Recordamos, com gratidão,
o testemunho dos cardeais e bispos falecidos
"A vida dum
servidor do Evangelho é animada pelo desejo de agradar ao Senhor em tudo: este
é o critério de cada uma das suas opções, de cada passo que tem de dar",
disse Francisco na homilia da missa em sufrágio dos cardeais e bispos falecidos
no decurso do último ano.
Mariangela
Jaguraba - Vatican News - O Papa Francisco celebrou a missa de sufrágio, nesta
quinta-feira (05/11), na Basílica de São Pedro, pelos cardeais e bispos
falecidos nos últimos doze meses.
A homilia do
Santo Padre foi centrada na autorrevelação de Jesus: «Eu sou a Ressurreição e a
Vida. Quem crê em mim, mesmo que tenha morrido, viverá. E todo aquele que vive
e crê em mim não morrerá para sempre». “A luz imensa que irradia destas
palavras prevalece sobre a escuridão do grave luto causado pela morte de
Lázaro. As palavras de Jesus fazem com que a esperança de Marta se desloque dum
longínquo futuro para o presente: a ressurreição já está perto dela, presente
na pessoa de Cristo”, disse Francisco.
Somos chamados a
crer na ressurreição
Hoje, a
revelação de Jesus interpela a todos nós: somos chamados a crer na
ressurreição, não como numa espécie de miragem que surge ao longe no horizonte,
mas como um acontecimento presente, que misteriosamente já nos toca agora.
Contudo esta fé na ressurreição não ignora nem dissimula a desolação que
sentimos, humanamente, perante a morte.
“Neste dia, é a
nós que o Senhor repete: «Eu sou a Ressurreição e a Vida». E nos chama a
renovar o grande salto da fé, entrando desde agora na luz da Ressurreição:
«Todo aquele que vive e crê em mim não morrerá para sempre. Crês nisto?».
Quando se verifica este salto, muda o nosso modo de pensar e ver as coisas.
Transcendendo o visível, o olhar da fé de certa maneira vê o invisível. Então
cada acontecimento é avaliado à luz doutra dimensão: a da eternidade”, frisou o
Papa.
No Livro da
Sabedoria, a morte prematura dum justo é vista a partir duma perspectiva
diferente da que é comum: «Tendo-se tornado agradável a Deus, foi amado por Ele
e, como vivia entre os pecadores, foi transferido por Deus (...), a fim de que
a malícia não lhe corrompesse a inteligência nem a astúcia lhe corrompesse a
alma».
“Na perspectiva
da fé, aquela morte aparece, não como uma desgraça, mas como um ato
providencial do Senhor, cujos pensamentos não coincidem com os nossos.”
Ir mais além da
imagem que temos da morte
Ao rezar pelos
cardeais e bispos falecidos no decurso deste último ano, pedimos ao Senhor que
nos ajude a considerar corretamente a sua parábola existencial. Pedimos-lhe
para dissolver esta tristeza negativa, que às vezes se apodera de nós, como se
tudo acabasse com a morte. Trata-se dum sentimento distante da fé, que se vem
juntar ao medo humano de ter que morrer e do qual ninguém se pode considerar
totalmente imune.
Segundo o Papa,
“diante do enigma da morte, o fiel deve converter-se continuamente:
diariamente, somos chamados a ir mais além da imagem que, instintivamente,
temos da morte como aniquilação total duma pessoa; transcender a aparência
visível, os pensamentos prefixados e óbvios, as opiniões comuns, para nos
confiarmos inteiramente ao Senhor que declara: «Eu sou a Ressurreição e a Vida.
Quem crê em mim, mesmo que tenha morrido, viverá. E todo aquele que vive e crê
em mim não morrerá para sempre»”.
Fidelidade à
vontade divina
Para Francisco,
“estas palavras, acolhidas com fé, fazem com que a oração pelos nossos irmãos
falecidos seja verdadeiramente cristã; e nos permitem ter também uma visão
verídica da sua existência: compreender o sentido e o valor do bem que
realizaram, da sua fortaleza, do serviço e amor doados de forma altruísta;
compreender o que significa viver aspirando, não a uma pátria terrena, mas a
uma melhor, isto é, à pátria celeste”, e acrescentou:
A oração em
sufrágio dos defuntos, elevada com a confiança de que vivem junto de Deus,
espalha os seus benefícios também sobre nós, peregrinos aqui na terra. Ela nos
educa a uma visão verdadeira da vida; nos revela o sentido das tribulações,
pelas quais é preciso passar para entrar no Reino de Deus; nos abre para a verdadeira
liberdade, dispondo-nos para a busca contínua dos bens eternos.
“A vida dum
servidor do Evangelho é animada pelo desejo de agradar ao Senhor em tudo: este
é o critério de cada uma das suas opções, de cada passo que tem de dar.
Recordamos, com gratidão, o testemunho dos cardeais e bispos falecidos, que
viveram na fidelidade à vontade divina; rezamos por eles procurando seguir o
seu exemplo. Que o Senhor derrame sempre o seu Espírito de sabedoria sobre nós,
particularmente neste tempo de provação. Sobretudo nas horas em que o caminho
se torna mais difícil, Ele não nos abandona, permanece conosco, fiel à sua
promessa: «Eu estarei sempre com vocês até o fim dos tempos»”, concluiu o Papa.
Bispos do
episcopado brasileiro falecidos nos últimos doze meses:
1) Ercílio
Turco, bispo emérito de Osasco
2) Girônimo
Zanandréa, bispo emérito de Erexim
3) José Mauro
Ramalho de Alarcón Santiago, bispo emérito de Iguatu
4) Cândido
Lorenzo González, bispos emérito de São Raimundo Nonato
5) Werner Franz
Siebenbrock, bispo emérito de Governador Valadares
6) Enemésio
Ângelo Lazzaris, bispo de Balsas
7) Sebastião
Roque Rabelo Mendes, bispo emérito auxiliar de Belo Horizonte
8) Aldo Di Cillo
Pagotto, arcebispo emérito de Paraíba
9) Aldo
Mongiano, bispo emérito de Roraima
10) Czeslaw
Stanula, bispo emérito de Itabuna
11) Pedro
Ercílio Simon, arcebispo emérito de Passo Fundo
12) Mário Rino
Sivieri, bispo emérito de Propriá
13) Valério
Breda, bispo de Penedo
14) Henrique
Soares da Costa, bispo de Palmares
15) Getúlio
Teixeira Guimarães, bispo emérito de Cornélio Procópio
16) Pedro
Casaldáliga Plá, bispo emérito de São Félix
17) Capistrano
Francisco Heim, bispo emérito de Itaituba
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