4º da Páscoa - 21 de abril
Podemos chamar
este dia de domingo do Bom Pastor. O Evangelho nos remete a
um dos salmos mais conhecidos, o Salmo 23: “O Senhor é o meu pastor, nada me
faltará. Em verdes prados me faz repousar. Conduz-me junto às águas
refrescantes...” Devemos hoje contemplar e alimentar o nosso coração com esta imagem:
somos pequenas ovelhinhas nas mãos do Pastor. Ele nos dá proteção e segurança.
No tempo de
Jesus, no fim da tarde, os pastores reuniam as ovelhas em um local para passar
a noite. De manhã, ao grito do pastor, todas as ovelhas se juntavam, seguindo
uma voz de comando, uma espécie de senha que realizava de modo automático a
comunhão do rebanho. É neste contexto que devemos entender as palavras do
Evangelho: “As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me
seguem” (Jo 10, 27).
As ovelhas têm
uma intimidade com o seu pastor, por isso, sua voz é ouvida e seguida. Quando
duas pessoas se amam, a voz tem um poder que cria uma reação espontânea.
Portanto, escutar a Palavra é algo muito mais profundo do que ler a Bíblia e
entender a sua mensagem, é antes de tudo, um vínculo de amor e de seguimento.
A Palavra do
Pastor é o que faz a coesão do rebanho. Aqui fica evidente o significado do
termo igreja (vem de ekklesia = povo convocado). É a
Palavra que convoca o Povo de Deus e é pela Palavra que somos constituímos
cristãos, discípulos. Por isso, é necessária a escuta atenta à Palavra, para
que o nosso coração seja fortalecido e para que saibamos quais são os caminhos
que devemos andar. Além da Missa, a leitura orante da Sagrada Escritura é uma ótima
oportunidade para que tenhamos intimidade com a Palavra de Deus: a melhor
escuta é aquela realizada no silêncio do coração em atitude orante, na abertura
do Espírito.
As ovelhas
conhecem a voz do Pastor. No Evangelho de João, o verbo conhecer tem
uma conotação existencial: quem conhece está em comunhão, comprometido, teve em
sua vida uma mudança motivada pela fé. Portanto, escutar a voz do
Pastor e conhecer este mesma voz são duas ações que se complementam.
O que o Bom Pastor nos pede hoje?
As ovelhas são
um povo perseguido, a sua marca é a fidelidade mesmo diante das perseguições. Na
1ª Leitura, Paulo e Barnabé foram para Antioquia da Pisídia e começaram a
evangelizar. Como os judeus, na sua maioria, não quiseram dar ouvidos
à Boa Nova, os apóstolos começaram a pregar para os gentios. Foram expulsos da
região dos judeus, mas continuaram a missão, não se deixaram esmorecer. Na 2ª
Leitura, vemos uma multidão que alvejou as suas vestes no sangue do Cordeiro.
Trata-se da Igreja perseguida por Domiciano, imperador romano. Esta multidão
com vestes de sangue representam também todos os cristãos que deram a sua vida
em nome do Senhor ou que sentiram as dores que advém da opção pela proposta de
Jesus.
Diante das
ameaças, o Senhor não nos abandona, pois prometeu que estaria conosco: “E Deus
enxugará as lágrimas de seus olhos” (Ap 7,17). O Bom Pastor não nos
deixará sucumbir em meio a dor. Devemos seguir o caminho, mesmo que por vezes,
vivamos em um vale de lágrimas, como se reza na Salve Rainha. Deus enxuga
cada lágrima, ele se preocupa com a nossa dor, com a nossa tristeza, com a
perseguição de suas ovelhas. Recebamos o consolo do Pastor que nos abraça.
Padre Roberto
Nentwig
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