Casa Comum
A casa é o
ambiente propício para o aconchego familiar. Mas ela pode ter dimensões
elásticas, sendo identificada também como espaço comum onde as pessoas
constroem suas vidas, criam relacionamentos e convivência. Assim podemos dizer
do país, dos Estados, dos Municípios, ou das comunidades. Um templo religioso
pode ser também considerado lugar comum para seus adeptos.
Matriz de São José - Paraisópolis (MG) |
Na Liturgia
católica se faz memória da Basílica de São João do Latrão, como primeiro templo
cristão, que precede a todos os outros. Ela está na cidade de Roma, sendo a
primeira catedral do mundo católico, onde foram realizados importantes
encontros, Concílios Ecumênicos e outros eventos que ajudaram na caminhada de
reflexão teológica e pastoral da Igreja no mundo.
Os espaços de
convivência devem ser suportes para projetos de vida com liberdade,
vislumbrando um futuro cada vez melhor, uma sociedade totalmente nova e
saudável para todos. Biblicamente falando, significa apontar para uma “nova
Jerusalém”, que tinha como referência motivadora, o templo, o local comum, de
onde brotavam os objetivos para a história do povo.
O profeta
Ezequiel apresenta a imagem de um templo, de onde sai um rio de água, que
fecunda a terra, produz peixes, árvores com frutos e folhas que servem de
remédio (Ez 47,1-12). É a imagem da casa comum, entendendo como espaço da força
de Javé, dando sentido para a caminhada difícil ou não do povo.
É importante ter
em conta a fecundidade da água, fonte de vida. Sem ela tudo morre de forma
improdutiva. Na travessia do Mar Vermelho, a água representa a libertação do
povo que, até então, era escravo no Egito. Hoje esta sena é celebrada como
páscoa, passagem de libertação, ligando água e templo como vida do povo.
Mas o templo
pode ser também ambiente de exploração, como os vendilhões do templo no tempo
de Jesus (Jo 2,13-22). Pior ainda é explorar o povo em nome de Deus, usando um
espaço que deveria ser de libertação e dignidade. A religião não pode ser
expressão de simples fator econômico e de exploração da ingenuidade das
pessoas.
Dom Paulo Mendes
Peixoto - Arcebispo de Uberaba
Fonte: radiovaticana.va
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