1ª Leitura: At 5,27b-32.40b-41 Salmo: 29 2ª Leitura: Ap 5,11-14
Evangelho: Jo 21,1-19
Depois disso, Jesus apareceu de novo aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades. A aparição foi assim: Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Gêmeo, Natanael, de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos dele. Simão Pedro disse a eles: “Eu vou pescar”. Eles disseram: “Nós vamos contigo”. Saíram, entraram no barco, mas não pescaram nada naquela noite. Já de manhã, Jesus estava aí na praia, mas os discípulos não sabiam que era Jesus. Ele perguntou: “Filhinhos, tendes alguma coisa
“Lançai as redes ...” |
Reflexão
Na força do
Ressuscitado, a Igreja iniciou o seu trabalho evangelizador como nos testemunha
o livro dos Atos dos Apóstolos. Duas são as reações provocadas: empatia e
hostilidade. De um lado, os cristãos eram estimados por todos (At 4,33) pois
não proclamavam uma verdade teórica, mas um novo modo de viver (At
5,20). Por outro lado, os cristãos eram perseguidos, porque falavam em nome do
Senhor Jesus.
Hoje, ainda
percebemos esta dupla reação. Mas é preciso ter clareza de que o mais
importante é o testemunho, não as palavras. É preciso também reconhecer os
limites dos cristãos, que pela falta de testemunho criam barreiras para que o
mundo se encante pelo Evangelho. No caso da Igreja como instituição, é preciso
um constante exame de consciência, reconhecendo que a igreja está em contínua
reforma - Ecclesia semper reformanda.
No Evangelho,
vemos que os discípulos ainda não haviam se deixado tocar totalmente pela força
do Ressuscitado. Estavam em um estágio bem diferente daquele relatado na
primeira leitura, ou seja, sem vitalidade. Mesmo tendo visto o Senhor, voltaram
às atividades cotidianas. Além disso, realizavam um trabalho vão, pois não
pescaram nada.
A presença de
Cristo causou uma transformação, iniciada com uma provocação de fé: “joguem a
rede do lado direito!” Deviam confiar, abrindo-se para a graça da fé, obedecer
mesmo quando parecia improvável. Jogaram a rede do lado direito, que simboliza
o lado das bênçãos, dos escolhidos (lá é o lugar dos benditos do Pai: cf. Mt
25), o lado da consciência, do sentido da vida. Devem, com esta atitude,
lembrar que são escolhidos e agraciados, tendo consciência do sentido que o
Senhor Ressuscitado traz para suas vidas. Devem deixar o estado de marasmo,
abandonar a tristeza e abraçar a alegria, o sentido da vida e da missão. Agora
a barca da Igreja vai pescar, e em sua rede caberá todos os tipos de peixes,
simbolizados pelo número 153.
O maior milagre,
no entanto, não foi a pesca. Mais importante foi a transformação de vida
operada nos discípulos. Mais ainda a transformação de Pedro: de negador e
temeroso em apóstolo do amor. Permitiu que a omissão e um coração vacilante se
convertessem em amor ao Mestre: “Sim, Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que eu te
amo”.
Hoje a Palavra
de Deus nos convida a uma transformação. As dificuldades (perseguições) devem
se tornar alegria, à exemplo dos apóstolos ao saírem do Sinédrio, como nos diz
o Salmo: “transformastes o meu pranto em uma festa” (Sl 29,12). Devemos
transformar nosso coração temeroso e sem vitalidade em um coração cheio de vida,
tocado pelo dinamismo do Ressuscitado. Para tanto, será necessário encher a
vida de amor como Pedro o fez. Nosso apóstolo não fez uma confissão de fé como
Tomé, mas uma confissão de amor que o tornou apto para conduzir a Igreja
primitiva: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”.
Pe. Roberto
Nentwig
Fonte: catequeseebiblia.blogspot.com.br Banner: cnbb.org.br Ilustração: ecclesia.com.br
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