Produzir frutos
Na sarça ardente, Moisés fez a experiência que marcou toda a sua vida e
missão. Ardia o coração de Deus ao ver o clamor e o sofrimento do seu povo; o
mesmo Deus chamou Moisés para falar em seu nome e libertar o Povo. O Deus que
se revelou a Moisés era ainda um Deus que não se podia tocar, que exigia
reverência, mas já se revelou como Aquele que caminha com seu povo, aquele que
se interessa pela história dos seus: “Eu sou o Deus de teus pais...” Precisamos
perceber que Deus se interessa por nós e quer a nossa libertação, que Ele
convida a cada um de nós para seguir os seus passos. Deus não fica
assistindo o sofrimento, Ele se interessa por seus filhos e vem em seu auxílio
para libertá-los. Mas ele precisa de pessoas de carne e osso que aceitem o
convite dele para cooperar nesta libertação. Precisamos ser impregnados pelo
mesmo fogo que abrasou o coração de Moisés, fazendo-o entusiasmado pela causa
de Javé.
No Evangelho, vemos que os judeus consideravam as catástrofes como
castigos de Deus e a proteção um mérito por serem fiéis observantes da lei.
Jesus mostra que não basta ser judeu, que ninguém tem nada garantido: todos
precisam de conversão. Do mesmo modo, nós poderíamos nos considerar católicos
fiéis, observantes da lei, o grupinho dos escolhidos. Como o Povo
eleito, corremos o risco da infidelidade. Como aqueles que escutaram a palavra
de Jesus, precisamos de conversão, para não perecermos todos do mesmo modo.
Além disso, devemos cortar definitivamente da nossa mentalidade a ligação entre
pecado e castigo: os males não são castigos, e todos nós somos passíveis do
sofrimento. Aliás, muitos dos males são frutos de nossas próprias escolhas.
Somos também responsáveis pelo bem e pelo mal que rodeia a nossa vida,
provavelmente os primeiros responsáveis.
Na segunda parte do Evangelho temos a parábola da figueira que não
produz frutos. Aqui é interessante observar que o pecado da figueira não foi
ter feito algo de ruim, mas de não ter feito nada de bom. A
figueira foi infrutífera, tornou-se passível, imóvel. Corremos o risco de
querer uma garantia, uma tranquilidade de consciência que me faz dizer a mim
mesmo: “eu estou bem com Deus, não prejudico a ninguém, cumpro as minhas
obrigações”. Mas Deus espera mais de nós. Não basta sermos cristãos
aparentemente certinhos, cristãos de preceito, de um ritualismo vazio;
precisamos produzir frutos. Conversão não significa focar o pecado, mas o bem
que devemos realizar. Cada um de nós é convidado a produzir frutos - isso
significa conversão! O que podemos produzir nesta quaresma?
Estamos no tempo da Quaresma, tempo de cultivar o dom da conversão.
Trata-se de um processo que percorre toda a nossa vida. Seguimos a existência procurando
nos configurar cada vez mais a Cristo, para sermos como Ele, tendo os seus
sentimentos e atitudes, até que tenhamos a estatura do homem perfeito, como nos
diz São Paulo em sua carta aos Efésios.
Deus na sua bondade é paciente em aguardar a nossa conversão. Poderia
nos arrancar e queimar, mas não é o deus da punição, e sim o Deus amor. Mesmo
que mereçamos tal sorte, Ele nos diz; “Vou dar mais uma oportunidade; virei em
outra ocasião para colher os frutos”. Temos neste tempo mais uma oportunidade.
Que frutos o Senhor encontrará?
Pe. Roberto Nentwig
Fonte: http://catequeseebiblia.blogspot.com.br/ Ilustração: http://www.franciscanosmapi.org.br
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