Cidade do
Vaticano (RV) - “O presépio propõe-nos um caminho diferente do sonhado pela
mentalidade mundana: é o caminho do abaixamento de Deus, a sua glória escondida
na manjedoura de Belém, na cruz do Calvário, no irmão e na irmã que sofre.”
Foi o que disse
o Papa Francisco na missa celebrada na manhã desta terça-feira, na Basílica de
São Pedro, na solenidade da Epifania do Senhor, cuja festa a Igreja no Brasil
celebrou domingo passado.
Que possamos, como os magos, encontrar a Luz |
Já no início da
homilia, o Santo Padre precisou que é precisamente a propósito dos Magos e do
seu caminho à procura do Messias que a Igreja nos convida hoje a meditar e a
rezar.
“Aquele Menino,
nascido em Belém da Virgem Maria, não veio só para o povo de Israel,
representado pelos pastores de Belém, mas para toda a humanidade, representada
neste dia pelos Magos, vindos do Oriente”, disse o Pontífice.
O Papa Francisco
desenvolveu sua reflexão detendo-se sobre a figura dos Magos e sobre o que eles
representam para nós.
“Estes Magos,
vindos do Oriente, são os primeiros daquela grande procissão de que nos falou o
profeta Isaías” disse o Papa: “uma procissão que nunca se interrompeu desde
então e que, através de todas as épocas, reconhece a mensagem da estrela e
encontra o Menino que nos mostra a ternura de Deus. Há sempre novas pessoas que
são iluminadas pela luz da sua estrela, que encontram o caminho e chegam até
Ele.”
Em seguida,
caracterizando os Magos, Francisco descreveu quem eram eles:
“Segundo a
tradição, os Magos eram homens sábios: estudiosos dos astros, perscrutadores do
céu, num contexto cultural com crenças que atribuíam às estrelas explicações e
influxos sobre as vicissitudes humanas. Os Magos representam os homens e as
mulheres à procura de Deus nas religiões e nas filosofias do mundo inteiro: uma
busca que jamais terá fim.”
Os Magos,
prosseguiu o Papa, indicam-nos o caminho por onde seguir na nossa vida. Eles
procuravam a verdadeira Luz. Andavam à procura de Deus. “Tendo visto o sinal da
estrela, interpretaram-no e puseram-se a caminho, fazendo uma longa viagem.”
Francisco
ressaltou que “foi o Espírito Santo que os chamou e impeliu a pôr-se a
caminho; e, neste caminho, terá lugar também o seu encontro pessoal com o
verdadeiro Deus”.
“No seu caminho,
os Magos encontram muitas dificuldades”, observou o Santo Padre. Em Jerusalém
perdem de vista a estrela e embatem numa tentação: é o engano de Herodes. “O
rei Herodes mostra interesse pelo Menino, não para O adorar, mas para O
eliminar.”
Tendo chegado a
Belém, encontraram “o menino com Maria, sua mãe”. Depois da tentação em
Jerusalém, apareceu aí a segunda tentação, observou Francisco: rejeitar esta
pequenez. Mas não o fizeram; em vez disso, “prostrando-se, adoraram-No”,
oferecendo-Lhe seus preciosos e simbólicos dons.
É sempre a graça
do Espírito Santo que os ajuda: aquela graça que, por meio da estrela, os
chamara e guiara ao longo do caminho, agora, acrescentou, fá-los entrar no
mistério.
“Guiados pelo
Espírito, chegam a reconhecer que os critérios de Deus são muito diferentes dos
critérios dos homens, já que Deus não Se manifesta no poder deste mundo, mas
vem até nós na humildade do seu amor. Assim os Magos são modelo de conversão à
verdadeira fé, porque acreditaram mais na bondade de Deus do que no brilho
aparente do poder.”
A este ponto, o
Papa exortou-nos à reflexão perguntando: Qual é o mistério onde Deus Se
esconde? Onde posso encontrá-Lo?
“Ao nosso redor,
vemos guerras, exploração de crianças, torturas, tráficos de armas, comércio de
pessoas... Em todas estas realidades, em todos estes irmãos e irmãs mais
pequeninos que sofrem por tais situações, está Jesus (cf. Mt 25, 40.45). O
presépio propõe-nos um caminho diferente do sonhado pela mentalidade mundana: é
o caminho do abaixamento de Deus, a sua glória escondida na manjedoura de
Belém, na cruz do Calvário, no irmão e na irmã que sofre.”
Os Magos
entraram no mistério. Passaram dos cálculos humanos ao mistério: esta foi a sua
conversão, disse o Papa, exortando-nos a pedir ao Senhor que nos conceda fazer
o mesmo caminho de conversão vivido pelos Magos.
“Que encontremos
a coragem de nos libertar das nossas ilusões, das nossas presunções, das nossas
«luzes», e que busquemos tal coragem na humildade da fé e possamos encontrar a
Luz, Lumen, como fizeram os santos Magos.” (RL)
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Fonte: cradiovaticana.va news.va
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