Às Irmãs Clarissas:
"Da verdadeira contemplação nasce a alegria do coração"
Assis
(RV) - O Papa Francisco visitou as irmãs Clarissas na Basílica de Santa
Clara, nesta sexta-feira, no âmbito de sua visita a Assis, cidade de São Francisco.
O Santo Padre fez
uma oração silenciosa diante do crucifixo de São Damião através do qual Cristo
disse a São Francisco, "Francisco, reconstrói a minha Igreja".
Santidade de Mãe |
"Jesus
Cristo é o centro de suas vidas. Quando uma monja de clausura segue a estrada
da contemplação do Senhor, da oração e da penitência com Jesus Cristo, se torna
grandemente humana. Da verdadeira contemplação nasce a alegria do
coração", sublinhou Francisco, acrescentando:
"Vocês são
chamadas a ter grande humanidade, uma humanidade como a da Mãe Igreja: humanas,
que saibam entender as coisas da vida e os problemas humanos, que saibam
perdoar e interceder ao Senhor pelas pessoas. A humanidade de vocês passa pela
estrada de Jesus Cristo, da Encarnação do Verbo e o sinal de uma religiosa
humana é a alegria, aquela alegria que vem de dentro, sempre com Cristo."
Falando sobre a
humanidade de Cristo, o Santo Padre recordou que Deus se fez carne por nós e
isso dá às Clarissas "uma santidade humana, grande, bonita, amadurecida,
uma santidade de Mãe".
"A Igreja
quer vocês assim. Quando vocês rezam pelos sacerdotes e seminaristas vocês têm
com eles uma relação de maternidade e com suas orações eles se tornam bons
pastores do povo de Deus", frisou o Papa Francisco.
O Santo Padre
falou sobre a vida comunitária e pediu às monjas para que saibam perdoar e
terem paciência, pois a vida de comunidade não é fácil e o diabo usa todos os
meios para criar divisões.
"Os
problemas existem e sempre existirão, mas é preciso procurar a solução com
amor. Cuidem da vida comunitária, pois quando se vive bem em comunidade, em
família, o Espírito Santo está no meio dessa comunidade", concluiu o Papa
Francisco. (MJ
Aos membros da comunidade diocesana:
Ouvir a Palavra
de Deus, caminhar, e anunciar até nas periferias
Prosseguindo sua visita a Assis, o Papa almoçou com os pobres no
centro da Caritas, localizado na Praça Donegiani em Santa Maria dos Anjos. Em
seguida, visitou o Eremitério dos Cárceres, rezando na Cela de São Francisco.
No primeiro compromisso
da tarde, teve lugar o encontro com o clero, os consagrados e membros dos
Conselhos pastorais da Diocese, realizado na Catedral de São Rufino.
Ir ao encontro dos irmãos |
Em seu discurso,
em primeiro lugar, o Papa agradeceu pelo acolhimento aos sacerdotes, religiosos
e religiosas, e leigos engajados nos conselhos pastorais.
Em seguida,
recordando estarem na catedral onde se conserva a fonte batismal na qual São
Francisco e Santa Clara foram batizados (que naquele tempo se encontrava na
Igreja de Santa Maria), frisou que a memória do Batismo é importante. "O
Batismo é o nosso nascimento como filhos da Mãe Igreja", ressaltou.
Francisco quis
em seu discurso ressaltar alguns aspectos da vida de Comunidade local. Disse
não querer dizer coisas novas, mas confirmá-los naquelas mais importantes, que
caracterizam o caminho diocesano deles.
A primeira
coisa, disse o Pontífice, é escutar a Palavra de Deus. A Igreja é isso: a
comunidade que ouve com fé e com amor o Senhor que fala.
O plano pastoral
que vocês estão vivendo – evidenciou – insiste justamente sobre essa dimensão
fundamental:
"É a
Palavra de Deus que suscita a fé, a alimenta, a regenera. É a Palavra de Deus
que toca os corações, converte-os a Deus e à sua lógica que é tão diferente da
nossa; é a Palavra que renova continuamente as nossas comunidades... Penso que
todos podemos melhorar um pouco sobre esse aspecto: tornar-nos todos mais
ouvintes da Palavra de Deus, para sermos menos ricos de nossas palavras e mais
ricos de suas Palavras."
O Papa disse
pensar no sacerdote, que tem a tarefa de pregar. "Como pode pregar se
antes não ouviu, no silêncio, com o coração? Penso nos pais e nas mães, que são
os primeiros educadores: como podem educar se a consciência deles não é
iluminada pela Palavra de Deus, se o modo deles de pensar e de agir não é
guiado pela Palavra, qual exemplo podem dar aos filhos? E penso nos
catequistas, em todos os educadores: se o coração deles não é aquecido pela
Palavra, como podem aquecer o coração dos outros, das crianças, dos jovens, dos
adultos?
"Não basta
ler as Sagradas Escrituras, é preciso ouvir Jesus que fala nelas, é preciso ser
antenas que recebem, sintonizadas na Palavra de Deus, para ser antenas que
transmitem: se recebe e se transmite! É o Espírito de Deus que torna as
Escrituras vivas, que faz com que elas sejam compreendidas com profundidade, em
seu sentido verdadeiro e pleno! Perguntemos-nos: que lugar tem a Palavra de
Deus em minha vida, na vida de cada dia? Estou sintonizado em Deus ou nas
muitas palavras de moda ou sobre mim mesmo?
O segundo
aspecto proposto pelo Papa foi o do caminhar. E disse ser uma das palavras
que prefere quando pensa no cristão e na Igreja. Afirmando ter para eles um
sentido particular, recordou que estão entrando no Sínodo diocesano, "e
fazer "sínodo", explicou, significa caminhar juntos.
E mais uma vez
disse pensar nos sacerdotes, incluindo a si mesmo. "O que há de mais
bonito para nós que caminhar com o nosso povo? Repito sempre, caminhar com o
nosso povo, por vezes à frente, por vezes no meio, e por vezes atrás: à frente,
para guiar a comunidade; no meio, para encorajá-la e apoiá-la; atrás, para
mantê-la unida e também porque o povo tem o "faro" para encontrar
novas estradas pelo caminho, tem o "sensus fidei". Existe algo mais
bonito?"
"Mas a
coisa mais importante é caminhar juntos, colaborando, ajudando-se
reciprocamente; pedir desculpas, reconhecer os próprios erros e pedir perdão,
mas também aceitar o pedido de desculpa dos outros perdoando – como isso é
importante! Caminhar unidos, sem fugas, sem saudades do passado. E ao tempo em
que se caminha, se fala, se conhece, se partilha, se cresce no ser família. A
esse ponto nos perguntamos: como caminhamos? Como caminha a nossa comunidade
diocesana? Caminha unida? E o que eu faço para que ela realmente caminhe unida?"
Portanto:
escutar, caminhar, e o terceiro aspecto é o missionário: anunciar até as
periferias, indicou. O Santo Padre quis ressaltar que esse é um elemento que
foi por ele muito vivido quando estava em Buenos Aires: "a importância de
sair para ir ao encontro do outro, às periferias, que são lugares, mas são,
sobretudo, pessoas, situações de vida", ressaltou.
São pessoas,
realidades humanas de fato marginalizadas, desprezadas. São pessoas que talvez
se encontrem próximas do "centro", mas espiritualmente estão
distantes. "Não tenham medo de sair e ir ao encontro dessas pessoas,
dessas situações. Não se deixem bloquear por preconceitos, costumes, rigidez
mental ou pastoral, pelo 'se fez sempre assim!'", exortou.
"Mas se
pode ir às periferias somente se se leva a Palavra de Deus no coração e se
caminha com a Igreja, como São Francisco. Do contrário levamos nós mesmos, e
isso não é bom, não serve a ninguém!" Francisco concluiu recordando que
"não somos nós que salvamos o mundo: é o Senhor!" (RL)
Aos jovens:
"Não tenham medo de fazer escolhas definitivas na vida"
O Papa Francisco encontrou-se com os jovens da Úmbria, na tarde
desta sexta-feira, na praça adjacente à Basílica de Santa Maria dos Anjos, em
Assis. Antes, porém, fez uma oração na Porciúncula, igreja localizada dentro
dessa basílica, onde São Francisco fundou a Ordem Franciscana e faleceu em
1226.
Cerca de 40 mil
jovens participaram do encontro com o Papa Francisco. Durante o encontro, o
Santo Padre respondeu as perguntas de alguns jovens. O que é o matrimônio? Esta
primeira pergunta foi feita por um casal jovem. "Um testemunho bonito!
Dois jovens que escolheram e decidiram, com alegria e coragem, formar uma
família. É preciso ter coragem para formar uma família", disse o Papa. A
seguir, o pontífice respondeu a pergunta dizendo:
Sigam o exemplo de São Francisco |
"É uma
verdadeira vocação, assim como o sacerdócio e a vida religiosa. Dois cristãos
que se casam reconheceram em sua história de amor o chamado do Senhor, a
vocação a se tornarem de dois, homem e mulher, uma só carne, uma só vida. O
Sacramento do Matrimônio envolve esse amor com a graça de Deus, enraíza essa
união no próprio Deus."
"Os nossos
pais, avós e bisavós se casaram em condições muito piores do que a nossa.
Alguns em tempo de guerra ou depois da guerra e outros imigraram como os meus
pais. Onde encontraram a força? Na certeza de que o Senhor estava com eles, que
a família é abençoada por Deus com o Sacramento do Matrimônio e bendita é a
missão de dar à luz filhos e educá-los", disse o Francisco.
O Santo Padre
frisou que "para construir bem, de maneira sólida, é necessária essa base
moral e espiritual e hoje esta base não é mais garantida pelas famílias e
tradição social".
"A
sociedade em que vocês nasceram favorece os direitos individuais em vez da
família e muitas vezes fala sobre o relacionamento de casal, família e
matrimônio de maneira superficial e equívoca. É a cultura do provisório. Basta
assistir a determinados programas de televisão", sublinhou o pontífice.
O Papa destacou
que o Espírito Santo suscita sempre novas respostas às novas exigências e por
isso se multiplicaram na Igreja encontros para namorados, cursos de preparação
ao matrimônio, grupos de casais jovens nas paróquias, movimentos familiares e
outros. "Eles são uma imensa riqueza! São pontos de referência para todos:
jovens em busca, casais em crise, pais em dificuldades com seus filhos e
vice-versa. A fantasia do Espírito é infinita e muito concreta", disse o
Santo Padre.
Francisco
convidou a não ter medo de fazer escolhas definitivas na vida, como o
matrimônio. "Confiem no Senhor e deixem que Ele entre em suas casas como
uma pessoa de família. A família é a vocação que Deus inscreveu na natureza do
homem e da mulher", sublinhou o pontífice, destacando outra vocação
complementar ao matrimônio: o chamado ao celibato e à virgindade para o Reino
dos Céus. "É a vocação que o próprio Jesus viveu. Como reconhecê-la? Como
segui-la?".
O Papa respondeu
essa segunda pergunta com dois elementos essenciais:
"Rezar e
caminhar na Igreja. Essas duas coisas caminham juntas, são interligadas. Na
origem de toda vocação à vida consagrada existe sempre uma forte experiência de
Deus, uma experiência que nunca se esquece. É Deus quem chama. Por isso, é
importante ter uma relação cotidiana com Ele. Aqui em Assis, não há necessidade
de palavras! Francisco e Clara falam através de seu carisma a tantos jovens do
mundo inteiro. Jovens que deixam tudo para seguir Jesus no caminho do
Evangelho."
Da palavra
Evangelho o Santo Padre respondeu as duas últimas perguntas feitas pelos
jovens: 'O que podemos fazer?', pergunta que diz respeito ao compromisso social
nesse
Francisco disse
que "o Evangelho não diz respeito somente à religião, mas ao ser humano
como um todo, ao mundo, à sociedade e civilização humana. O Evangelho é
mensagem de salvação de Deus para a humanidade".
O pontífice sublinhou
que o Evangelho tem dois destinos que estão relacionados:
"O
primeiro, despertar a fé e isso é a evangelização. O segundo, transformar o
mundo segundo o desígnio de Deus, e essa é a animação cristã da sociedade.
Essas duas coisas não caminham separadas, mas formam uma única missão: levar o
Evangelho com o testemunho de nossas vidas transforma o mundo. Este é o
caminho."
O Santo Padre
destacou que São Francisco fez as duas coisas com a força do Evangelho.
"Francisco fez aumentar a fé, renovou a Igreja e ao mesmo tempo renovou a
sociedade, tornando-a mais fraterna, mas sempre com o Evangelho", disse
ainda o pontífice.
O Papa Francisco
convidou os jovens da Úmbria a seguirem o exemplo de São Francisco de Assis,
testemunhando a fé com suas vidas e servindo Cristo nos pobres. (MJ)
Fonte: www.radiovaticana.va
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