A transmissão da fé em família
A Semana
Nacional da Família também se relaciona com a temática do Ano da Fé: “a
transmissão e a educação da fé na família”. Nada mais apropriado. Embora a fé
possa, e precise, ser transmitida também em muitos outros contextos, além da
família, é bem verdade que esta é um dos sujeitos fundamentais na transmissão e
educação da fé.
Sagrada Família, rogai por nós! |
A própria
constituição da família, mediante o casamento entre um homem e uma mulher, é
também uma aposta de fé. Não que o casamento e a família dependam da fé: são
realidades naturais e não, sobrenaturais. Apesar de tudo o que se diga ou mova
em contrário, os jovens continuam casando e formando família, mostrando que
essas realidades não ficam “fora da moda”, como bem confirmaram tantos jovens
ao Papa Francisco na JMJ-Rio...
No entanto, Deus
quer ajudar o casal a viver bem o casamento e realizar bem a vida e a missão da
família. A Igreja tem grande apreço ao propósito do casal, que inicia sua vida
a dois com um olhar de fé profunda. De muitos modos, ele pode experimentar que
Deus está presente em sua vida e o abençoa e conduz. Por isso, a fé viva e a
vida cristã generosa do casal são um poderoso auxilio para ele.
Já na celebração
do casamento religioso, os nubentes respondem esta pergunta: “estais dispostos
a receber com amor os filhos que Deus lhes confiar e a educá-los na lei de
Cristo e da Igreja?” A resposta é “sim!” A paternidade e a maternidade são
vistas à luz da fé em Deus; e a educação cristã dos filhos também é um
compromisso de fé assumido pelo casal diante de Deus. Por isso, a transmissão
da fé e a educação dos filhos no caminho da vida cristã e eclesial é, desde
logo, parte da missão dos pais católicos.
É missão do
casal criar um ambiente doméstico que fale da nossa fé: não devem faltar a
oração em família, a presença de sinais religiosos na casa, como a Bíblia, o
crucifixo ou alguma imagem sacra. A busca do batismo para os filhos, o
ensinamento das primeiras atitudes e gestos cristãos, o aprendizado das
primeiras orações, a transmissão, aos filhos, da “imagem” cristã de Deus e a
introdução na comunidade da Igreja também fazem parte dessa missão dos pais
católicos. Em tudo, porém, o fator decisivo na educação é o exemplo dos
próprios pais; os filhos pequenos aprendem vendo.
No esforço atual
da Igreja em promover uma “nova evangelização”, recordamos esse papel
fundamental dos pais e da família cristã. É no contexto da família que são
transmitidos (ou deixam de ser transmitidos) os valores que marcam a vida das
pessoas. O que se aprende nos primeiros anos da vida tem importância decisiva.
Uma boa experiência da nossa fé e a iniciação à vida cristã e eclesial
enriquecem a educação dos filhos.
A transmissão da
fé da Igreja conta com a ação de todos os seus membros. Uma geração passa à
outra o tesouro do Evangelho e o patrimônio da vida cristã e eclesial,
enriquecido com o próprio testemunho. É um contínuo receber, acolher, viver e
passar os outros; se hoje cremos, é porque outros, antes de nós, fizeram isso
generosamente, há quase dois mil anos.
Agora é a nossa
vez de fazê-lo. Não por mero automatismo cultural ou por necessidade ritual,
mas de modo consciente, generoso e alegre. É um tesouro, que arrebata nosso
coração e dá sentido a toda a vida. Amanhã ainda haverá fé no mundo se nós,
hoje, não formos um elo quebrado nessa corrente de transmissão da fé cristã
católica.
Cardeal Odilo Pedro Scherer - Arcebispo de São Paulo
Fonte: www.cnbb.org.br Ilustração: www.asj.org.br
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