“Deus
doa com gratuidade, seu amor é o maior presente! ”
Cidade do
Vaticano (RV) – Na lei do Reino de Deus, “a recompensa não é necessária”
porque Ele doa com gratuidade. Foi o que afirmou o Papa Francisco na missa
celebrada na manhã desta terça-feira, 04, na Casa Santa Marta. O Pontífice
advertiu que às vezes, por egoísmo ou sede de poder, evitamos a festa à qual o
Senhor nos convida gratuitamente.
A partir desta
parábola narrada no Evangelho de Lucas, o Papa desenvolveu a sua homilia: um
homem dá um grande jantar, mas os convidados inventam desculpas para não ir.
"A santidade, a salvação é gratuidade" |
“Todos gostam de
ser convidados, mas naquele banquete havia algo que três convidados não
gostavam. Um disse que tinha “comprado um terreno e precisava sair para vê-lo
para se sentir poderoso; não queria ficar sentado como um entre muitos”. Outro
comprou cinco bois e estava concentrado nos negócios; não queria “perder tempo”
com as pessoas. Enfim, o último se desculpou dizendo que era casado e não
queria levar sua esposa à festa. “No final – prosseguiu Francisco – os três
tinham uma preferência por si mesmos, não queriam participar de uma festa: não
sabiam o que era uma festa. Há sempre interesse, aquilo que Jesus explicou como
“compensação”.
“Se o convite
tivesse sido, por exemplo: “Venham que eu tenho dois ou três amigos de negócios
que vêm de outro país, podemos fazer uma transação juntos”, certamente ninguém
teria recusado, mas o que os assustou foi a gratuidade. É muito difícil ouvir a
voz de Jesus, a voz de Deus quando não se vê o horizonte porque o horizonte é
ele mesmo. E por detrás disso, há outra coisa, mais profunda: o medo da
gratuidade; temos medo da gratuidade de Deus. É tão grande que nos assusta”.
“Isso acontece
porque as experiências da vida muitas vezes nos fizeram sofrer”, disse o Papa,
como acontece com os discípulos de Emaús, que se afastam de Jerusalém; ou Tomé,
que quer tocar para acreditar. Quando “a esmola é demais – disse retomando um
provérbio popular – até o Santo desconfia”, porque “a gratuidade é demasiada”.
“E quando Deus nos oferece um banquete assim”, afirmou, pensamos que seja
“melhor não se meter”:
“Ficamos mais
seguros nos nossos pecados, nos nossos limites, quando estamos em nossa casa;
sair da nossa casa para atender ao convite de Deus, à casa de Deus, com os
outros? Não. Sinto medo. E todos nós cristãos temos este medo: escondido,
dentro …. Católicos, mas não muito. Confiantes no Senhor, mas não muito. Este
‘mas não muito’, eh?, marca a nossa vida, nos faz pequenos, não?”.
“Uma coisa que
me faz pensar – acrescentou o Papa – é que quando o servo conta tudo isso ao
seu senhor, o senhor se enfurece porque foi desprezado. E manda chamar todos os
pobres, os estropiados, pelas praças e ruas da cidade. O senhor pede ao servo
que obrigue as pessoas a participarem na festa. “Muitas vezes o Senhor deve
fazer isso conosco com as provações”, comentou o Papa:
“Obrigá-los,
porque aqui haverá festa. A gratuidade. Obrigar aquele coração, aquela alma a
acreditar que há gratuidade em Deus, que o dom de Deus é grátis, que a salvação
não se compra: é um grande presente, que o amor de Deus … é o maior presente!
Esta é a gratuidade. E nós temos um pouco de medo e por isso pensamos que a
santidade se faz com as nossas coisas e com o tempo nos tornamos um pouco
pelagianos, eh? A santidade, a salvação é gratuidade”.
Jesus,
evidenciou o Pontífice, “pagou a festa com a sua humilhação até a morte, morte
de Cruz. E esta é a grande gratuidade”. Quando nós olhamos o Crucifixo, disse
ainda, pensamos que “esta é a entrada à festa”: “Sim, Senhor, sou pecador,
tenho muitas coisas, mas olho para Ti e vou à festa do Pai. Confio. Não ficarei
desiludido, porque Tu pagaste tudo”. Hoje, concluiu, “a Igreja nos pede para
não termos medo da gratuidade de Deus”. “Devemos abrir o coração, fazer de
nossa parte tudo o que podemos; mas a grande festa será feita por Ele”. (BF/CM)
Fonte: radiovaticana.va
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