Paixão do Senhor
Eles tomaram
conta de Jesus. Carregando a sua cruz, ele saiu para o lugar chamado Calvário
(em hebraico: Gólgota). Lá, eles o crucificaram com outros dois, um de cada
lado, ficando Jesus no meio. [...] Junto à cruz de Jesus, estavam de pé sua mãe
e a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. Jesus, ao ver sua mãe
e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: “Mulher, eis o teu
filho!” Depois disse ao discípulo: “Eis a tua mãe!” A partir daquela hora, o
discípulo a acolheu no que era seu. Depois disso, sabendo Jesus que tudo estava
consumado, e para que se cumprisse a Escritura até o fim, disse: “Tenho sede!” Havia ali uma jarra cheia de vinagre. Amarraram num ramo de hissopo uma esponja
embebida de vinagre e a levaram à sua boca. Ele tomou o vinagre e disse: “Está
consumado”. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. [...] José de
Arimateia pediu a Pilatos para retirar o corpo de Jesus; ele era discípulo de
Jesus às escondidas, por medo dos judeus. Pilatos o permitiu. José veio e
retirou o corpo. Veio também Nicodemos, aquele que anteriormente tinha ido a Jesus
de noite; ele trouxe uns trinta quilos de perfume feito de mirra e de aloés.
Eles pegaram o corpo de Jesus e o envolveram, com os perfumes, em faixas de
linho, do modo como os judeus costumam sepultar. No lugar onde Jesus foi
crucificado havia um jardim e, no jardim, um túmulo novo, onde ninguém tinha
sido ainda sepultado. Por ser dia de preparação para os judeus, e como o túmulo
estava perto, foi lá que eles colocaram Jesus.
Reflexão
Reflexão
A vida de Jesus
é um total esvaziamento de si mesmo. É uma entrega gradativa, ou seja, Ele vai
doando-se cada vez mais. Na medida em que se oferece e assume com firmeza as
consequências de sua missão, vai ficando sozinho. Primeiramente, é abandonado
pela multidão, depois pelos discípulos, depois parece estar sem o Pai. Ele fica
só, diante do mistério de sua existência.
“Pai, em tuas
mãos eu entrego o meu Espírito”. Quando repetimos este refrão na salmodia,
assumimos a
mesma condição de Jesus. Ele foi filho, revelou-se um Filho
amado do Pai. Sua vida foi um cumprimento da vontade do Pai: “Não vou beber o
cálice que o Pai me deu?” De fato, Pedro não queria, não entendia sua escolha.
Não desejava o Messias das dores. Ninguém entendeu que sua fidelidade ao Pai
não o permitia voltar atrás, não permitia que ele renunciasse toda a verdade
anunciada, todo o projeto assumido. Jesus não era masoquista, apenas aceitou a
vontade do Pai: “Faça-se a tua vontade!” Não aceitou morrer por morrer, mas
aceitou não fugir diante de suas opções: amar a todos, oferecer-se por todos,
proclamar a verdade sem medo das consequências.
Cristo Crucificado Matriz de São José Paraisópolis (MG) |
A morte é a
chave de interpretação da vida de Jesus. Ele descobriu em sua relação com o Pai
que a vida só tem sentido quando doada. Quem dera que todos nós
compreendêssemos que este é o sentido da vida humana. Que fizéssemos de nossa
vida uma entrega ao Pai, uma opção pelo Reino de Deus com todas as suas
consequências. Mas o homem velho ainda está em nós, apontando-nos para o
egoísmo, para o poder, para o prazer, para as recompensas deste mundo, para
salvar a própria pele.
“Tenho sede!” Há
um sentido espiritual em sua sede. Não se trata apenas de uma sede física, mas
de uma sede espiritual. Ele tem sede de que todos nós compreendamos e nos
abramos ao seu amor. Mas, como Deus respeitou a escolha de seus algozes,
continua respeitando nossas escolhas.
Diante da cruz,
houve muitas atitudes... Os sacerdotes e mestres da lei o condenaram, o povo
foi omisso, as mulheres choraram, os discípulos fugiram com medo, Pilatos lavou
as mãos, Dimas pediu perdão, o outro ladrão zombou, o soldado jogou uma lança,
Pedro o negou, Judas o traiu... Hoje é a nossa vez de escolher uma atitude. Ele
tem sede de amor.
Padre Roberto
Nentwig
Fonte: http://catequeseebiblia.blogspot.com.br
Ilustração: http://estudosereflexoes.wordpress.com
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