Vamos estender a mão e ver Jesus nos pobres
Neste domingo
(15), a data instituída pelo próprio Pontífice foi celebrada na Basílica de São
Pedro ao lembrar também dos milhões de novos pobres que surgiram com o
pandemia. Francisco insistiu para sermos servos fiéis a Deus, estendendo a mão
aos pobres que encontramos diariamente: “peçamos a graça de ver Jesus nos
pobres”, “a graça de sermos cristãos não em palavras, mas em obras”.
A parábola dos
talentos
Na homilia, ao
comentar a parábola dos talentos (Mt 25, 14-30) do Evangelho do dia, o
Pontífice refletiu sobre o início, o centro e o fim da vida. O início, quando o
patrão confiou os talentos, ou seja, as riquezas monetárias aos servos, também
Deus o fez conosco:
O Papa destacou
a importância de sempre lembrar dessa graça recebida, ao invés de olhar para a
nossa vida e ceder à tentação que, o próprio Pontífice define como “quem dera…”:
quem dera se eu tivesse aquele emprego, aquela casa, dinheiro e sucesso, se não
tivesse tal problema, quem dera que eu tivesse pessoas melhores ao meu redor.
Essa é a “ilusão do ‘quem dera’”, enalteceu Francisco, que nos impede “de ver o
bem e nos faz esquecer os talentos que possuímos”.
A fidelidade a
Deus é servir aos pobres
O Pontífice
então abordou o centro da parábola: a atividade dos servos, isto
é, o serviço, que representa a nossa atividade, que faz frutificar os
talentos e dá sentido à vida. Um estilo de serviço identificado pelos servos
bons que, no Evangelho, “são aqueles que arriscam”, disse Francisco.
Por exemplo, se não se investir e não se fazer o bem, ele acaba se perdendo:
Segundo o
Evangelho, recordou o Papa, “não há fidelidade sem risco”: “é triste quando um
cristão se coloca à defesa, prendendo-se apenas à observância das regras e ao
respeito dos mandamentos. Isso não basta!”, disse Francisco, pois são cristãos
que sempre têm medo do risco, são “mumificados”. O servo preguiçoso da
parábola, por exemplo, escondido atrás de um medo inútil, foi classificado de
mau:
“E, contudo, não
fez nada de mal… É verdade! Mas, de bom, também não fez nada. Preferiu pecar
por omissão do que correr o risco de errar. Não foi fiel a Deus, que gosta de
Se dar; e fez-Lhe a ofensa pior: devolver-Lhe o dom recebido. Ao contrário, o
Senhor convida a envolver-nos generosamente e a vencer o temor com a coragem do
amor, a superar a passividade que se torna cumplicidade. Nestes tempos de
incerteza e fragilidade que correm, não desperdicemos a vida pensando só em nós
mesmos, com aquela postura da indiferença.”
A fidelidade a
Deus é servir aos pobres, que estão ao centro do Evangelho, que nos enriquecem
no amor, salientou o Papa, sobretudo se pensamos a quem devemos servir durante
o Natal:
“A maior pobreza
que devemos combater é a nossa pobreza de amor. O livro dos Provérbios
elogia uma mulher diligente e caritativa, cujo valor é superior ao das pérolas:
devemos imitar esta mulher que, como diz o texto, ‘abre a mão ao indigente’
(Prv 31, 20). Em vez de exigir o que te falta, estende a mão a quem passa
necessidade: assim multiplicarás os talentos que recebeste.”
A graça de ver
Jesus nos pobres
Ao final da
parábola ou no fim da vida e “do espetáculo”, como disse o Papa citando São
João Crisóstomo, será retirada “a máscara da riqueza e da pobreza”, será
desvendada a realidade do poder e do dinheiro ou das obras do amor e da doação.
“Se não queremos viver pobremente, peçamos a graça de ver Jesus nos pobres,
servi-Lo nos pobres”, comentou Francisco, que finalizou a homilia trazendo o
exemplo de servos fiéis de Deus que não se falam, como no Padre Roberto
Malgesini, assassinado em 15 de setembro deste ano por um dos pobres que
servia:
“Este padre não
fazia teorias; simplesmente, via Jesus no pobre; e o sentido da vida, em
servir. Enxugava lágrimas com mansidão, em nome de Deus que consola. O início
do seu dia era a oração, para acolher o dom de Deus; o centro do dia, a
caridade para fazer frutificar o amor recebido; o final, um claro testemunho do
Evangelho. Esse homem compreendera que devia estender a sua mão aos inúmeros
pobres que encontrava diariamente, porque em cada um deles via Jesus. Irmãos e
irmãs, peçamos a graça de ser cristãos não em palavras, mas em obras... para
dar fruto, como Jesus deseja.”
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Papa no Angelus:
Repetir sempre ao coração que "o pobre sou eu"
Francisco, ao
comentar a parábola dos talentos, trouxe novamente ao centro o Dia Mundial dos
Pobres celebrado neste domingo (15). O Pontífice falou do perigo da lógica da
indiferença e convidou, particularmente os cristãos, a repetir sempre ao
coração que "o pobre sou eu". E o Papa insistiu: “você não está
sozinho na vida: há pessoas que precisam de você. Não seja egoísta: estenda a
sua mão aos pobres".
Andressa Collet – Vatican News - No Angelus deste penúltimo domingo do ano litúrgico, o Papa Francisco voltou a comentar a famosa parábola dos talentos (cf. Mt 25,14-30), do Evangelho de hoje, “que vale para todos, mas, como sempre, especialmente aos cristãos”. Ela faz parte do discurso de Jesus sobre os últimos tempos, que precede imediatamente a sua Paixão, Morte e Ressurreição.
A parábola fala
de um senhor rico que deve partir e confia os bens a três servos, distribuídos
de acordo com as habilidades de cada um. Como faz Deus conosco, disse
Francisco, que nos conhece bem, “sabe que não somos iguais e não quer
privilegiar ninguém em detrimento dos outros”, mas confia a cada um segundo as
suas capacidades.
Dia Mundial dos
Pobres
O Papa fez
referência ao próprio Dia Mundial dos Pobres, celebrado neste domingo (15), e
falou do perigo da lógica da indiferença, convidando os cristãos a estender a
mão aos pobres:
“Você não está
sozinho na vida: há pessoas que precisam de você. Não seja egoísta: estenda a
sua mão aos pobres. Todos nós recebemos de Deus um ‘patrimônio’ como seres
humanos, uma riqueza humana, seja ela qual for. E, como discípulos de Cristo,
também recebemos a fé, o Evangelho, o Espírito Santo, os Sacramentos e muitas
outras coisas... Esses dons devem ser usados para fazer o bem, para fazer o bem
nesta vida, como serviço a Deus e aos irmãos.”
Especialmente
hoje a Igreja motiva a usar os dons de Deus e colocar a serviço dos mais
necessitados, insistiu Francisco, alertando que é preciso olhar para os pobres
que são em muitos nas nossas cidades:
“Devemos fazer o
bem, sair de nós mesmos e olhar, olhar para aqueles que mais precisam. Há tanta
fome, mesmo no coração das nossas cidades, e muitas vezes entramos naquela
lógica da indiferença: o pobre está ali e nós olhamos para o outro lado.
Estenda a sua mão ao pobre: é Cristo. Sim, alguns dizem: ‘Mas, esses padres,
esses bispos que falam dos pobres, dos pobres... nós queremos que falem da vida
eterna!’ Olha, irmão e irmã, os pobres estão no centro do Evangelho: foi Jesus
quem nos ensinou a falar aos pobres, foi Jesus quem veio pelos pobres. Estenda
a sua mão aos pobres. Você recebeu tantas coisas e deixa o seu irmão e a sua
irmã morrer de fome?”
O Papa então
convidou todos os cristãos a repetir ao coração duas coisas: estender a mão
ao pobre e que “o pobre sou eu”.
Aprender com o
exemplo de Maria
Francisco também trouxe o exemplo de Maria, de quem devemos aprender a receber os dons para fazer o bem: ela recebeu Jesus de Deus e “não o guardou para si mesma, ela o entregou ao mundo, ao seu povo”.
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