Solenidade de Corpus Christi
Nesta
quinta-feira, celebra-se a solenidade de “Corpus Christi”. De tradição
antiquíssima, esta festa, comemorada de modo solene e pública, manifesta a
centralidade da Santa Eucaristia, sacramento do Corpo e Sangue de Cristo: o
mistério instituído na última Ceia e comemorado todos os anos na Quinta-Feira Santa,
após a solenidade da Santíssima Trindade.
Neste dia,
manifesta-se a todos, circundado pelo fervor de fé e de devoção da comunidade
de todos os batizados, o Mistério de Amor que nos foi legado por Cristo, para
memorial eterno de sua Paixão. A Eucaristia, realmente, é o maior tesouro da
Igreja, a preciosa herança que o Senhor Jesus lhe deixou. E, assim, a Igreja
conserva a Eucaristia com o máximo empenho e cuidado, celebrando-a diariamente
na Santa Missa, bem como adorando-a nas igrejas e nas capelas, levando-a como
viático aos doentes que partem para a vida eterna.
Matriz de São José - Celebração de Corpus Christi (2012) |
A Eucaristia
transcende a Igreja: Ela é o Senhor que se doa “pela vida do mundo” (Jo 6,51).
Ontem, hoje e sempre, em todos os tempos e lugares, Jesus quer encontrar o
homem e levar-lhe a vida de Deus. Por isso, a transformação do pão e do vinho
no Corpo e Sangue de Cristo constituiu o princípio da divinização da mesma
criação. Nasce, deste modo, o gesto sugestivo e oportuno de levar Jesus em
procissão pelas ruas e estradas de nossas cidades e comunidades. Levando a
Santíssima Eucaristia pelas vias públicas, queremos imergir o Pão que desceu do
céu na vida quotidiana da nossa vida; queremos que Jesus caminhe onde nós
caminhamos, que viva onde nós vivemos.
O nosso mundo,
as nossas existências devem tornar-se templo da Eucaristia. Somos conclamados a
viver em santidade. Na intimidade com Nosso Senhor Jesus Cristo, presente em
corpo, sangue, alma e divindade nas sagradas espécies de pão e vinho, seremos
testemunhas vivas de seu amor, de sua misericórdia, a partir do momento em que
vivermos por Ele e com Ele, sendo luz do mundo e sal da terra. Com grande
entusiasmo, este momento sagrado, em que Cristo Eucarístico passa pelas ruas de
nossa cidade a nos abençoar, somos soldados perfilados fazendo sua guarda de
honra, somos crentes convictos da fé que professamos, fazendo-o publicamente,
somos filhos amados por Deus que desejamos, mais e mais, viver mais unidos a
Ele, tanto na participação da Eucaristia, quanto na vida exemplar de lídimos
cristãos.
Neste dia santo,
a Eucaristia é tudo para ela, é a sua própria vida, a fonte do amor que vence a
morte. Da comunhão com Cristo Eucaristia brota a caridade que transforma a
nossa existência e ampara-nos no caminho rumo à Pátria Celeste.
Neste préstito
solene que se forma nesta solenidade tão cara à vida espiritual da Igreja,
Cristo ressuscitado percorre os caminhos da humanidade e continua a oferecer a
sua “carne” aos homens, como autêntico “pão da vida” (Jo 6,48,51). Hoje “esta
linguagem é dura” (Jo 6, 50) para a inteligência humana, que permanece como
que esmagada pelo mistério. Para explorar as fascinantes profundidades desta
presença de Cristo sob os “sinais” do pão e do vinho, é necessária a fé, ou
melhor, é necessária a fé vivificada pelo amor. Só aquele que acredita e ama
pode compreender alguma coisa deste inefável mistério, graças ao qual Deus se
faz próximo da nossa pequenez, procura a nossa enfermidade, revela-se por
aquilo que é infinito, o amor que salva.
Precisamente por
isso, a Eucaristia é o centro palpitante da comunidade. Desde o início, na
primitiva comunidade de Jerusalém, os cristãos reuniam-se no Dia do Senhor (Dies
Domini) para renovar na Santa Missa o memorial da morte e ressurreição de
Cristo. O domingo é o dia do repouso e do louvor, mas sem Eucaristia perde-se o
seu verdadeiro significado.
Celebrando Corpus
Christi, queremos renovar nosso autêntico compromisso de batizados, um
compromisso pastoral prioritário da revalorização do domingo e, com ela, da
celebração eucarística: “um compromisso irrenunciável, abraçado não só para
obedecer a um preceito, mas como necessidade para uma vida cristã
verdadeiramente consciente e coerente” (João Paulo II, “Novo Millennio
Ineunte”, 36).
Adorando a
Eucaristia, não podemos deixar de pensar com reconhecimento na Virgem Maria.
Sugere-o o célebre hino eucarístico que cantamos muitas vezes: “Ave, verum
Corpus, natum de Maria Virgine” (“Ave, ó verdadeiro Corpo, nascido da Virgem
Maria). Peçamos hoje à Mãe do Senhor que todos os homens possam saborear a
doçura da comunhão com Jesus e tornar-se, graças ao pão de vida eterna,
participantes do seu mistério de salvação e de santidade.
Padre Wagner Augusto Portugal
Fonte: http://www.catequisar.com.br ..............................................................................................................................................................
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