sábado, 17 de janeiro de 2015

Papa em Tacloban: 
Digo somente que estou com vocês e que não estão sozinhos

Tacloban (RV) - Não tenho palavras para partilhar a dor de vocês. Confesso que quando de Roma vi a devastação do tufão, entendi que deveria estar aqui, naquele dia decidi esta viagem”: foram palavras do Papa Francisco num dos gestos mais fortes desta sua sétima viagem apostólica internacional, durante a missa celebrada na Ilha de Leyte, em Tacloban City, epicentro do tufão que em novembro de 2013 devastou a ilha deixando mais de oito mil mortos, quinze milhões de pessoas atingidas e cinquenta mil casas destruídas.
Um multidão de fiéis e peregrinos participou da missa presidida pelo Pontífice, não obstante o forte vento e a intensa chuva que persistiu durante toda a celebração eucarística nestas horas em que a tormenta tropical Mekkhala se aproxima da cidade filipina de Tacloban.
Jesus e sua mãe não nos decepcionam
Deixando de lado o texto da homilia previamente preparado, o Papa pediu para falar em espanhol, com tradução simultânea em inglês. Na medida em que fazia sua meditação sobre a dor dos sobreviventes, prevaleciam as lágrimas e o silêncio.
O Santo Padre iniciou comentando um trecho de São Paulo: “Jesus é como nós”, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado.
Jesus – prosseguiu – segue sempre à nossa frente, e quando vivemos alguma experiência Ele a vive antes de nós, e se hoje todos nos reunimos aqui quatorze meses após a passagem do tufão Yolanda, é porque temos a segurança de que a fé não se enfraquece, porque em sua Paixão Jesus assumiu toda a nossa dor.”
E quando, permitam-me dizer, quando vi de Roma esta catástrofe, senti que tinha que vir. Naquele dia decidi vir aqui.” A este ponto, o Francisco foi interrompido por um caloroso aplauso.
Vim para estar com vocês – explicou – eu não posso ficar, mas Jesus pode ficar, vim para dizer que Jesus está com vocês, o Senhor não decepciona, ‘a mim decepcionou’ porque ‘perdi minha casa, minha família, aquilo que tinha’, é verdade se vocês dizem isso, e eu respeito este sentimento – enfatizou o Papa –, mas Jesus da sua Cruz não me decepciona e foi consagrado Senhor neste trono e passou pela calamidade que experimentamos. Jesus é o Senhor, o Senhor da Cruz, e Ele é capaz de entender-nos, como vimos na primeira leitura.
Por isso – prosseguiu – temos um Senhor que é capaz de chorar conosco, de acompanhar-nos no momento mais difícil da vida. Muitos de vocês perderam tudo, não sei o que lhes dizer, Deus sabe o que dizer-lhes. Muitos de vocês perderam parte da família, somente olho em silêncio, os acompanho com meu coração em silêncio.
Muitos de vocês se perguntaram olhando para Cristo, ‘por que, Senhor?’ O Senhor responde a cada um no coração, do seu coração. Não tenho outras palavras para dizer-lhes. Olhemos para Cristo, Ele é o Senhor, Ele nos compreende porque experimentou a Cruz.
E sob a Cruz estava a Mãe, nós somos como crianças que no momento de dor, de pena, em que não entendemos nada, estendemos a mão firmemente e dizemos ‘mãe’. E esta é a única palavra que pode explicar o que sentimos no momento obscuro, ‘mãe’.
Rezemos agora num momento de silêncio – pediu –, olhemos para o Senhor, “Ele pode entender-nos porque passou por tudo e olhemos para nossa Mãe como uma criança, com o coração digamos ‘Mãe’, em silêncio façamos esta oração, cada um diga aquilo que sente em seu coração” – convidou o Papa.
Não estamos sozinhos – disse ainda –, temos uma Mãe, temos Jesus’, não estamos sozinhos e temos muitos irmãos que neste momento de catástrofe vieram encontrar-nos e neste momento nos sentimos mais irmãos e irmãs, porque nos conhecemos um ao outro, e “a única mensagem do meu coração é que me perdoem porque não tenho outras palavras, porém estejam certos de que Jesus não decepciona, de que o amor, a ternura de nossa Mãe não decepciona. Olhemos para ela como filhos”, concluiu.
Após a missa, o Papa transferiu-se para a vizinha cidade de Palo, onde na Residência Arquiepiscopal do anfitrião, Dom Dom John F. Du, onde almoçou com trinta familiares de vítimas do tufão Yolanda. (RL)
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Mau tempo antecipa retorno de Francisco a Manila

Após almoçar com familiares de vítimas do tufão Yolanda, o Papa Francisco partiu da cidade filipina de Tacloban, arrasada pelo referido tufão em novembro de 2013, quatro horas antes do previsto devido à ameaça da tempestade tropical Mekkhala, que se aproxima da costa leste do país com ventos de até 130 km/h. 
Depois de presidir a missa na área do aeroporto de Tacloban, Francisco teve que antecipar a programação e almoçar rapidamente com os 30 familiares das vítimas do tufão na residência do Arcebispo de Palo, Dom John F. Du.
Em missão de paz e solidariedade
O Pontífice teve ainda tempo para passar velozmente pelo "Centro Papa Francisco para os pobres", e abençoar as instalações de fora, do papamóvel. O Centro ainda não foi inaugurado e é uma obra financiada pelo Cor Unum, o conselho pontifício encarregado de iniciativas de caridade.
O previsto encontro com o clero local, às 15h30 (hora local) na Catedral de Palo, foi cancelado, mas Francisco passou pelo templo para saudar todos os presentes – cerca de 500 pessoas – e explicar-lhes o motivo da mudança de programa:
Obrigado por suas calorosas boas-vindas; devo lhes dizer uma coisa que me entristece: estava programado que o avião voltasse a Manila às 17h, mas um tufão do 2º grau se aproxima e o piloto disse que temos que ir embora às 13h. Desculpo-me por isso”, acrescentou o Pontífice, que em seguida rezou uma ‘Ave Maria’ e abençoou os fiéis. 
Momentos depois, recebeu de presente a imagem de uma virgem entalhada na madeira das ruínas da Catedral, que ficou destruída com o tufão Yolanda. O Papa Francisco quis, todavia, conhecer uma família de pescadores de Tacloban, com quem permaneceu cerca de 10 minutos.
A chuva e o forte vento na cidade não impediram que milhares de cidadãos, cobertos com capas e capuzes, lotassem as ruas para assistir à passagem do papamóvel. 
O avião papal decolou do Aeroporto Daniel Romualdez rumo a Manila às 13h08 (hora local). 
O principal objetivo da visita de Francisco a Tacoblan era, precisamente, consolar as milhares de vítimas das numerosas tempestades que se abatem sobre as Filipinas, especialmente o tufão Yolanda, que deixou mais de 3 mil mortos somente nesta cidade. (CM)
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                                                                   Fonte: radiovaticana.va      news.va

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