29º Domingo do Tempo Comum
O Evangelho deste domingo apresenta uma viúva importuna, insistente diante de um juiz injusto. A viúva é sinal de um total abandono: sem marido, está desprovida de cuidado e de um sustento digno. A viúva não tem méritos, prestígio ou dinheiro para negociar com o juiz. Resta-lhe a súplica. Ao utilizar a imagem da viúva, Jesus está revelando a gratuidade de Deus: não temos méritos diante do Senhor, ele nos escuta por bondade. Ensina que devemos nos apresentar diante do Senhor com o coração despojado, sem garantias, sem possibilidades de trocas com o Senhor. Deus faz justiça, principalmente aos humildes de coração, aos pobres e injustiçados.
Deus faz justiça, principalmente aos humildes de coração, aos pobres e injustiçados. |
É preciso
perseverar como Moisés e como a viúva da parábola do Evangelho. A falta de
perseverança na oração existe porque nem sempre esperamos com paciência.
Queremos que a nossa prece seja atendida hoje, agora. Por vezes, queremos que a
nossa prece seja atendida do nosso modo. Devemos confiar que Deus atende o
nosso pedido da melhor forma, não necessariamente do modo como queremos ou na
hora em que queremos. A fé leva-nos a perseverança, diante das demoras de Deus,
diante da cruz de cada dia. A fé é um arriscar-se em um mundo sem garantias
aparentes, sem pressas, sem clarezas... “Não desistais, pois, jamais de orar e
de esperar despojados e vazios de tudo, porque se o fizerem, Deus não tardará a
vir” (São João da Cruz).
Esperar no
Evangelho tem também um sentido escatológico. Deus, por vezes, demora a
realizar a sua justiça como uma oportunidade de conversão. Na Igreja primitiva,
questionava-se sobre a demora da vinda do Senhor, pois acreditavam que em
poucos anos, o Senhor voltaria para consumar o seu Reino. A demora da parusia,
do juízo final e da vinda do Reino, justifica-se na medida em que entendemos o
tempo em que vivemos como o tempo penúltimo, o tempo da conversão, da
preparação para a plenitude. Mas será que Deus encontrará fé sobre a terra?
Deus sempre faz a sua parte, ao seu tempo, é verdade. Nem sempre estamos
dispostos a esperar. O Senhor concede a oportunidade para que acolhamos o seu
Reino e a sua graça, é preciso que façamos a nossa parte.
“Toda escritura
é inspirada por Deus e útil para ensinar, para argumentar, para corrigir e para
educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e qualificado
para toda boa obra” (2Tm 3,16).
Padre Roberto Nentwig
Fonte: www.catequeseebiblia.blogspot.com.br
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