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Francisco:
“Não
há unidade sem conversão, sem oração”
Cidade do
Vaticano (RV) – O Papa Francisco recebeu no Vaticano na manhã deste sábado, os
250 participantes do encontro do Pontifício Instituto de Estudos Árabes e de
Islamítica.
No seu discurso
aos presentes o Santo Padre destacou inicialmente que nos últimos anos, apesar
de alguns mal-entendidos e dificuldades, foram dados passos no diálogo
inter-religioso, também com os fiéis do Islã. Para isso, é essencial o
exercício da escuta. Não é apenas uma condição necessária em um processo de
recíproca compreensão e de coexistência pacífica, mas é também um dever
pedagógico, a fim de sermos "capazes de reconhecer os valores dos outros,
de compreender as preocupações subjacentes os seus pedidos e de fazer emergir
as convicções comuns". Na base de tudo isso, está a necessidade de uma
adequada formação, para que, firmes na própria identidade, se possa crescer no
conhecimento recíproco.
Descubramos os valores uns dos outros |
É preciso fazer
atenção – continuou o Papa -, para não cair nas armadilhas de um sincretismo
conciliador, mas, no final, vazio e prenúncio de um totalitarismo sem valores.
Uma cômoda abordagem flexível, “que diz sim a tudo para evitar problemas”,
acaba por ser "uma maneira de enganar o outro e negar-lhe o bem que a
pessoa recebeu como um dom a ser compartilhado generosamente". Isso nos
convida, em primeiro lugar, a voltar aos fundamentos.
Quando nos
aproximamos de uma pessoa que professa com convicção a sua religião, - disse
ainda Francisco –, o seu testemunho e seu pensamento nos interpelam e nos levam
a nos questionar sobre a nossa própria espiritualidade. No início do diálogo
está, portanto, o encontro. Desse encontro se gera o primeiro conhecimento do
outro. Se, de fato, se parte do pressuposto da comum pertença à natureza
humana, se podem superar os preconceitos e as falsidades e se pode começar a
compreender o outro de acordo com uma nova perspectiva.
Francisco
recordou ainda que a história do Pontifício Instituto de Estudos árabes e
de Islamítica vai precisamente nesta direção.
Não se limita a
aceitar o que é dito superficialmente, dando origem a estereótipos e
preconceitos. O trabalho acadêmico, fruto de um esforço diário, vai investigar
as fontes, para preencher as lacunas, para analisar a etimologia, propor uma
hermenêutica do diálogo e, através de uma abordagem científica inspirada no
“estupor” e na “maravilha”, é capaz de não perder a bússola do mútuo respeito e
da estima recíproca. Com essas premissas, nos aproximamos uns dos outros na
ponta dos pés, sem levantar poeira que obscurece a visão.
Recordando os 50
anos do Pontifício Instituto, o Santo Padre destacou que o mesmo é muito
precioso entre as instituições acadêmicas da Santa Sé, e precisa ser ainda mais
conhecido. Meu desejo – continuou – é que se torne cada vez mais um ponto de
referência para a formação dos cristãos que trabalham no campo do diálogo
inter-religioso, sob os auspícios da Congregação para a Educação Católica e em
estreita colaboração com o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso.
No caminho de aprofundado da verdade, – foi os votos finais de Francisco - para
o pleno respeito da pessoa e da sua dignidade, possa o Instituto estabelecer
uma colaboração frutuosa com as outras Pontifícias Universidades, com os
centros de estudo e pesquisa, seja cristãos que muçulmanos em todo o mundo.
(SP)
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Papa:
Causas de
nulidade céleres e atentas à certeza moral
O Papa Francisco também recebeu na manhã deste sábado, no Vaticano,
120 participantes do Congresso da Pontifícia Universidade Gregoriana sobre a
Dignitas Connubii, no décimo aniversário de sua publicação. Essa Instrução
trata das causas de nulidade do matrimônio nos tribunais diocesanos e
interdiocesanos.
Atender e valorizar as famílias |
O Santo Padre
saudou inicialmente os Padres da Faculdade de Direito Canônico da Pontifícia
Universidade Gregoriana, que organizou o Congresso, com o auxilio do Pontifício
Conselho para os Textos legislativos e da Consociatio internationalis studio
iuris canônicos. Os participantes eram provenientes de várias partes do mundo.
A grande
participação neste encontro – disse o Papa – indica a importância da Instrução
Dignitas connubii, que não é destinada aos especialistas do direito, mas aos
operadores dos tribunais locais: de fato, um modesto, mas útil vade-mécum que
toma realmente pela mão os ministros dos tribunais para a realização do
processo, de modo que seja seguro e rápido juntos.
Um procedimento
seguro porque indica e explica com clareza a meta do processo mesmo, ou seja a
certeza moral: essa requer que seja excluído qualquer dúvida de erro. Um
desenvolvimento rápido porque – como ensina a experiência comum – caminha mais
rapidamente quem conhece bem a estrada a ser percorrida.
O Papa faz ainda
uma constatação: “O conhecimento e eu diria as preocupações desta Instrução
poderão também no futuro ajudar os ministros dos tribunais a abreviar o caminho
processual, percebido muitas vezes pelos cônjuges como longo e árduo”. Ainda
não foram explorados todos os recursos que esta Instrução coloca à disposição
para um processo célere, desprovido de qualquer formalismo fim a si mesmo; não
podem ser excluídas para o futuro novas medidas legislativas que visem o mesmo
objetivo. (SP)
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Santo Padre:
Diálogo
com o Islã com identidade e mútuo respeito
O Papa Francisco recebeu em audiência na manhã deste sábado os
participantes no Colóquio Ecumênico de Religiosos e Religiosas, promovido pela
Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida
Apostólica.
Antes de mais
nada o Papa deu as boas-vindas aos participantes e agradeceu o Cardeal Braz de
Aviz pelas palavras momentos antes dirigidas a ele em nome de todos os
presentes, cerca de 50.
O Papa se disse
alegre pela iniciativa que reuniu religiosos e religiosas de diversas Igrejas e
Comunidades eclesiais, destacando que o mesmo se realizou durante a Semana de
Oração pela Unidade dos Cristãos; todos os anos essa semana – disse o Papa – nos
recorda que o ecumenismo espiritual é “a alma do movimento ecumênico”, como
destaca o Decreto conciliar Unitatis redintegratio (n. 8), do qual recentemente
celebramos os 50 anos.
Vivamos juntos a paz |
O Papa em
seguida compartilhou alguns pensamentos sobre a importância da vida consagrada
para a unidade dos cristãos.
O desejo de
restabelecer a unidade de todos os cristãos está presente naturalmente em todas
as Igrejas e abrange seja o clero que os leigos (cf. ibid., 5). Mas a vida
religiosa, que afunda suas raízes na vontade de Cristo e na tradição comum da
Igreja indivisa, tem sem dúvida uma vocação particular, na promoção desta
unidade. Não é, aliás, uma coincidência que muitos pioneiros do ecumenismo
foram homens e mulheres consagrados. Ainda hoje, várias comunidades religiosas
se dedicam intensamente a este objetivo e são lugares privilegiados de encontro
entre cristãos de diferentes tradições.
Neste contexto,
- disse o Papa - gostaria de mencionar também as comunidades ecumênicas, como a
de Taizé e de Bose, ambas presentes neste Colóquio. À vida religiosa pertence a
busca da união com Deus e da unidade no seio da comunidade fraterna, realizando
assim de maneira exemplar a oração do Senhor "que todos sejam um" (Jo
17,21).
O Papa Francisco
destacou em seguida: “Não há unidade sem conversão. A vida religiosa nos
recorda que no centro de cada busca de unidade e, portanto, de todo esforço
ecumênico, existe antes de tudo a conversão do coração, que envolve o pedido e
a concessão de perdão”. Essa consiste basicamente em uma conversão do nosso
próprio olhar: procurar olhar um para o outro em Deus, e saber colocar-se
também a partir do ponto de vista do outro; eis um duplo desafio ligado à busca
da unidade, seja no interior das comunidades religiosas, seja entre os cristãos
de diferentes tradições.
Não há unidade
sem oração. A vida religiosa é uma escola de oração. O compromisso ecumênico
responde, em primeiro lugar, à oração do próprio Jesus, e baseia-se
essencialmente sobre a oração. Um dos pioneiros do ecumenismo e grande promotor
do Oitavário para a Unidade, o Padre Paul Couturier, usava uma imagem que
ilustra a relação entre ecumenismo e a vida religiosa: ele comparou aqueles que
rezam pela unidade, e o movimento ecumênico, em geral, a um "mosteiro
invisível" que reúne cristãos de diferentes igrejas, de diferentes países
e continentes.
Queridos irmãos
e irmãs, - disse o Papa -, vocês são os primeiros animadores deste
"mosteiro invisível": eu os encorajo a rezar pela unidade dos
cristãos e traduzir esta oração em atitudes e gestos cotidianos.
Não há unidade
sem santidade de vida. A vida religiosa nos ajuda a tomar consciência do
chamado dirigido a todos os batizados: o chamado à santidade de vida, que é o
único caminho para a unidade. Evidencia isso com palavras incisivas o Decreto
conciliar Unitatis redintegratio: “Lembrem-se todos os cristãos de que tanto
melhor promoverão e até realizarão a união dos cristãos quanto mais se
esforçarem por levar uma vida mais pura, de acordo com o Evangelho. Porque,
quanto mais unidos estiverem em comunhão estreita com o Pai, o Verbo e o
Espírito, tanto mais íntima e facilmente conseguirão aumentar a fraternidade
mútua”. (SP)
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Fonte: radiovaticana.va
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