domingo, 29 de novembro de 2020

Inicia-se o Tempo do Advento

Preparar o Presépio

Com o Tempo Litúrgico do Advento começa, para os cristãos católicos, a preparação para o Natal de 2020. Não são 2020 anos que nos separam daquele acontecimento central da história da humanidade, mas 2020 anos que esta notícia continua ecoando: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de todo povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor!” (Lucas 2, 10-11). Uma das formas de se preparar para celebrar o Natal é preparar o presépio.

Dom Rodolfo Weber

No dia 01 de dezembro de 2019, o Papa Francisco escreveu a Carta Apostólica: Admirabile Signum sobre o significado e o valor do presépio. Estimula a montagem do presépio nos lugares em que se conserva este bom costume e nos ambientes em que se perdeu este hábito salutar, o Papa deseja que ele seja redescoberto e revitalizado.

“Admiração e encanto” são os sentimentos imediatos que brotam diante do presépio, por isso ele é um “sinal admirável”, nos ensina o pontífice na primeira frase da carta. Representar o mistério do nascimento de Jesus em forma de presépio é forma bem humana de penetrar no mistério insondável da encarnação. Na encarnação Jesus assume a condição humana para viver entre os humanos e partilhar as suas alegrias e dores, do nascimento até a morte.

Na carta o Papa recorda um pouco da história do presépio. São Francisco de Assis havia viajado para Belém e depois também para Roma para obter a aprovação da Regra Franciscana. Provavelmente, em Roma, visitou a Igreja Santa Maria Maior na qual existe um belo mosaico do nascimento de Jesus. Voltando à Assis, em 1223, quis celebrar o Natal numa gruta conforme a descrição dos textos bíblicos. A partir daí tomou impulso a montagem de presépios. Segundo o Papa Francisco o “Presépio faz parte do suave e exigente processo de transmissão da fé”. São Francisco queria experimentar, junto com os confrades e moradores da região, como foi o nascimento de Jesus naquele ambiente despojado, onde o recém-nascido foi colocado sobre as palhas de uma manjedoura.

O pedido do Papa para montarmos presépios nas casas, em lojas, fábricas, nos mais diferentes ambientes merece ser ouvido. Pede que a montagem do presépio seja coletiva, na medida do possível, envolvendo todos os moradores da casa e dos outros ambientes. Na medida em que todos participam vão colocando a sua vida em cena e no presépio. Fazer a montagem aos poucos, e na medida em se aproxima o Natal, vai ficando completo até ser posto o Menino Jesus.

Existem os personagens centrais no presépio que não podem faltar pois recordam o fato original, mas é vivido no “hoje”, por isso tem espaço para usar a “imaginação criativa”, recomenda Francisco. Podemos e devemos introduzir no cenário outros fatos e personagens da atualidade. Naquele tempo foram aqueles personagens que participaram do evento, mas o Menino Jesus que estende os braços se deixa abraçar por cada pessoa que dele se aproxima. Assim nos recorda o Papa: “Não importa a exata forma como se monta o Presépio, pode ser sempre igual ou pode mudar cada ano. O que conta é que ele fala à nossa vida. Por todo o lado e na forma que for, o Presépio narra o amor de Deus, o Deus que se fez menino para nos dizer quão próximo está de cada ser humano, independentemente de sua condição”.

                                     Dom Rodolfo Luís Weber Arcebispo de Passo Fundo (RS)

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Advento e Natal

Advento e Natal - Tempo de esperança e de oração

Caros diocesanos. Vivemos em 2020 um ano muito diferente dos outros, em que uma pandemia nos deixou apreensivos, inseguros, com medo e até ameaçados pela morte. A saúde do planeta sentiu-se fragilizada diante de um vírus de tamanho invisível. Até nos acostumamos a ouvir frases de impacto, como essa: “O planeta está doente”. O coronavírus Covid 19 colocou em crise desesperadora o poder, o mercado e seus endeusados objetivos de consumo e de bem-estar. Perto de nós, certamente também nos damos conta das graves consequências sociais, políticas, econômicas e não deixaram de aparecer sinais de crise existencial que questionaram o próprio sentido da vida, apontando para sinais preocupantes de desesperança. Outros perderam a capacidade do diálogo, se tornaram intolerantes ou viveram agressivos e em solidão. Não perceberam a presença de Deus em meio ao sofrimento e à difícil situação de saúde que se havia criado; ou somente viram um Deus castigador ou até ausente ou indiferente. Situações como estas se parecem como um Natal, apenas com um Papai Noel na manjedoura, figura fictícia e mítica de um natal pagão e que não consegue dar sentido à nossa vida, sobretudo em momentos de dificuldade.

Dom Aloísio Dilli

Mas o tempo da pandemia também nos revelou que é hora de voltar os olhos para o essencial da nossa vida: sua origem, seu sentido, seus valores, seu destino. Como cristãos, experimentamos durante a quarentena o quanto dependemos da graça divina e da solidariedade dos outros. Talvez nunca sentimos tanta necessidade de celebrar a presença de Deus na Páscoa de nossa vida, como neste ano, para unir nossos medos e sofrimentos à cruz do Senhor, e de inspirar-nos na ressurreição de Jesus Cristo a fim de podermos viver a esperança na saúde e na vida nova, e mesmo na vida eterna. Sentimos necessidade de lembrar que Jesus Cristo vive e que nos quer vivos e que Ele está conosco, também nas horas difíceis, em que a cruz do sofrimento se apresenta.

Em 2020 desejamos celebrar um Natal com a presença do Emanuel – Deus conosco! Com ou sem pandemia, será Ele nossa alegria, nossa esperança e nossa luz. Não percamos esta oportunidade! Faz tão bem cantarmos neste tempo de pandemia: “Vem, Senhor Jesus, o mundo precisa de Ti”!

Estamos no advento, tempo de preparação para o santo Natal. Um Natal sem a presença de Jesus é vazio e será mais uma festa, como tantas outras. O verdadeiro Natal consiste em acolher Jesus como nosso salvador, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza. Com Ele poderemos dar novo sentido a todas as situações de nossa vida, até mesmo à pandemia do Covid-19. Jesus Cristo vem apagar a escuridão do nosso pecado e acender nova luz para devolver-nos o horizonte da esperança e a alegria de viver e conviver. Ele vem ao nosso encontro para que nós possamos ir a Ele e receber seu perdão, iniciando vida nova e melhor.

O Advento é tempo de renovar a esperança e tempo propício de oração. Por isso rezemos com a Igreja: “Ó Deus, Pai de misericórdia, a encarnação de vosso Filho mereceu-nos novo sentido para a vida. Nele fomos recriados com dignidade sem par, que nos tornou filhos e herdeiros, vocacionados a participar de vossa vida divina. Concedei-nos a graça de irmos vigilantes ao encontro de seu nascimento, com as lâmpadas acesas, sobretudo neste temido tempo da pandemia. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém”!

                                      Dom Aloísio Alberto DilliBispo de Santa Cruz do Sul (RS)
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