sábado, 8 de setembro de 2012

Um tema que interessa


Felicidade - onde está?

No mundo da felicidade toda oferta é sempre atrativa. Nunca na história da humanidade o ser humano teve possibilidade de conquistar a felicidade de maneira tão fácil. Com apenas um clique e os números de segurança de um cartão de créditos pode-se receber em casa a felicidade embrulhada via sedex. A facilidade e a agilidade com que a felicidade chega à casa do consumidor são assustadoras. No mundo da facilidade a felicidade se tornou supérflua e descartável.
A felicidade se mercantilizou. Hoje ela é produto na prateleira de muitas revistas, sites, jornais e canais de televisão. Não é mais necessário conquistá-la, pois agora é vendida em várias parcelas com “pequenas” taxas de juros ao mês. Nunca esteve tão fácil adquirir o sonho de uma vida plenamente feliz.
Produzida em alta escala, a felicidade, chega a milhões de pessoas com o mesmo rótulo. Com o tempo, ela perde seu prazo de validade e se faz necessário sua reposição. O celular que promete mil facilidades na comunicação está sempre mais evoluído. Mas qual o segredo da comunicação feliz? Não seria a fala expressando sentimentos de amor e saudades? O simples toque na tela promete deixar a comunicação mais atrativa e fácil. Mas o atrativo na comunicação não seria o abraço apertado e o sorriso sincero contemplado pelo brilho olhar que a foto de 15 megapixels não pode expressar?
João Guimarães Rosa sabiamente escreveu: “Felicidade se acha é em horinhas de descuido”. Não estaria ela escondida nas estrelas que iluminam as noites sem esperança? Ela não estaria oculta no almoço de domingo que reúne toda a família e onde as memórias se fazem vivas?
Onde está a felicidade em tempos de relacionamentos líquidos e frágeis?
Talvez a felicidade esteja escondida fora do circuito do ter, e se encontre bela e esplêndida no tempo de ser de cada pessoa. Fernando Pessoa descobriu em uma horinha de descuido o espetáculo da vida sem precisar pagar nada por isso: “Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.”
Ser feliz é uma questão complexa quando o que se está em jogo é a compra de algo que não pode ser vendido, mas descoberto no tempo de cada um.
                                                                                                                                                                          Padre Flávio Sobreiro
Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP. Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre - MG
Vigário Paroquial na Paróquia Nossa Senhora do Carmo - Cambuí - MG 

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