sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Reflexão:

Paz para o ano de 2015

Iniciamos o ano de 2015 com os desejos de saúde, paz e prosperidade. Ordinariamente, as pessoas mais simples costumam repetir que “tendo saúde, o resto a gente ajeita”. Uma canção muito cantada nesta época do ano almeja “muito dinheiro no bolso, saúde para dar e vender”. São coisas importantes, mas só elas não garantem a felicidade para as pessoas. É o que levou o Papa Francisco a declarar que o lugar onde encontrou a alegria mais plena, foi entre os pobres, mesmo que eles não tivessem saúde e nem dinheiro no bolso.
Muitas são as programações previstas para o ano de 2015. Aponto aquelas que considero mais importantes, com o convite a nos unirmos em oração pelo êxito das mesmas.
Sejamos construtores da paz
Em outubro acontece o sínodo dos bispos para abordar a temática da família. Muitas são as expectativas que se têm, uma vez que estarão se confrontando duas forças de igual importância. Uma delas carrega consigo a milenar tradição da igreja junto com a doutrina sobre a indissolubilidade do sacramento do matrimônio. A outra força aponta para a nova configuração das famílias, onde encontramos muitos casais em segundas núpcias ou que nunca buscaram o sacramento do matrimônio. A Igreja não pode mais ignorá-los e o sínodo vai precisar de muita iluminação do Espírito Santo para encontrar o caminho que leva a Jesus Cristo, o Bom Pastor, sem trair o ensinamento do Evangelho.
A Cáritas Internacional estará intensificando, em 2015, a campanha Uma família humana: pão e justiça para todos. Num primeiro momento deveremos identificar as pessoas que estão passando fome, para, a partir de então, tomar a atitude de prover pão aos que não o têm. No entendimento da Cáritas existem pessoas sem acesso à comida porque vivemos numa sociedade injusta, que não aprendeu a repartir o pão.
No Brasil, a Igreja vai dedicar o ano de 2015 à conscientização sobre a necessidade de ações que levem a uma sociedade de paz. Não podemos permanecer indiferentes ao crescimento da violência que está se instaurando na sociedade, onde as maiores vítimas são os jovens. Diariamente dezenas de pessoas morrem no trânsito ou são mortas pela guerra do tráfico de drogas. Perdemos o hábito do diálogo e, com isso, os fundamentalismos estão se acirrando. A convivência entre pessoas com diferentes ideologias ou crenças está se tornando cada vez mais complicada, e a paz parece algo cada vez mais distante.
Teremos também a Campanha da Fraternidade com o tema “Igreja e Sociedade”. É um convite ao diálogo e a constituição de alianças entre a Igreja e as organizações da Sociedade na preservação e promoção da vida. O lema aponta para a atitude de Jesus que “colocou em primeiro lugar os pobres, os fragilizados e os excluídos” não se apresentando “como alguém que estava em busca de prestígio, mas como servidor”: “Eu vim para servir” (Mc 10,45). O cartaz da Campanha retrata o Papa Francisco beijando os pés de um preso na cerimônia do lava-pés da quinta-feira santa.
Faço votos de que o ano de 2015 seja de muita luz para a Igreja, os governos e as organizações da sociedade civil, a fim de que a paz volte a reinar em nosso meio, as pessoas se enxerguem como filhos do mesmo Deus e habitantes da mesma casa comum, que é a terra. Que ninguém se considere superior aos demais, mas que vivamos como irmãos e irmãs, numa perfeita harmonia e plena co-responsabilidade.
                                   Dom Canísio Klaus - Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)
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