A religião é indispensável
Já se preconizou o desaparecimento da religião como também já se decretou que tudo o que é sagrado, religioso, divino, é superstição, é obsessão doentia, é medo da vida. O século 21 deveria ser o século da morte da religião, o século da incredulidade. Tanto se falou da “cidade secular”. O que irrompeu na cidade foi uma volta ao sagrado, um sagrado que nem sempre é sadio, mas, que não desapareceu, pelo contrário, retoma o exorcismo, o esoterismo e também patologias religiosas. Vemos que a religião precisa ser corrigida pela fé.
O Premio Nobel da Literatura em 2010, Mario Vargas Llosa escreve que: “a cultura não conseguiu substituir a religião porque é exatamente a religião que confere sentido e tranqüilidade à existência". Vargas Llosa afirma ainda que nossa cultura tornou-se um divertimento fácil, graças aos peritos incompreensíveis e arrogantes, fechados em gírias ininteligíveis, distantes anos luz do comum dos mortais que criticam a religião. Segundo ele, “dizer que a religião vai desaparecer é uma superstição.”
Bento 16 tem repetido incansavelmente que sem Deus, construímos um mundo contra o homem. Não podemos renunciar à verdade, diz o Papa, e sermos reféns da ditadura da moda e da arbitrariedade. Uma cultura do divertimento, dos desejos, das sensações é uma “máscara do desespero e do vazio”. A religião quando autêntica combate o que é considerado normal, contradiz certezas tidas por infalíveis, dá coragem para a resistência. Não cabe à religião agradar, mas ajudar. Sem a religião acabamos vivendo do acaso ou do cálculo.Hoje há um “envenenamento do pensamento”, que consiste na ruptura com Deus e na recusa de amar. A cultura do individualismo e da independência leva à incapacidade de amar. Sem Deus e seu amor, o progresso tem possibilidades de destruição. Quantas vezes já passamos por este “horror da história” que, em nossos dias, é a catástrofe ecológica, o paraíso diabólico das drogas, o terrorismo. Devemos enfrentar os “abismos da história”. A religião tem a obrigação de colaborar com a adesão à verdade e à defesa da liberdade. Isso requer humildade, abertura e respeito à consciência. A religião deve puxar para frente e para o alto, desvendar a beleza e a alegria que vêm de Deus. A religião hoje pode ajudar inclusive na solução da crise econômica mundial, defendendo a capacidade comum de renúncia, a mudança de mentalidade e de estilo de vida. Da religião, quando autêntica, podemos esperar algo de novo, ousado, generoso. O menor gesto de amor é mais forte que o potencial da destruição. A religião tem a missão de potencializar o amor.
As religiões precisam vencer suas fraquezas, buscar a conversão permanente, pedir perdão ao mundo pelos seus erros. Há religiões que são doentias, destrutivas, alienantes. É urgente a necessidade de purificação das religiões para que elas não prejudiquem a humanidade. Tudo o que isola o homem da verdade e do essencial pode tornar-se prejudicial, uma “doença coletiva do pensamento”. Há muita sedução no mundo moderno que às vezes parece um manicômio onde criamos novas categorias do mal. A religião deve remar contra a maré.
A contribuição que a religião pode oferecer ao mundo moderno não está no moralismo, mas, nos valores, na confiança em Deus, na beleza e alegria da vida, na abertura para com o diferente. Deus segura o mundo em suas mãos. Eis nossa alegria e segurança. A fé no amor de Deus torna a vida leve, bela, grande, livre e alegre. O amor e o bem trazem alegria e isso nos encoraja para o bem e para sempre recomeçar. A religião é indispensável.
Dom Orlando Brandes - Arcebispo de Londrina - PR
Fonte: Site da CNBB
Ilustração: http://www.padreleoeterno.com
Este blog é muito bom! Vamos divulgá-lo mais! Um excelente meio de evangelização e aproximação entre os paroquianos.
ResponderExcluirParabéns ao Prof Luiz pela iniciativa.
Abraços. Catequista Joelma.
Joelma,
ResponderExcluirAgradeço os elogios e o incentivo.
Que Deus continue abençoando você o Michel!
Abraço,
Luiz