"Irmandades, vocês são um tesouro para a Igreja"
Cidade do
Vaticano (RV) – Em uma manhã chuvosa, e numa Praça São Pedro, literalmente
tomada por mais de 70 mil fiéis com seus guarda-chuvas coloridos, o Papa
Francisco celebrou neste domingo a Santa Missa na presença de membros de
irmandades provenientes da Itália e de todo o mundo.
Na sua homilia,
feita em italiano, Papa Francisco inicialmente falou da sua alegria em celebrar
a Eucaristia especialmente dedicada às Irmandades, neste caminho do Ano da Fé.
As irmandades são uma realidade com grande tradição na Igreja, que foi objeto
de renovação e redescoberta nos últimos tempos.
Em seguida,
citando o Evangelho do dia, a passagem tirada dos discursos de despedida de
Jesus, referidos pelo evangelista João no contexto da Última Ceia, o Papa
destacou que Jesus confia aos apóstolos seus últimos pensamentos, como se fosse
um testamento espiritual. O texto deste domingo põe em evidência que toda a fé
cristã está centrada no relacionamento com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
“Quem ama o
Senhor Jesus, no seu íntimo acolhe a Ele e ao Pai e, graças ao Espírito Santo,
acolhe no seu próprio coração e na vida pessoal o Evangelho. Indica-se aqui o
centro do qual tudo deve partir e ao qual tudo deve conduzir: amar a Deus, ser
discípulos de Cristo, vivendo o Evangelho”.
Em seguida
falando aos membros das irmandades recordou que Bento XVI dirigindo-se a eles
em outra ocasião usou palavra a evangelicidade.
“Queridas
Irmandades, a piedade popular, de que sois uma importante manifestação, é um
tesouro que a Igreja tem e que os bispos latino-americanos, significativamente,
definiram como uma espiritualidade, uma mística, que é um «espaço de encontro
com Jesus Cristo». Bebei sempre em Cristo, fonte inesgotável; reforçai a vossa
fé, tendo a peito a formação espiritual, a oração pessoal e comunitária, a
liturgia. Caminhai decididamente para a santidade; não vos contenteis com uma
vida cristã medíocre, mas a vossa pertença sirva de estímulo, a começar por vós
mesmos, para amar mais a Jesus Cristo”.
Sobre a passagem
dos Atos dos Apóstolos Papa Francisco diz que a mesma nos fala do que é
essencial. Na Igreja nascente, houve imediatamente necessidade de discernir o
que é essencial, e o que não o é, para uma pessoa ser cristã, para seguir
Cristo. Os apóstolos e os demais anciãos fizeram uma reunião importante em
Jerusalém, o primeiro «concílio», sobre este tema, devido aos problemas que
surgiram depois que o Evangelho havia sido pregado aos pagãos, aos não judeus.
Tratou-se de uma ocasião providencial para compreender melhor o que é
essencial: acreditar em Jesus Cristo morto e ressuscitado pelos nossos pecados
e amarmo-nos como Ele nos amou. “Notai, porém, - sublinhou Papa Francisco -
como as dificuldades foram superadas, não fora, mas dentro da Igreja”.
E aqui o Santo
Padre dá um segundo elemento, como fez Bento XVI: a eclesialidade. A piedade
popular é uma estrada que leva ao essencial, se for vivida na Igreja em
profunda comunhão com os Pastores.
Os bispos
latino-americanos escreveram que a piedade popular, de que sois expressão, é
«uma maneira legítima de viver a fé, um modo de se sentir parte da Igreja»
(Documento de Aparecida, 264). Amai a Igreja! Deixai-vos guiar por ela! Nas
paróquias, nas dioceses, sede um verdadeiro pulmão de fé e de vida cristã.
Nesta Praça, vejo uma grande variedade de cores e de sinais. Assim é a Igreja:
uma grande riqueza e variedade de expressões em que tudo é reconduzido à unidade,
ao encontro com Cristo.
A terceria
palavra, que deve caracterizar as irmandades, disse ainda Papa Francisco é a
missionariedade.
Vós tendes a
missão específica e importante de manter viva a relação entre a fé e as
culturas dos povos a que pertenceis, e fazei-lo através da piedade popular.
Quando, por exemplo, levais em procissão o Crucifixo com tanta veneração e amor
ao Senhor, não cumpris um mero ato exterior; mas indicais a centralidade do
mistério pascal do Senhor, da sua Paixão, Morte e Ressurreição... é preciso
seguir Cristo ao longo do caminho concreto da vida para que nos transforme.
De igual modo,
destacou Papa Francisco quando manifestam uma profunda devoção pela Virgem
Maria, apontam a mais alta realização de existência cristã: Aquela que, pela
sua fé e obediência à vontade de Deus e também pela sua meditação da Palavra e
das ações de Jesus, é a discípula perfeita do Senhor.
“Sede também vós
verdadeiros evangelizadores! As vossas iniciativas sejam «pontes», estradas que
levem a Cristo a fim de caminhardes com Ele. E, neste espírito, permanecei
sempre atentos à caridade. Cada cristão e cada comunidade é missionária na
medida em que transmite e vive o Evangelho e testemunha o amor de Deus por
todos, especialmente por quem se encontra em dificuldade. Sede missionários do
amor e da ternura de Deus!"
Portanto, concluiu Papa Francisco:
“evangelicidade, eclesialidade, missionariedade. Peçamos ao Senhor que oriente
sempre a nossa mente e o nosso coração para Ele, como pedras vivas da Igreja,
para que cada uma das nossas atividades e toda a nossa vida cristã sejam um
luminoso testemunho da sua misericórdia e do seu amor”. (SP)
Fontes: www.news.va www.radiovaticana.va
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