Jesus subiu aos
céus e está sentado à direita de Deus Pai, todo poderoso (cf. Ef 1,20-21). O
ato de subir é profundamente simbólico. O cristão não pode se contentar com o
lugar em que está, pois ainda não reside em sua casa definitiva. A vida é uma
oportunidade para elevar-se. Se ainda aguardamos nossa “elevação” para a Pátria
definitiva, devemos “crescer rumo a maturidade em Cristo” (Ef 4,13). É preciso
vencer a estagnação, a paralisia que não nos deixa crescer. Sempre somos
perseguidos pelo desejo de permanecer na mediocridade ou de manter sempre os
mesmos hábitos, ou seja, ser vencidos pelo comodismo. Crescer significa romper
a inércia, inovar, recriar, reinventar, mudar... Um pai ou uma mãe não deverão
se contentar com uma vida familiar sem sabor ou com o individualismo dos
filhos, que preferem horas de internet a refeição em comum. As lideranças não
deverão se conformar com os limites da comunidade que segue com as mesmas
estruturas pastorais defasadas, mas terão empenho de transformá-la. Um cristão
deverá se comprometer com o seu crescimento pessoal, com sua vida espiritual,
com o cultivo de si mesmo, com a readequação de suas práticas, com o uma vida
mais voltada para o Evangelho de Jesus. Não podemos nos conformar com a
manutenção da pastoral, da vida espiritual, da vida familiar, de nossa vida
profissional... Jesus subiu para que caminhemos na mesma direção, no mesmo
sentido. A jornada termina no Céu.
O Céu é a nossa
Pátria. A ascensão é a reafirmação de uma verdade fundamental ao cristão: este
mundo passa, o Reino definitivo e glorioso é a nossa meta e esperança. É
preciso ter sempre diante de nós acesa a chama da “esperança do nosso
chamamento” (Ef 1,18). Sim, este mundo com suas dores e limites será
vencido e transformado. O Tempo Pascal nos coloca nesta dinâmica de Céu que se
antecipa, mas ainda é esperança que anima a vida terrena. Ter clara esta
certeza nos dá combustível para o empenho do crescimento pessoal, comunitário e
social. Triste se passarmos pelo mundo sem fazer o bem, sem construir um
sentido, sem amar.
Ele não nos
abandona. O Senhor está no Céu e inaugurou, com sua ascensão, uma nova maneira
de estar presente. Agora é seu Espírito que nos animará. Subir é necessário,
para que esta presença seja garantida até que vejamos a Deus face a face. É
preciso caminhar na certeza do futuro e, ao mesmo tempo, na certeza da presença
do Senhor que nos impulsiona, encoraja e transforma.
No final do
texto do Evangelho de Lucas, os discípulos são abençoados. Não basta
ficar adorando (Lc 24,52) ou olhando para o Céu (At 1,11). Os discípulos devem
voltar para a cidade (Jerusalém). Devem, pois, voltar ao cotidiano, ao lugar em
que estavam. É na normalidade da vida que devem testemunhar o Senhor, mas antes
recebem a sua benção. Também nós, ao final da missa, recebemos a benção para
partir em missão. Ou seja, a benção marca o início do testemunho.
Resta dizer que
os discípulos testemunhavam a alegria (Lc 24,52). Hoje é preciso transformar o
rosto enfezado do legalismo em face inundada pelo sorriso. É esta a marca que
atrairá outros ao mesmo dom. Devemos seguir como testemunhas, não apenas em
Jerusalém (nossa casa), mas na Samaria e em toda Judéia. Ou seja, a Igreja nasce
missionária, com o dever de não se acovardar ou acomodar-se jamais.
Padre Roberto Nentwig
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