O perdão não possui uma formula mágica, virtual, ou
qualquer receita passada mediante a capacidade de pôr em prática uma idéia,
valendo-se da faculdade de dominar seus comportamentos, persuadir-se a si e o
outro, ou comover por meio de palavras. O perdão é algo que vem do íntimo e sua
maior definição atinge os mais altos graus da consciência, sentimentos e
coração. Quem, realmente, se conhece de verdade, almeja compreender e ser
compreendido, logo, com facilidade, chega às palavras de Jesus: “Perdoai nossas
ofensas assim como nós perdoamos os quem nos ofendeu” (Mt 6, 12). Se alimento
minhas atitudes desdenhosas, armo um altar para as insolências, fazendo das
minhas posições e posturas meus insólitos, estou longe de compreender o perdão
por mais explícito que ele se apresente para mim. Precisamos ser benignos. compassivos levando o perdão à mais alta confiança do nosso interior (Ef 4,
32). Devemos dar ciência que somos um plural, não uma ilha isolada, por isso,
São Paulo nos conscientiza: “Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos
mutuamente, caso alguém tenha queixa contra outrem. Assim como o Senhor nos
perdoou, fazei vós também” (Cl 3, 13). Por isso, aquele que diz que ama e não
perdoa, jamais define o perdão.
Perdão não é um mecanismo que eu aciono para meu
bel-prazer. Não é um extintor que impulsiono para apagar algo, ou, que ponho em
pontos estratégicos para definir minha consciência de uma acusação, determinar
meu coração para uma defesa ou assegurar meus sentimentos de um julgamento
adequado. Perdoar é ter a emoção de que se conquistou o inteiro do meu eu, no
total do eu do outro (Mt 5, 44). O perdão rasga o cheque das contas dos mal
entendidos na vida (Gn 50, 21), joga fora os entulhos que o emocional pode
erigir consciente ou inconscientemente (Mt 18, 21-22), dá o abraço sem
interesses compensatórios (Lc 15 1ss), abre canais onde uma palavra pode sempre
consolar e trazer segurança incondicional (Jo 8, 1-11, 4, 1ss; Lc 19, 1-10), é,
por assim dizer, o auge de uma verdade que os séculos jamais vão calar (Lc 23,
34), é a virtude central do cristianismo. Aquele que diz que ama e não perdoa,
jamais define o perdão. Pense nisso.
Côn. Dr. Manuel Quitério
de Azevedo
Professor do Seminário de Diamantina e da PUC – MG
Membro da Academia de Letras e Artes de Diamantina – MG
Professor do Seminário de Diamantina e da PUC – MG
Membro da Academia de Letras e Artes de Diamantina – MG
Fonte: www.bispado.org.br/aspx/Noticias.aspx?c=2092&p=2#Lista
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