sábado, 3 de agosto de 2013

Leituras do Domingo

18º do Tempo Comum


1ª Leitura: Eclo 1,2; 2,21-23                 Salmo: 89                   2ª Leitura: Cl 3,1-5.9-11
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Evangelho: Lc 12, 13-21

Guardai-vos de todo tipo de ganância ...
Alguém do meio da multidão disse a Jesus: “Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo”. Ele respondeu: “Homem, quem me encarregou de ser juiz ou árbitro entre vós?” E disse-lhes: “Atenção! Guardai-vos de todo tipo de ganância, pois mesmo que se tenha muitas coisas, a vida não consiste na abundância de bens”. E contou-lhes uma parábola: “A terra de um homem rico deu uma grande colheita. Ele pensava consigo mesmo: ‘Que vou fazer? Não tenho onde guardar minha colheita’. Então resolveu: ‘Já sei o que fazer! Vou derrubar meus celeiros e construir maiores; neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens. Então poderei dizer a mim mesmo: Meu caro, tens uma boa reserva para muitos anos. Descansa, come, bebe, goza a vida!’ Mas Deus lhe diz: ‘Tolo! Ainda nesta noite, tua vida te será tirada. E para quem ficará o que acumulaste?’ Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não se torna rico diante de Deus”.
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Reflexão
Numa primeira leitura do texto de hoje percebemos uma correlação entre herança e ganância. Acredito que nem toda herança gera ganância, pois herança é um direito dos filhos, com a morte dos pais, inclusive assegura a continuidade da família. Talvez tenha razão aquele homem ao reclamar o que lhe é devido (cf. Gn 21,10; Jz 11,2). Ganância, entretanto, já é um esforço indevido ou desmedido de acumular, um desejo desenfreado de aumentar os bens, de ter em abundância. É o caso do irmão que não queria repartir a herança. Se os irmãos são desleais, desonestos e injustos, a herança pode gerar ganância e mais ainda pode gerar briga e até mesmo morte.
Jesus não quer ser árbitro da partilha de bens entre irmãos (v. 14). No v. 15 Jesus deixa entrever que realmente o pedido do v. 14: “Mestre, dize a meu irmão que reparta a herança comigo”, supõe um caso de ganância, de egoísmo, de apropriação indevida dos bens do pai por parte de um irmão em detrimento do outro. De fato no v. 15 Jesus fala de ganância, de cupidez, de abundância e aproveita para exortar a uma precaução cuidadosa sobre os bens materiais, pois isso não assegura a vida do homem. Além disso, Jesus explica sua posição através de uma parábola sobre o fim inesperado de um rico ganancioso e egoísta, que só pensava em acumular para si. O v. 21 vai arrematar tudo dizendo que quem ajunta tesouros para si, e não é rico para Deus, tem a trágica sorte desse rico ganancioso e seus bens ficam para outrem.
O que está por trás do texto?
Uma idéia do que está por trás do texto ajuda a entender a posição de Jesus. No tempo de Jesus havia duas propostas de sociedade, ou dois modelos econômicos. O do campo e o da cidade. O do campo se fundamentava na partilha, através da solidariedade, da troca de produtos, etc. Isso impedia que os endividados caíssem na desgraça e que tivessem que emigrar para a cidade, tornando-se mendigos ou bandidos. O modelo econômico da cidade, ao contrário, é fundamentado na ganância, no acúmulo, na lei do mais forte. Isso naturalmente é fonte de exclusão e marginalidade. Isso gera mendicância, violência, roubo, etc. Sem dúvida o texto de hoje reflete uma situação do modelo econômico da cidade e não do campo, reflete a ganância e a exploração, não a partilha. Jesus toma posição em favor da partilha, não da cobiça, mas sem se colocar como árbitro entre os contendentes.
A posição de Jesus
A posição de Jesus está clara na sua exortação (v. 15) e na parábola que contou (vv. 16-21). Jesus é contra qualquer cobiça, pois a cobiça não garante a vida de ninguém. A parábola é um monólogo de um homem rico, ganancioso e egoísta, cujo ideal de vida é apenas comer, beber e desfrutar (v. 19; cf. Ecl 2,24; 3,13; 8,15). Este homem não pensa nos seus empregados, não pensa nos pobres; é profundamente ganancioso e egoísta. Jesus chama-o de insensato, e afirma sua morte naquela mesma noite. Isso significa que acumular bens não garante a vida. O importante é ser rico para Deus, através da justiça, da partilha e solidariedade para com o próximo, pois “quem se compadece do pobre empresta ao Senhor” (Pr 19,17; Eclo 29,8-13). Eclo 29,12 diz expressamente: “Por causa do mandamento, acode ao pobre e, por causa da sua indigência, não o deixes ir de mãos vazias”.
                                                 Dom Emanuel Messias de Oliveira - Bispo de Caratinga (MG)
Fonte: www.portalecclesia.com   Banner: www.cnbb.org.br   Ilustração: www.franciscanos.org.br
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