terça-feira, 7 de outubro de 2014







Dom Bruno Forte: 
Olhar de amor e misericórdia
Cardeal Vingt-Trois: 
Espaço de ação às igrejas particulares

Uma das novidades deste Sínodo são os encontros diários com os jornalistas na Sala de Imprensa da Santa Sé. No primeiro briefing estiveram presentes o Presidente delegado deste Sínodo Cardeal Vingt-Trois, Arcebispo de Paris e o Secretário-Especial deste Sínodo sobre a família Dom Bruno Forte, Arcebispo de Chieti-Vasto em Itália. Dom Forte a propósito de uma pergunta sobre a eventual necessidade de existirem mudanças doutrinais neste sínodo, considerou que a doutrina não tem um valor abstrato em si mesma mas sim quando é anunciada a pessoas concretas. É uma mensagem de salvação que tem no centro a caridade e a misericórdia:
“’Almas a salvar’ – é isto que quer dizer pastoral. Ou seja, não é que os aspetos doutrinais sejam ignorados, mas que a doutrina não tem um valor abstrato em si própria (…) mas a doutrina é uma mensagem de salvação. No centro da doutrina está a caridade de Deus, está a misericórdia. Eu creio que este seja o ponto verdadeiramente fundamental: dizer aquela que é a fé da Igreja – e certamente sobre isto não é que a fé da Igreja muda – mas dizê-la olhando as pessoas concretas reais, para que essa não seja sentida como uma vara que te julga, mas como um olhar de amor e de misericórdia que te alcança.
Sinodalidade a serviço da Família
Muito realista e direta foi também a resposta do Presidente delegado deste Sínodo o cardeal Vingt-Trois, que afirmou ser a missão do sínodo bem diferente daquela desenvolvida por um parlamento:
Não estamos ali para conquistar maiorias sobre posições apresentadas: estamos ali para trabalhar com o fim de fazer crescer uma vontade comum na Igreja. Evidentemente, visto que se trata de fazer resultar uma vontade comum, não de decidir, praticamente, o que fará cada uma das dioceses do mundo – seria completamente ilusório – a vontade comum será a de mobilizar-se sobre objetivos o mais precisos e claros possíveis e que deixem todo o espaço de ação e de colocar em prática nas Igrejas particulares.”
Dom Bruno Forte quis referir-se ainda ao Papa Francisco como alguém que acredita muito na sinodalidade, tendo começado por fazer um pequeno comentário sobre a história recente dos Sínodos:
O Sínodo parecia, até um certo ponto, demasiado “engessado” e foi, creio, o próprio Papa Bento que quis que se inserisse – para além das intervenções programadas – a discussão livre, que não é simplesmente um adereço coreográfico, mas é verdadeiramente um momento de discussão franca, aberta, se naturalmente quem intervem tem a liberdade e aquela “parresia” de o fazer. Portanto, houve uma maturação no caminho sinodal que certamente consente, hoje, um passo em frente mais importante.
O Papa Francisco crê fortemente no valor da sinodalidade, literalmente no caminhar juntos e, portanto, já na sua intervenção desta manhã – como notaram – este forte chamamento à liberdade, à “parresia”, ao fato de que cada um deve falar verdadeiramente – verdadeiramente! – aquilo que lhe está no coração, aquilo que sente urgente para a Igreja de hoje (…) a falar com liberdade, a ser bispos (…) que levam o coração da gente, os seus problemas e as suas esperanças na procura comum.
No final da conferência de imprensa o Padre Federico Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, informou que no final da intervenção do Cardeal Erdo, relator-geral do Sínodo, foram vários os prelados que intervieram apresentando uma apreciação muito positiva da metodologia e temáticas específicas apresentadas. O Sínodo da Família está agora a iniciar a sua primeira etapa que terminará com o Sínodo Ordinário de outubro de 2015. (RS) 
                                                                             Fonte: radiovaticana.va      news.va
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