Por que fazemos abstinência de carne?
A abstinência
de carne e o jejum são orientados pela Igreja que sejam feitos na Quarta-feira
de Cinzas e na Sexta-feira Santa, para recordar o amor de Cristo, que morre na
Cruz por nós. É um sacrifício em memória da Paixão de Cristo, que entregou a
sua carne para nos reconciliar. É um pequeno sacrifício em comparação ao que
Cristo fez por nós.
O Missionário
Redentorista, padre Luiz Carlos de Oliveira afirmou que muitos fiéis faziam
abstinência de carne pensando que, evitando a carne, seria mais fácil vencer os
vícios. “A abstinência de carne é um costume generalizado entre muitas
religiões. Esta prática é entendida de diversos modos. Alguns pensam que o ser
humano e carne e espírito como opostos. É o princípio dualista. Procura-se
eliminar o que é carnal para desenvolver a parte espiritual. É o princípio do
bem e do mal. Pode-se também lembrar essa identificação da carne humana como
geradora do mal, do pecado. Coibindo o uso da carne, dominamos os instintos
carnais e assim se eleva o espiritual. Passou-se então a desprezar tudo o que é
humano como animalesco em função da beleza do espiritual”, afirmou.
Padre Luiz
Carlos explica que Jesus não pensou assim e ensinou a unidade do espiritual e do
material. “O ser humano é matéria, mas é também espiritual, não em oposição,
mas na mútua complementariedade. Falamos de ressurreição da carne. A carne,
nosso modo de existir, faz parte do projeto amoroso de Deus para a felicidade
das pessoas”.
“Não podemos
negar as tendências ao mal. As tentações existem. Não basta só abster-se de
carne. Ela que é um aspecto simbólico de tantos males dos quais temos que nos
abster”, completou. O Missionário Redentorista lembra que a Igreja do Brasil
propõe que todas as sextas-feiras do ano, sejam dias de penitência, e que pode
também não se comer carne como penitência.
Qual a
diferença da abstinência de carne e do jejum?
Padre Luiz
Carlos nos explica que o jejum é mais amplo que a abstinência de carne. É
praticado por opção da pessoa nos outros dias que não são de obrigação.
Atualmente, nas normas da Igreja, o jejum é obrigatório somente na Quarta-Feira
de Cinzas e na Sexta-Feira Santa. “O jejum tem um sentido espiritual e não somente
uma prática de tratamento do corpo, o que pode ser beneficiado. O jejum
religioso é prática antiga entre os judeus e os cristãos assumiram esta
prática. Jesus criticou muito o jejum feito para aparecer, sem uma vida
coerente de justiça e caridade. Não adianta tirar a comida se não tiramos a
gordura que pesa nosso coração”, afirmou.
De acordo com
o Missionário Redentorista o jejum é um remédio muito bom para nos equilibrar
no relacionamento com as coisas criadas. É preciso saber dominar-se diante das
coisas boas, para que não se tornem perniciosas. “Comer é bom, mas com o
equilíbrio. Quanto há um mundo os que passam fome, há os que exageram na
comida. Pior ainda é o desperdício que ofende o ser humano necessitado”.
Padre Luiz
Carlos lembra que não podemos ser escravos dos bens criados, pois seremos
dominadores dos necessitados e colocaremos Deus de lado, perdendo assim a
harmonia que deve haver em nosso ser humano e espiritual.
“A prática do jejum imita os 40 dias de Jesus no deserto. Ali se preparou para sua missão.
Quem sabe, nas decisões de nossa vida, não fosse bom prepará-la com o jejum e a
oração. A liturgia deste tempo fala muito de jejum, mas não vejo que ele
aconteça. Quem sabe devamos repensar seu sentido e seu uso”, completou.
Fonte: Portal A12.com (Texto com pequenas alterações formais)
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