A oração é antes de tudo terapêutica porque pacifica, unifica, ordena a vida, os pensamentos e os afetos. “Os efeitos da oração em nossa pessoa são mais visíveis que os das glândulas de secreção interna”, diz o prêmio Nobel da medicina (1922), Dr. Alexis Carrel, ateu convertido.
A arte da oração consiste em que o orante se comunica com Deus, com os outros e consigo mesmo e assim faz grandes descobertas, encontra soluções, recebe iluminações e muita força interior. K Jung e V. Frankl são psicólogos que exaltam a importância e a eficácia da oração, sem a qual, as pessoas não se curam de suas neuroses. Eles sabem muito bem que a pessoa orante entra no nível alfa, freqüência profunda do cérebro humano.
Quem não reza está numa situação muito desconfortável e até incômoda, porque irá buscar alívio e sedativo no álcool, farras, drogas e sempre permanece vítima do vazio existencial e da solidão. Sempre justificará seus erros e fugas, tendo necessidade espontânea de ridicularizar quem reza, como se a oração fosse o “catecismo dos fracos e perdedores”. De fato, só os humildes e autênticos rezam.
É preciso rezar com fé. Acreditar no poder da oração. Rezar é estar com Deus e com os outros. Normalmente a oração verdadeira e profunda leva à compaixão, ao perdão, à solidariedade. O amor é fruto da oração. Rezar é um ato de amor e o amor é conseqüência da oração. Os santos, os místicos são sempre pessoas de paz, de fraternidade e de ação em favor dos pobres e pecadores. A oração, é amor de amizade com Deus que nos leva ao amor-serviço para com os outros.
A oração é uma “alavanca que move o mundo” (Sta. Terezinha). De fato, quantas pessoas são vitoriosas frente a doenças, mágoas, decepções, injúrias. A oração as salvou. Quem reza se salva.
A oração é uma ponte. A pessoa orante é fabricadora de pontes, é pontífice. Abatem-se os muros, constroem-se pontes, com a sabedoria da oração. Esta ponte, a oração, vai da terra ao céu e do coração do orante aos irmãos. A escalada da oração é exigente, requer perseverança. É um combate.
A oração é muralha, é escudo, é proteção, é abrigo, é segurança. Quem reza está imunizado contra muitos males. A oração nos protege das tentações. Sem oração caímos na murmuração e abraçamos a tentação.
A oração é escola . O mestre interior é o Espírito Santo. Na escola da oração aprendemos a prática do bem, a beleza do perdão, a alegria da convivência, a esperança nas decepções. A oração nos faz discípulos, iluminados, sábios, humanos e verdadeiros. Moisés tinha o rosto iluminado após a oração. Irradiava o fulgor de Deus.
A oração enche o orante de audácia e coragem, de força e tenacidade, de luz e compaixão. Jesus não somente reza, mas, ensina a rezar, principalmente a perseverança na oração. Os primeiros cristãos eram “assíduos na oração” (At 2, 42). De fato, a oração é inspiração de cada momento, recolhimento do coração, recordação das maravilhas de Deus, é força para a luta cotidiana. Eis a arte da oração.
A oração é uma rendição diante de nossa insuficiência e da paternidade de Deus. A oração é a fala entre filhos(as) e Pai. Portanto, oração é questão de amizade, é encontro de duas consciências, duas intimidades, duas existências. Na oração acontece uma troca de olhares, de confidências, de interioridades. Rezar é um ato de amor, um ato afetivo que inflama o orante de amor a Deus e ao próximo.
Dom Orlando Brandes - Arcebispo de Londrina - PR
Site da Arquidiocese de Londrina
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