Meditação do
segundo dia: exemplo do profeta Elias
Cidade do Vaticano (RV) – Desde a tarde de ontem, primeiro domingo da Quaresma, o Papa e seus mais íntimos colaboradores da Cúria Romana, estão participando de uma semana de Exercícios Espirituais, na Casa Divino Mestre dos Padres Paulinos, em Ariccia. Quando da sua chegada, os ilustres hóspedes receberam as boas vindas, entre outros, do novo Superior Geral dos Paulinos, o brasileiro Padre Valdir José de castro.
Neste segundo
dia de Retiro Espiritual, o pregador carmelita, Padre Bruno Secondin, propôs uma
reflexão bíblica, baseada na leitura pastoral do profeta Elias, que teve como
tema: “Servidores e profetas do Deus vivo”.
Na sua
introdução, o pregador recomendou a “sair da própria aldeia” e a frequentar a
“escola da misericórdia” como o profeta Elias. Praticamente uma continuação do
tema que refletiu, ontem, sob o exemplo do profeta, ou seja, viver uma “vida de
periferia”.
Humildade no silêncio |
O acontecimento
de Elias, narrado no livro dos Reis (17, 1-17), sugeriu ao Padre carmelita um
sério exame de consciência pessoal, com base na “Palavra de Deus”, que busca
levar o discípulo do Senhor a imergir nesta grande fonte de riqueza.
Padre Secondin
explicou que suas meditações não pretendem seguir uma ordem cronológica, mas os
grandes cenários da Escritura, propondo uma “leitura pastoral e sapiencial” das
vicissitudes de Elias. Este é um profeta que caminha e não se detém em um lugar
fixo; é um homem em contínuo movimento, um ótimo companheiro de viagem, que
passa por tantas experiências de purificação pessoal.
Com efeito, ele
se põe a caminho rumo a muitos centros de poder, mas, sobretudo, às “periferias
e as fronteiras geográficas existenciais”, colocando-nos diante de tantos
problemas, até os mais interiores. Aqui, o pregador coloca em realce a
“fragilidade e a vulnerabilidade” de Elias.
Para compreende
melhor a missão do profeta é preciso inseri-lo no seu contexto histórico. Ele
era originário de uma região periférica, de pouco bem-estar e religiosidade
tradicional. Desta forma, ele tem uma reação diante de uma nova realidade de
“depravação religiosa e social”: comercial, militar e agrícola, que produziam
bem-estar, a ponto de causar vertigem. Aqui, pode-se acrescentar a presença de
novos deuses, que causavam transtorno na vida do povo.
Neste estado de
confusão moral, de depravação e de perda de identidade, o verdadeiro Deus era
considerado bom apenas pelas pessoas ignorantes. Por isso, Elias reage
duramente e as ameaça, por conta própria e não por ordem de Deus.
Nestas alturas,
Deus faz ouvir a sua voz e pede a Elias para ir embora, ou seja, devia “ouvir,
obedecer e deixar que Deus fosse seu Deus”. Deus pediu-lhe para “tomar
distância, ir contracorrente, viver em solidão”, afim de “purificar-se,
reencontrar as próprias raízes e a razão da sua fidelidade”. O próprio encontro
do profeta com a viúva de Sarepta nos recorda que também os “pobres nos
evangelizam”.
Logo, o objetivo
das vicissitudes de Elias era fazer do amor de Deus o centro da sua existência,
confiar em Deus. Desta maneira, Deus pede ao profeta certo desapego dos seus planos
pessoais, para aprender a obedecer e a ouvir a Deus, deixando-o atuar
livremente.
Ao término da
sua meditação, o pregador carmelita convidou os presentes a um sério exame de
consciência, com base no comportamento de Elias: será que, algumas vezes, perdi
a paciência? Falei claro ou atrás dos bastidores, murmurando e alimentando
conversas fiadas? Comporto-me com sobriedade sã e serena? Deixo-me arrastar
pelo meu consumo desenfreado na vida, pelas coisas que me circundam, pelo modo
de me vestir?
O pregador
acrescentou ainda: mantenho a alegria e o frescor pelo meu primeiro amor ou
desanimei? Mantenho uma vida de periferia ou gosto de estar ao centro da
atenção e das honras? Tenho confiança na Providência ou sou fanático em
programar tudo e a esperar os resultados?
Enfim, entre
tais idolatrias, o pregador do Retiro chamou a atenção dos presentes para não
cair na tentação de querer misturar tudo, criando uma religiosidade “confusa e
sincretista”. (MT)
.......................................................................................................................
Fonte: radiovaticana.va news.va
Nenhum comentário:
Postar um comentário