Domingo da Santíssima Trindade
“Alguns de nós
acreditam que Deus é Todo-Poderoso e que pode fazer tudo, e que Deus é
Todo-Sabedoria e sabe como fazer tudo. Mas que Deus é Todo-Amoroso e quer amar
tudo, aqui nós nos contemos. E essa ignorância atrapalha a maioria dos amantes
de Deus, como eu vejo (...) Deus quer ser pensado como nosso Amante” (Julian de
Norwich, místico anacoreta, que viveu entre 1342 e 1416). Substituir o Deus-poder pelo Deus-Amor é
tarefa da nova evangelização. O mistério da Santíssima Trindade é a proclamação
desta verdade.
Representação da Santíssima Trindade |
Deus é amor em
si mesmo. Pelo mistério trinitário sabemos que Deus não está sozinho: não é uma
solidão de um, mas um amor triúno e solidário, uma comunhão de três. As pessoas
trinitárias se interpenetram umas às outras no diálogo perfeito, uma abertura
perfeita, perfeita comunhão de amor. Na Trindade, cada pessoa dá espaço para a
habitação das demais pessoas trinitárias: o Pai é morada do Filho e o Filho é
morada do Pai; o Espírito repousa no Filho e encontra nele a sua habitação. Em
cada pessoa trinitária há a capacidade de dar espaço. Há uma
diversidade que não deixa de ser uma.
Deus é amor para
fora de si mesmo. A Sabedoria (=Verbo Eterno) já estava com o Pai antes da
criação do mundo e nos ama antes da origem de tudo, sonhando-nos no amor (cf.
Ef 1,3-4). Ao criar tudo o que existe, molda o mundo e antecipa a obra da
criação no seu amor, premeditando uma obra cheia de beleza e carinho: “Assim
fala a sabedoria de Deus: O Senhor me possuiu como primícias de seus caminhos,
antes de suas obras mais antigas; desde a eternidade fui constituída, desde o
princípio, antes das origens da terra” (Pr 8, 22-23). A alegria de Sabedoria
Eterna é moldar o mundo e participar da história da criação: “eu era o seu
encanto, dia após dia, brincando, todo o tempo, em sua presença, brincando na
superfíce da terra e alegrando-me em estar com os filhos dos homens” (Pr 8,30).
Na plenitude dos
tempos, a Sabedoria (O Verbo) veio até nós para nos revelar o seu amor, para
nos redimir, para que tenhamos acesso a Deus: (cf. Rm 5,1-2). O Filho envia do
Pai o seu Espírito: Espírito da Verdade que nos ensina e nos aconselha (Jo
16,13), Espírito de amor que se derrama em nossos corações (Rm 5,5). É por ele
que podemos vencer toda tribulação, porque sentimos dentro de nós a sua
presença, um amor sem limites que vive em nós.
Quando
experimentamos a graça Trinitária, mediada em Cristo Jesus, entendemo-nos
amados, criados, redimidos e santificados. Em primeiro lugar, a Trindade nos
afeta pessoalmente. Num segundo momento, ao cultivarmos a intimidade com o Deus
Trindade, aceitamos livremente o dom de Deus e nos tornamos colaboradores de
sua ação no mundo. Por meio do Espírito Santo, cada pessoa é convidada a
conformar à vida à Cristo e a dar continuidade ao plano da salvação de Deus
Pai. Ao contemplarmos que Deus é mais amor do que poder, saímos de nós mesmos
para sermos reflexos da Trindade, reflexos do amor no mundo. Somos como que “trindadezinhas” andando
pelo mundo.
Padre Roberto
Nentwig
Fonte: www.catequeseebiblia.blogspot.com.br Ilustração: www.vocacionalmaristella.blogspot.com.br
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