existirem mudanças doutrinais neste sínodo, considerou que a
doutrina não tem um valor abstrato em si mesma mas sim quando é anunciada a
pessoas concretas. É uma mensagem de salvação que tem no centro a caridade e a
misericórdia:
“’Almas a
salvar’ – é isto que quer dizer pastoral. Ou seja, não é que os aspetos
doutrinais sejam ignorados, mas que a doutrina não tem um valor abstrato em si
própria (…) mas a doutrina é uma mensagem de salvação. No centro da doutrina
está a caridade de Deus, está a misericórdia. Eu creio que este seja o ponto
verdadeiramente fundamental: dizer aquela que é a fé da Igreja – e certamente
sobre isto não é que a fé da Igreja muda – mas dizê-la olhando as pessoas
concretas reais, para que essa não seja sentida como uma vara que te julga, mas
como um olhar de amor e de misericórdia que te alcança.”
Sinodalidade a serviço da Família |
Muito realista e
direta foi também a resposta do Presidente delegado deste Sínodo o cardeal
Vingt-Trois, que afirmou ser a missão do sínodo bem diferente daquela
desenvolvida por um parlamento:
“Não estamos ali
para conquistar maiorias sobre posições apresentadas: estamos ali para
trabalhar com o fim de fazer crescer uma vontade comum na Igreja.
Evidentemente, visto que se trata de fazer resultar uma vontade comum, não de
decidir, praticamente, o que fará cada uma das dioceses do mundo – seria
completamente ilusório – a vontade comum será a de mobilizar-se sobre objetivos
o mais precisos e claros possíveis e que deixem todo o espaço de ação e de
colocar em prática nas Igrejas particulares.”
Dom Bruno Forte
quis referir-se ainda ao Papa Francisco como alguém que acredita muito na
sinodalidade, tendo começado por fazer um pequeno comentário sobre a história
recente dos Sínodos:
“O Sínodo
parecia, até um certo ponto, demasiado “engessado” e foi, creio, o próprio Papa
Bento que quis que se inserisse – para além das intervenções programadas – a
discussão livre, que não é simplesmente um adereço coreográfico, mas é
verdadeiramente um momento de discussão franca, aberta, se naturalmente quem
intervem tem a liberdade e aquela “parresia” de o fazer. Portanto, houve uma
maturação no caminho sinodal que certamente consente, hoje, um passo em frente
mais importante.”
“O Papa
Francisco crê fortemente no valor da sinodalidade, literalmente no caminhar
juntos e, portanto, já na sua intervenção desta manhã – como notaram – este
forte chamamento à liberdade, à “parresia”, ao fato de que cada um deve falar
verdadeiramente – verdadeiramente! – aquilo que lhe está no coração, aquilo que
sente urgente para a Igreja de hoje (…) a falar com liberdade, a ser bispos (…)
que levam o coração da gente, os seus problemas e as suas esperanças na procura
comum.”
No final da
conferência de imprensa o Padre Federico Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa
da Santa Sé, informou que no final da intervenção do Cardeal Erdo,
relator-geral do Sínodo, foram vários os prelados que intervieram apresentando
uma apreciação muito positiva da metodologia e temáticas específicas
apresentadas. O Sínodo da Família está agora a iniciar a sua primeira etapa que
terminará com o Sínodo Ordinário de outubro de 2015. (RS)
Fonte: radiovaticana.va news.va
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