sábado, 14 de fevereiro de 2015







Novos cardeais "serviço de amor e caridade à Igreja"

Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco presidiu, na manhã deste sábado, na Basílica Vaticana, ao Consistório Ordinário Público de 2015, durante o qual foram criados 20 novos Cardeais, 15 Eleitores e 5 Eméritos, provenientes de 14 países. Três deles contam pela primeira vez com uma sede cardinalícia: Cabo Verde, Tonga e Myanmar (Birmânia), o que reforça a diversidade e universalidade do Colégio dos Cardeais.
Amar sem limites, com gestos concretos
Com a realização deste Consistório, o segundo do Pontificado do Papa Francisco, o Colégio Cardinalício fica agora composto de 227 Cardeais, dos quais 125 eleitores e 102 não-eleitores. Os Cardeais provenientes da Europa são 118; da América do Norte, 27; da América do Sul, 26; da América Central, 8; da Ásia, 22; da África, 21 e da Oceania, 5.
O Santo Padre deu início à celebração do Consistório, com um momento de oração, em silêncio, diante do altar da Confissão, sobre o túmulo do apóstolo São Pedro.
Durante a cerimônia do Consistório Público para a criação dos 20 novos Cardeais, após uma breve liturgia da Palavra, o Santo Padre fez uma alocução aos presentes, refletindo sobre a “dignidade cardinalícia”, que não é honorífica, como indica o próprio nome “cardeal”, que quer dizer junção cardinal, principal.
Não se trata de algo acessório, decorativo que leva a pensar a uma honorificência, mas de um eixo, um ponto de apoio e movimento essencial para a vida da comunidade. Os Cardeais são incardinados na Igreja de Roma, que “preside à assembleia universal da caridade”. A Igreja de Roma tem uma função exemplar: presidir na caridade. Assim, toda Igreja particular é chamada a presidir na caridade.
Aqui, o Papa, referiu-se ao “hino da caridade”, da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, que constitui a palavra-chave da celebração deste Consistório para o ministério dos novos Cardeais e, de modo particular, para os que, hoje, passam a fazer parte do Colégio Cardinalício:
Quanto mais se amplia a responsabilidade dos Cardeais, a serviço da Igreja, tanto mais se deve ampliar seus corações, dilatar-se na medida do coração de Cristo. A “magnanimidade”, da qual fala o apóstolo Paulo, é, em certo sentido, sinônimo de catolicidade: é amar sem limites, com gestos concretos. Saber amar com gestos benévolos. A “benevolência” é a intenção firme e constante de querer sempre o bem para todos”.
Depois, São Paulo diz que a “caridade não é invejosa, não é arrogante, não é orgulhosa”. Trata-se de um verdadeiro milagre da caridade, porque nós, seres humanos, sentimo-nos inclinados à inveja e ao orgulho por causa da nossa natureza ferida pelo pecado. As próprias dignidades eclesiásticas não estão imunes desta tentação.
Ser dóceis ao Espírito
Outro aspecto do “hino à caridade” do Apóstolo é que a “caridade não falta ao respeito, não procura o seu próprio interesse”. Estes dois pontos revelam que, quem vive na caridade, se descentraliza de si mesmo. O único e verdadeiro centro da Caridade é Cristo.
Paulo recorda ainda que a “caridade não se irrita, não leva em conta o mal recebido”. O pastor, que vive em contato com as pessoas, não está isento de se irritar. Mas, só a caridade nos livra do perigo de reagir impulsivamente, dizer e fazer coisas erradas; e, sobretudo, nos livra do risco mortal da ira em nosso interior. Isto não é aceitável para um homem de Igreja. Com efeito, o Papa disse
A caridade, acrescenta o Apóstolo Paulo, “não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade”. Quem é chamado ao serviço de governar a Igreja deve ter um forte sentido da justiça e ver toda e qualquer injustiça como inaceitável, para si ou para a Igreja. Mas, ao mesmo tempo, se “rejubila com a verdade”. O homem de Deus é aquele que vive fascinado pela verdade. O povo de Deus deve sempre ver em nós verdadeiros homens que denunciam a injustiça e prestam alegre serviço à verdade.
Por fim, São Paulo recorda que a “caridade tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”. Nestas quatro palavras, concluiu o Papa, encontra-se um verdadeiro programa de vida espiritual e pastoral para os Pastores da Igreja:
O amor de Cristo, infundido em nossos corações pelo Espírito Santo, permite-nos viver assim, ser assim, como pessoas capazes de perdoar sempre; dar sempre confiança, pela sua fé em Deus; infundir sempre esperança, pela esperança que vem de Deus. Tais pessoas sabem suportar, com paciência, todas as situações, em união com Jesus, que suportou com amor o peso de todos os nossos pecados”.
Ao término da sua reflexão, na cerimônia do Consistório Ordinário Público, o Papa Francisco recordou que “Deus é amor e realiza tudo, se formos dóceis à ação do Santo Espírito. Eis como devemos ser: “incardinados e dóceis”.
A caridade deve dar forma e sentido ao que fazemos
Quanto mais estivermos incardinados na Igreja que está em Roma, tanto mais devemos nos tornar dóceis ao Espírito, para que a caridade possa dar forma e sentido a tudo o que somos e fazemos. Incardinados na Igreja que preside na caridade, dóceis ao Espírito Santo, que derrama nos nossos corações o amor de Deus”.
O Papa concluiu sua alocução afirmando que Jesus é a Caridade encarnada. Por isso, invocou Maria, sua Mãe, para que nos ajude a acolher a Palavra e a seguir sempre este Caminho da caridade; que ela nos ajude, com a sua conduta humilde e terna de mãe, porque a caridade, dom de Deus, se desenvolve e cresce onde há humildade e ternura.
A cerimônia prosseguiu com a leitura, em latim, da fórmula de criação, que, depois, fizeram a profissão de fé e o juramento de fidelidade e obediência ao Papa e aos seus Sucessores; receberam o barrete cardinalício e o anel, símbolo do amor pela Igreja.
Enfim, cada Cardeal recebeu seu título de uma igreja de Roma, que simboliza a participação na solicitude pastoral do Papa na cidade Eterna, bem como a bula de criação cardinalícia, momento selado por um abraço de paz. (MT)
No final da cerimônia da criação dos 20 novos Cardeais, deu-se o Consistório Ordinário Público, presidido pelo Bispo de Roma, para a votação de três Causas de Canonização das seguintes beatas: Giovana Emília de Villeneuve (França, 1811-1854), Maria de Jesus Crucificado (Palestina, 1846-1878) e Maria Afonsina Danil Ghattas (Palestina, 1843-1927).
Na tarde deste sábado, os 20 novos Cardeais recebem a chamada “visita de cortesia”, durante a qual são cumprimentados pelos seus convidados, em diversas salas da Residência Apostólica, no Vaticano.
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                                                                Fonte: radiovaticana.va        news.va
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