Trinta e
cinco anos atrás, João Paulo I era eleito Papa
Cidade do
Vaticano (RV) – Nesta segunda-feira, 26 de agosto, ocorreu o 35º
aniversário de eleição à Sé de Pedro de João Paulo I. Nascido em Canale
d’Agordo, norte da Itália, em 17 de outubro de 1912, no momento da eleição o
Cardeal Albino Luciani era Patriarca de Veneza e assumiu o nome de João Paulo
I, homenageando seus dois predecessores: João XXIII e Paulo VI, que falecera 20
dias antes.
Humildade, doçura e simplicidade |
O seu pontificado
foi um dos mais breves da história: depois de apenas 33 dias o “Papa do
sorriso” foi encontrado morto em sua cama, na manhã de 28 de setembro. Em seu
único discurso Urbi et Orbi, João Paulo I reiterou à Igreja que seu principal
dever era a evangelização e a exortou a prosseguir no esforço do ecumenismo.
Em discurso
no dia 10 de setembro, dirigindo-se a representantes da imprensa internacional,
pediu que “se aproximassem mais de seus semelhantes, intuindo de perto seu
desejo de justiça, de paz, de concórdia e solidariedade, em prol de um mundo
mais justo e humano”.
Nas quatro
audiências gerais que concedeu, o Papa “humilde” enfrentou temas como a
humildade, a fé, a esperança e a caridade, falando com um estilo pessoal do
qual emergiu sua missão pastoral e catequética.
João Paulo I
também é lembrado como o “Papa catequista”, ou “Papa pároco do mundo”, nomes
que salientam seu amor pela catequese vista como paixão comunicativa a serviço
da verdade cristã e não como uma forma reduzida de evangelização.
Profundas
consonâncias entre Luciani e Bergoglio
Humildade,
doçura e simplicidade foram os dotes humanos de Albino Luciani, que os fiéis do
mundo inteiro aprenderam a amar nas poucas semanas antes de sua morte ocorrida
em 29 de setembro de 1978.
Para nos
falar sobre o assunto, a Rádio Vaticano ouviu a vice-postuladora da Causa de
Beatificação do Papa Luciani, a jornalista Stefania Falasca, que se detém sobre
o impacto que a eleição de João Paulo I teve na Igreja:
Stefania
Falasca: "Continuo considerando o Pontificado de Luciani como o
Pontificado de um Papa inédito; que teve uma grandíssima eficácia e uma força,
inclusive inovadora. Ao mesmo tempo, Luciani, naquele mês de Pontificado –
apenas 33 dias – deixou um sinal indelével na Igreja. Era um homem que vinha de
uma formação sólida, tradicional do Vêneto – católico; ao mesmo tempo, era um
homem que participou e viveu intensamente a estação do Concílio. O seu modo de
colocar-se e de apresentar-se ao mundo, o modo em que o mundo o conheceu
naquela ocasião, foi como o de um vento forte de uma nova primavera para a
Igreja."
RV: João
Paulo II disse que a importância do Pontificado de Luciani foi inversamente
proporcional à sua duração. Você também falou de um vento forte...
Humildade, doçura e simplicidade |
Stefania
Falasca: "Sim, inversamente proporcional: porém, daquilo que sabemos
dele – de seu calibre, de seu pensamento, de seu magistério – vimos somente uma
pequena parte. O que lhe estava subjacente era toda a sua vida precedente,
aquilo que vimos naqueles 33 dias representou como que a "ponta de um
iceberg". Luciani pode ser entendido à luz de tudo aquilo que fez também
precedentemente e o teríamos conhecido assim. Teria continuado aquilo que fez
como Bispo e Patriarca de Veneza."
RV: Muitos
encontram fortes semelhanças entre o Papa Luciani e o Papa Bergoglio...
Stefania
Falasca: "Na noite da eleição do Papa Bergoglio – eu estava na Praça
São Pedro –, assim que ele se apresentou e disse "boa-noite", algumas
pessoas anciãs que estavam atrás de mim disseram: "É como o Papa
Luciani". Isso me impressionou; portanto, também para as pessoas que
conheceram o Papa Luciani foi essa a impressão, justamente por essa sua
expressão e por aquele modo de apresentar-se. A meu ver, creio que existem
consonâncias muito profundas; por exemplo, a constante evocação à
"misericórdia". Traço caracterizador do Papa Luciani, distintivo de
seu magistério; bem como convincente e persuasivo, em primeiro lugar, o saber
transmitir o amor de Deus com acentos de rara eficácia e de autêntica
humanidade. Ele tornou visível – com a palavra e com a vida – a ternura e a
misericórdia no fazer-se próximo de todos. Ligado a isso estava a humildade."
RV: Era
inclusive o seu lema episcopal: l'humilitas...
Stefania
Falasca: "Sim, é aquela humildade que vem justamente do próprio
Cristo, porque as outras virtudes – também na época clássica – não são
propriamente cristãs. A humildade é aquela virtude que Cristo nos trouxe e
nesse traço encontro muitas analogias com João Paulo I. Luciani foi o primeiro
a ter e usar com força a oralidade, aquela oralidade que parecia perdida na Igreja
e é também a força do Papa Francisco, como vimos nas pregações matutinas e em
seu falar. De fato, o tom era aquela sabedoria do colocar – feita também pelos
Padres da Igreja – aquela forma de acessibilidade que ele adotou para chegar a
todos, como módulo expressivo mais consonante na Igreja que quer ser
"amiga" dos homens de seu tempo. Creio que Francisco complete ou
porte adiante aquilo que Luciani iniciara." (RL)
Fonte: www.radiovaticana.va Fotos: www.portalcatolico.org.br www.isma.org.br
.......................................................................................................................................
Nenhum comentário:
Postar um comentário