quarta-feira, 18 de julho de 2012

Jesus e os jovens


Mas quanto mais lermos o evangelho e conhecermos a vida de Jesus, tanto mais veremos a forma melhor de amar. Em cada gesto, Jesus dá uma aula prática de amor. Não a percamos. Leiamos os evangelhos! Desdobrar-se-nos-ão diante dos olhos surpresos maravilhas que nos encherão o coração de beleza. E envoltos por ela, iluminaremos a outros.

A existência humana é uma aventura. Quem diz ad-ventura pensa no que há de vir. Isso significa “ventura” em Latim. Olhamos sempre para frente. Deus criou-nos os dois olhos na frente para olharmos para frente. O ser humano, entre os animais, é o único que se ergue bipedemente sobre os pés e mira para frente. O sinal biológico está a apontar para o espírito orientado para o futuro, para o infinito.

O presente escapa-nos a cada instante, ao fazer-se passado. Desfaz-se a cada momento. Deposita no solo as folhas mortas do passado. Mas elas, que ontem foram presente e agora são passado, adubam o futuro. Diante de nós o futuro marca-se pelo que construímos no presente. Forja-se pelas decisões morais que tomamos como seres responsáveis. Responderemos amanhã pelo que fazemos hoje. Amanhã próximo ou longínquo, mas que sempre virá.

A vida na sociedade funda-se precisamente no jogo de presente responsável e futuro respondido. Haja vista o que pagamos pelo que fizemos em termos de saúde, de dinheiro, de vida. Comete-se um crime hoje, vai-se para a prisão amanhã. Gasta-se o corpo hoje em farras, paga-se amanhã em remédios, doenças, hospitais e até morte. Ingerem-se hoje doses do prazer químico das drogas, vomita-se amanhã a náusea da existência.

No horizonte aparece alguém que nos veio revelar o amanhã do nosso hoje e também o hoje de nosso amanhã. Encontramo-lo no evangelho: Jesus. Andávamos perdidos, sem futuro, sem esperança. Cercavam-nos o mal e a morte. Julgávamo-los fortes a ponto de triunfarem sobre nós. Em momentos de desolação, o homem bíblico do Antigo Testamento, sem a luz luminosa da Páscoa, temia que ficaria preso nas garras da morte. Via-a no final do túnel da vida como derrota total. Não conseguiremos nunca vencer o mal e a morte. “Jahwe, meu Deus salvador, a minha alma está cheia de males e a minha vida está à beira do sheol; despedido entre os mortos como as vítimas que jazem no sepulcro, das quais já não te lembras porque foram separadas de tua mão” (Sl 88, 4.6). Grito quase de desespero!

Nesse pano de fundo de derrota, de pessimismo radical, aparece Jesus e afirma o contrário. No início de tudo está o amor de Deus de quem viemos. No meio, no presente atual, continua o amor de Deus infinito e enorme a ponto de dar-nos seu Filho Jesus. No final, está este mesmo amor a devolver-nos uma vida, já não mais mortal, mas gloriosa, ressuscitada para dentro da própria eternidade de Deus. O grito de Santo Agostinho traduz muito bem essa experiência: “Todavia, esse homem, particulazinha da criação, deseja louvar-te. Tu o incitas a que se deleite nos teus louvores, porque nos criaste para ti e o nosso coração vive inquieto, enquanto não repouse em Ti” (Conf. I,1).

Vejam que maravilha nos veio revelar Jesus! “Tende coragem, eu venci o mundo” (Jo 16,33), a saber, o mal, o pecado, a morte. Basta que nos deixemos envolver pelo amor de Jesus e o sigamos, amando os irmãos e irmãs que nos encontraremos na vida. A única realidade importante, necessária, fundamental, definitiva e eterna se manifesta no amor ao irmão e nesse amor ama-se a Deus. Algo tão maravilhoso que só por isso vale a pena ter-nos encontrado uma vez sequer com Jesus. Guardemos essa mensagem!

Mas quanto mais lermos o evangelho e conhecermos a vida de Jesus, tanto mais veremos a forma melhor de amar. Em cada gesto, Jesus dá uma aula prática de amor. Não a percamos. Leiamos os evangelhos! Desdobrar-se-nos-ão diante dos olhos surpresos maravilhas que nos encherão o coração de beleza. E envoltos por ela, iluminaremos a outros.

A palavra de Jesus soa sem ambages. “Este é o meu preceito: Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei” (Jo 15, 12). Não se trata de qualquer forma de amor. Existem muitas ilusões no amor. Não há pior lugar para enganar-nos que o amor. O inciso de Jesus “como vos amei” tira toda ambigüidade. Que significa? “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15, 13). O dom de si testa o amor.
                                                                                      Padre João Batista Libânio - Teólogo Jesuíta
Fonte: Site Domtotal
Ilustração: www.catequesecaminhando.blogspot.com.br

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