1. Fome de espiritualidade. Há uma procura intensa de oração, meditação, retiros, religiões e religiosidades. Eis um campo fértil para o neoconservadorismo, o fundamentalismo e a exploração religiosa. As catástrofes naturais, o câncer, as epidemias, a desestruturação da família, a violência formam um conjunto de causas que está na origem desta procura de espiritualidade. A função da religião é a ligação com Deus e com os irmãos e a fé se expressa no amor fraterno. A verdadeira religião socorre órfãos, viúvas, pobres, excluídos.
2. O individualismo. Auto
suficiência, independência, auto realização, satisfação pessoal, auto projeção
são expressões da força do individualismo, da “cultura do ego”. Quanto mais
independência, isolamento, autonomia mais ilusão, sofrimento e destruição dos
valores se impõem e novas ditaduras nos escravizam. Sem comunicação,
relacionamento, abertura não saímos do infantilismo e da agressividade.
Crescemos graças à comunicação, ao encontro e à interdependência. A vocação do
ser humano é ser excêntrico, sair de si e fazer o outro nosso verdadeiro centro.
3. As organizações populares. Mulheres, negros, índios, operários, camponeses se organizam para
vencer a fome, a exclusão, o racismo. A voz dos sem voz agora pode ser ouvida.
Manifesta-se a força a força dos pequenos como germe de um novo mundo. A
solidariedade está se globalizando e as vítimas alcançam vitórias. As
Escrituras Sagradas falam que os fracos confundem os fortes, os que estão no
lixo sentam-se entre os nobres, as estéreis dão à luz e os famintos serão
saciados.
4. As maravilhas da ciência.
Sentimentos de gratidão e assombro nos invadem mediante o avanço cientifico e
as novas tecnologias. Estudamos os prótons, elétrons, o átomo, as células, as
amebas etc e ao mesmo tempo recebemos informações sobre as galáxias, o fundo
dos mares, o poder do DNA, o mistério do coração e da alma humana desvendado
pela psicologia. Ciência e religião se abraçam e os desvios da ciência são
corrigidos pelos profetas e teólogos. Não devemos perder nossa capacidade de maravilhamento
e fascinação como também o sentimento de gratidão.
5. A bioética, outro
sinal dos tempos bem especifico é a bioética. É um fenômeno cientifico que pela
sua incidência na ética e na sociedade, torna-se uma revolução cultural.
Embriões congelados, células tronco embrionárias desrespeitadas, barriga de
aluguel, suicídio assistido são sinais de um poder cientifico divinizado em
detrimento do respeito à vida, à dignidade do embrião, ao valor do matrimônio e
da família. Luzes e sombras pairam sobre as descobertas da bioética. A ciência
é um precioso serviço ao bem integral da vida e da dignidade de cada ser
humano. Mas uma ciência que não leva em conta a consciência, perde sua vocação
de promotora da vida e da pessoa.
6. Depressão. São muitos
os golpes da vida que levam à depressão. O famoso “triângulo da depressão” é um
ciclo de dores: a ansiedade, a culpa, a amargura. O sentimento de rejeição, a
falta de afeto, de elogio, de valorização, as perdas não trabalhadas, as mágoas
não perdoadas levam à depressão. Há, porém, eficazes remédios para a depressão
como: a fé, a aceitação de si, o perdão, o trabalho, o lazer. Assim,
transformamos nossas feridas em pérolas, nossas crises em revitalização. Tudo
pode ser reconstruído porque tudo tem sentido. Quem acredita no seu lado
saudável e na sua bondade original vence a depressão. É preciso alimentar nossa
sanidade e ter expectativa de melhora e de cura. Muitas pessoas se curam no
Sacramento da Confissão. Para obter a cura precisamos de perseverança, disciplina
e esperança lembrando as boas experiências do passado. Quem abandona o
sentimento de vítima e assume a responsabilidade por si mesmo encontrou o
caminho da cura.
Dom Orlando Brandes - Arcebispo de Londrina (PR)
Site da Arquidiocese de Londrina
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