“Jamais percamos a confiança na paciente misericórdia de Deus”
Cidade do
Vaticano (RV) – Na tarde deste domingo, o Papa Francisco tomou posse da
sua Cátedra na Basílica de São João de Latrão, a Catedral de Roma, com uma
solene cerimônia na qual ressaltou a paciência e a misericórdia de Deus.
Chegando à
Basílica a bordo do papamóvel em meio ao entusiasmo dos fiéis e peregrinos
presentes que o aguradavam, pouco antes, o Santo Padre abençoara, na praça
diante do vicariato, a placa toponomástica que muda o nome do lugar para
"Praça João Paulo II, Pontífice de 1978 a 2005".
Na sua homilia,
comentando as leituras do dia, falou da relutância de Tomé em acreditar nos
demais apóstolos, quando lhe dizem «Vimos o Senhor».
E qual é a
reação de Jesus? A paciência: Jesus não abandona Tomé, não fecha a porta,
espera. E Tomé acaba por reconhecer a sua própria pobreza, a sua pouca fé.
Também Pedro renegou por três vezes Jesus. Quando toca o fundo, encontra o
olhar de Jesus que, com paciência e sem palavras, lhe diz: «Pedro, não tenhas
medo da tua fraqueza, confia em Mim».
“Como é belo
este olhar de Jesus! Quanta ternura! Irmãos e irmãs, jamais percamos a
confiança na paciente misericórdia de Deus!” – exortou o Pontífice.
Papa Francisco na cátedra de São João de Latrão |
Este é o estilo
de Deus: não é impaciente como nós, que muitas vezes queremos tudo e imediatamente,
mesmo quando se trata de pessoas. Ele é paciente conosco, porque nos ama; e
quem ama compreende, espera, dá confiança, não abandona, não corta as pontes,
sabe perdoar.
“Recordemo-lo na
nossa vida de cristãos: Deus sempre espera por nós, mesmo quando nos afastamos!
Ele nunca está longe e, se voltarmos para Ele, está pronto a abraçar-nos.”
Todavia,
destacou Francisco, a paciência de Deus deve encontrar em nós a coragem de
regressar a Ele, qualquer que seja o erro, qualquer que seja o pecado na nossa
vida.
Talvez alguém
possa pensar: o meu pecado é tão grande, o meu afastamento de Deus é como o do
filho mais novo da parábola, a minha incredulidade é como a de Tomé; não tenho
coragem para voltar, para pensar que Deus me possa acolher e esteja à espera
precisamente de mim.
“Mas é
precisamente por ti que o Senhor espera!” – disse com veemência o Papa e
continuou: “Só te pede a coragem de ires ter com Ele. Ouvimos tantas propostas
do mundo ao nosso redor; mas deixemo-nos conquistar pela proposta de Deus: a
proposta Dele é uma carícia de amor. Para Deus, não somos números; somos
importantes, antes, somos o que Ele tem de mais importante.”
É precisamente
sentindo o meu pecado, disse o Papa, olhando o meu pecado que posso ver e
encontrar a misericórdia de Deus, o seu amor, e ir até Ele para receber o seu
perdão.
“Amados irmãos e
irmãs, deixemo-nos envolver pela misericórdia de Deus; confiemos na sua
paciência, que sempre nos dá tempo; tenhamos a coragem de voltar para sua casa,
habitar nas feridas do seu amor deixando-nos amar por Ele, encontrar a sua
misericórdia nos Sacramentos. Sentiremos a sua ternura, sentiremos o seu
abraço, e ficaremos nós também mais capazes de misericórdia, paciência, perdão
e amor.”
A posse da
Cátedra foi feita logo no início da Missa. Depois, alguns representantes da
diocese manifestaram, em nome da Igreja de Roma, a obediência e a filial
devoção ao próprio bispo.
Na Missa de
início de pontificado, a obediência foi prestada por seis cardeais,
representando todo o Colégio Cardinalício. Desta vez, na Catedral da Diocese de
Roma, foi prestada por representantes de vários membros da comunidade eclesial:
o cardeal-vigário, um bispo auxiliar, um pároco, um vice-pároco, um religioso,
uma religiosa, uma família e dois jovens (uma moça e um rapaz).
Concelebraram
com o Santo Padre o Vigário de Roma, Card. Agostino Vallini, o Vigário emérito,
Card. Camillo Ruini, o conselho episcopal da diocese e o conselho dos párocos
prefeitos.
Antes de deixar
a Basílica o Santo Padre assomou à sacada da Igreja-Catedral para mais uma vez
saudar os milhares de fiéis que, em clima de festa, aguardavam-no do lado de
fora. Francisco pediu orações dizendo precisar muito das orações dos fiéis
convidando-os a caminharem junto, povo e bispo. Por fim, concedeu mais uma vez
a sua Bênção. (BF)
Fontes: www.radiovaticana.va www.news.va
Nenhum comentário:
Postar um comentário