terça-feira, 27 de agosto de 2013

História e comparações

Trinta e cinco anos atrás, João Paulo I era eleito Papa

Cidade do Vaticano (RV) – Nesta segunda-feira, 26 de agosto, ocorreu o 35º aniversário de eleição à Sé de Pedro de João Paulo I. Nascido em Canale d’Agordo, norte da Itália, em 17 de outubro de 1912, no momento da eleição o Cardeal Albino Luciani era Patriarca de Veneza e assumiu o nome de João Paulo I, homenageando seus dois predecessores: João XXIII e Paulo VI, que falecera 20 dias antes. 
Humildade, doçura e simplicidade
O seu pontificado foi um dos mais breves da história: depois de apenas 33 dias o “Papa do sorriso” foi encontrado morto em sua cama, na manhã de 28 de setembro. Em seu único discurso Urbi et Orbi, João Paulo I reiterou à Igreja que seu principal dever era a evangelização e a exortou a prosseguir no esforço do ecumenismo. 
Em discurso no dia 10 de setembro, dirigindo-se a representantes da imprensa internacional, pediu que “se aproximassem mais de seus semelhantes, intuindo de perto seu desejo de justiça, de paz, de concórdia e solidariedade, em prol de um mundo mais justo e humano”.
Nas quatro audiências gerais que concedeu, o Papa “humilde” enfrentou temas como a humildade, a fé, a esperança e a caridade, falando com um estilo pessoal do qual emergiu sua missão pastoral e catequética.
João Paulo I também é lembrado como o “Papa catequista”, ou “Papa pároco do mundo”, nomes que salientam seu amor pela catequese vista como paixão comunicativa a serviço da verdade cristã e não como uma forma reduzida de evangelização. 

Profundas consonâncias entre Luciani e Bergoglio

Humildade, doçura e simplicidade foram os dotes humanos de Albino Luciani, que os fiéis do mundo inteiro aprenderam a amar nas poucas semanas antes de sua morte ocorrida em 29 de setembro de 1978.
Para nos falar sobre o assunto, a Rádio Vaticano ouviu a vice-postuladora da Causa de Beatificação do Papa Luciani, a jornalista Stefania Falasca, que se detém sobre o impacto que a eleição de João Paulo I teve na Igreja:
Stefania Falasca: "Continuo considerando o Pontificado de Luciani como o Pontificado de um Papa inédito; que teve uma grandíssima eficácia e uma força, inclusive inovadora. Ao mesmo tempo, Luciani, naquele mês de Pontificado – apenas 33 dias – deixou um sinal indelével na Igreja. Era um homem que vinha de uma formação sólida, tradicional do Vêneto – católico; ao mesmo tempo, era um homem que participou e viveu intensamente a estação do Concílio. O seu modo de colocar-se e de apresentar-se ao mundo, o modo em que o mundo o conheceu naquela ocasião, foi como o de um vento forte de uma nova primavera para a Igreja."
RV: João Paulo II disse que a importância do Pontificado de Luciani foi inversamente proporcional à sua duração. Você também falou de um vento forte...
Humildade, doçura e simplicidade
Stefania Falasca: "Sim, inversamente proporcional: porém, daquilo que sabemos dele – de seu calibre, de seu pensamento, de seu magistério – vimos somente uma pequena parte. O que lhe estava subjacente era toda a sua vida precedente, aquilo que vimos naqueles 33 dias representou como que a "ponta de um iceberg". Luciani pode ser entendido à luz de tudo aquilo que fez também precedentemente e o teríamos conhecido assim. Teria continuado aquilo que fez como Bispo e Patriarca de Veneza."
RV: Muitos encontram fortes semelhanças entre o Papa Luciani e o Papa Bergoglio...
Stefania Falasca: "Na noite da eleição do Papa Bergoglio – eu estava na Praça São Pedro –, assim que ele se apresentou e disse "boa-noite", algumas pessoas anciãs que estavam atrás de mim disseram: "É como o Papa Luciani". Isso me impressionou; portanto, também para as pessoas que conheceram o Papa Luciani foi essa a impressão, justamente por essa sua expressão e por aquele modo de apresentar-se. A meu ver, creio que existem consonâncias muito profundas; por exemplo, a constante evocação à "misericórdia". Traço caracterizador do Papa Luciani, distintivo de seu magistério; bem como convincente e persuasivo, em primeiro lugar, o saber transmitir o amor de Deus com acentos de rara eficácia e de autêntica humanidade. Ele tornou visível – com a palavra e com a vida – a ternura e a misericórdia no fazer-se próximo de todos. Ligado a isso estava a humildade."
RV: Era inclusive o seu lema episcopal: l'humilitas...
Stefania Falasca: "Sim, é aquela humildade que vem justamente do próprio Cristo, porque as outras virtudes – também na época clássica – não são propriamente cristãs. A humildade é aquela virtude que Cristo nos trouxe e nesse traço encontro muitas analogias com João Paulo I. Luciani foi o primeiro a ter e usar com força a oralidade, aquela oralidade que parecia perdida na Igreja e é também a força do Papa Francisco, como vimos nas pregações matutinas e em seu falar. De fato, o tom era aquela sabedoria do colocar – feita também pelos Padres da Igreja – aquela forma de acessibilidade que ele adotou para chegar a todos, como módulo expressivo mais consonante na Igreja que quer ser "amiga" dos homens de seu tempo. Creio que Francisco complete ou porte adiante aquilo que Luciani iniciara." (RL)
       Fonte: www.radiovaticana.va       Fotos: www.portalcatolico.org.br    www.isma.org.br
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