Elites eclesiais não seguem a via de Jesus
Cidade do
Vaticano (RV) - Não seguem a nova via aberta por Jesus aqueles que privatizam a
fé fechando-se em “elites” que desprezam os outros: é o que afirmou o Papa
durante a homilia da manhã desta quinta-feira, (29/01), na Casa Santa
Marta. Comentando a Carta aos Hebreus, o Papa disse que Jesus é “a via
nova e vivente” que devemos seguir “conforme a Sua vontade”. Porque existem
formas errôneas de vida cristã. Jesus “dá os critérios para não seguir os
modelos equivocados. E um destes modelos errados é privatizar a salvação”:
Deus nos salva como povo, nos salva a todos |
“É verdade,
Jesus salvou a todos nós, mas não de forma genérica, não? Todos, mas cada um
individualmente, nome e sobrenome. E esta é a salvação pessoal. Realmente estou
salvo, o Senhor me olhou, deu a vida por mim, abriu esta porta, esta nova via
para mim, e cada um de nós pode dizer: ‘para mim’. Mas existe o perigo de
esquecer que Ele nos salvou individualmente sim, mas como parte de um povo. Em
um povo. O Senhor sempre salva no povo. Do momento que chama Abraão, promete a
ele de criar um povo. E o Senhor nos salva em um povo. Por isso o autor desta
Carta nos diz: ‘Prestemos atenção uns aos outros’. Não existe uma salvação
somente para mim. Se eu entendo a salvação assim, erro; pego a estrada errada.
A privatização da salvação é uma estrada errada”.
São três os
critérios para não privatizar a salvação: “a fé em Jesus que nos purifica”, a
esperança que “nos faz enxergar as promessas e seguir adiante” e “a caridade:
prestemos atenção uns aos outros, para estimular-nos reciprocamente na caridade
e nas boas obras”:
“E quando eu
estou numa paróquia, numa comunidade – qualquer que seja – eu estou ali e posso
privatizar a salvação e estar ali somente socialmente. Mas para não
privatizá-la, devo perguntar a mim mesmo se eu falo, comunico a fé; falo,
comunico a esperança; falo, faço e comunico a caridade. Se numa comunidade não
se fala, não se encoraja um ao outro, nessas três virtudes, os membros daquela
comunidade privatizaram a fé. Cada um busca a sua própria salvação, não a
salvação de todos, a salvação do povo. E Jesus salvou cada um, mas num povo,
numa Igreja”.
O autor da Carta
aos Hebreus – prosseguiu o Papa – dá um conselho “prático” muito importante:
“não desertemos as nossas reuniões, como alguns têm o hábito de fazer”. Isso
acontece “quando nós estamos numa reunião – na paróquia, no grupo – e julgamos
os outros”, “há uma espécie de desprezo pelos outros. E esta não é a porta, o
caminho novo e vivente que o Senhor abriu, inaugurou”:
“Desprezam os
outros; abandonam a comunidade inteira; desertam o povo de Deus; privatizaram a
salvação: a salvação é para mim e para meu grupinho, mas não para todo o povo
de Deus. E este é um erro muito grande. É o que chamamos – e que vemos – ‘as
elites eclesiais’. Quando no povo de Deus se criam esses grupinhos, pensam ser
bons cristãos, talvez tenham até boa vontade, mas são grupinhos que
privatizaram a salvação”.
“Deus – destacou
o Papa – nos salva num povo, não nas elites que nós produzimos com as nossas
filosofias e o nosso modo de entender a fé. E essas não são as graças de Deus.
Pensemos: eu tenho a tendência de privatizar a salvação para mim, para o meu
grupinho, para a minha elite ou não deserto todo o povo de Deus, não me afasto
do Seu povo e sempre estou em comunidade, em família, com a linguagem da fé, da
esperança e a linguagem das obras de caridade?”. E concluiu: “Que o Senhor nos
dê a graça de sentir-nos sempre povo de Deus, salvos pessoalmente. Isso é
verdade: Ele nos salva com nome e sobrenome, mas salvos num povo, não no
grupinho que eu crio para mim”. (RB/BF)
............................................................................................................................
Fonte: radiovaticana.va
Nenhum comentário:
Postar um comentário