Solenidade de Pentecostes
O Espírito Santo
atua na história e em nossas vidas; é Deus mesmo habitando os nossos corações.
Mas o Espírito Santo é ainda muito desconhecido e não devidamente nomeado. A
piedade popular conserva a famosa Festa do Divino, representando o Espírito
Santo como uma pomba branca. Mas, dificilmente nomeia a terceira pessoa da
Trindade como “Espírito Santo”. Ainda temos dificuldade para atribuirmos ao
Espírito as suas ações. Quem faz as coisas, no dizer do povo, é Jesus, ou Deus,
o Santo de devoção... A presença do Espírito Santo é mais enfatizada nos
movimentos pentecostais, quando se fala de sua ação extraordinária: curas,
milagres, êxtases... Ainda é necessária uma catequese mais profunda sobre o
Espírito, para que tenhamos consciência de que Ele age e está presente na
Igreja e no mundo, como reconheceu a Igreja Primitiva depois de Pentecostes.
Hoje, no
Evangelho, o Ressuscitado sopra o Espírito. O Antigo Testamento usa o termo Ruah para
revelar o que o Novo Testamento revela como uma pessoa divina: significa sopro,
respiração, ar, vento. O Espírito, portanto, é o hálito de Deus, o sopro divino
que nos move. Como o vento tem o seu dinamismo, como o ar nos faz viver, assim
é o Espírito de Deus. Quando paramos de respirar, depois de um breve período de
tempo, sentimos o desconforto. Sem o ar, não temos vida. Do mesmo modo, sem o
Espírito nada vive. Quando vemos um cadáver, vemos um corpo sem o sopro divino
que o animava. Por outro lado, basta voltar os olhos para qualquer pessoa viva
e veremos nela o ânimo do Espírito de Deus.
Somos muito
acostumados a perceber a maldade do mundo. Deveríamos treinar o nosso olhar
para perceber o sopro de Deus que age no mundo. Quando a Boa Nova é proclamada,
quando celebramos os sacramentos, no casal que demonstra afeto, no sorriso de
uma criança, nos sonhos que nos movem, em todos estes gestos de bondade está o
Espírito de Deus. Quando há amor, lá está o Espírito Santo agindo. Se houve e
há pessoas como uma Zilda Arns, uma Madre Teresa é porque o Espírito continua
agindo para que o amor aconteça. Graças ao Espírito, a nossa história não é
apenas explicada pelo mistério da iniquidade. É também explicada por gestos de
doação pelos pobres e doentes, é explicada por heroísmos que acontecem dentro
dos lares, e por pessoas que dedicam a sua vida para fazer o bem.
Quando Jesus
sopra sobre os discípulos o seu Ruah, significa que eles são novas
criaturas, surgindo uma nova criação: agora agimos não por nós mesmo, mas pelo
sopro de Deus. Jesus quer que sua obra continue pela Igreja, e até mesmo fora
dela. Ele deseja que seu Ruah sopre com muita força. Por isso, espera
de cada um de nós uma abertura grande de coração, para que exista espaço para
este vento agir.
Uma importante
graça oferecida em Pentecostes é a unidade. A diversidade dos povos que se
entendem nos Atos dos Apóstolos é sinal da unidade perdida em Babel, quando
ninguém se comunicava, pois falavam línguas diversas. Animada pelo Espírito
Santo, a Igreja congrega uma diversidade que fala a mesma língua – a língua do
amor. É uma pena que presenciemos tanta confusão e desunião. Por vezes, em
nossas comunidades, cada pessoa e pastoral fala uma língua diferente. O desejo
do Espírito é a unidade. Quando esta não existe, falta o Espírito. O Espírito
Santo congrega todos os povos, traz a consciência da universalidade da Igreja
que não está restrita a nenhum povo ou cultura, pois o Espírito é uma oferta
para todos os povos e raças, agindo também nas várias religiões. Que, por Ele,
tenhamos o coração aberto para reconhecer sua presença e construamos Nele a
unidade maculada pelo pecado.
Padre Roberto
Nentwig
Fonte: www. catequeseebiblia.blogspot.com.br Ilustração: www.blog.cancaonova.com
............................................................................................................................................................
Nenhum comentário:
Postar um comentário