“Brasil pós-eleições: compromissos e desafios”
"Brasil pós-eleições: compromissos e desafios" |
A Presidência da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou, hoje, 20, a
nota “Brasil pós-eleições: compromissos e desafios”. O texto foi
aprovado pelo Conselho Episcopal Pastoral (Consep), reunido em Brasília, nos
dias 18 e 19 de novembro, e recorda aos escolhidos nas eleições de outubro “a responsabilidade colocada sobre seus ombros de não frustrar as
expectativas de quem os elegeu” e o “compromisso com a ética, a
verdade e a transparência no exercício de seu mandato, bem como o dever de
servir a todo o povo brasileiro”. Os bispos reafirmam a importância
da participação da Igreja na Política como auxílio na construção de “uma sociedade justa e fraterna”. Neste sentido, a nota também
destaca a urgência da reforma política, como arma contra a corrupção.
Leia o texto na
íntegra:
Brasília, 19 de
novembro de 2014
P. N. 0914/14
Brasil
pós-eleições: compromissos e desafios
O Conselho
Episcopal Pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunido
em Brasília nos dias 18 e 19 de novembro de 2014, saúda a nação brasileira pela
democracia e cidadania vivenciadas nas eleições de outubro deste ano.
Cumprimenta a todos que participaram do processo eleitoral e os eleitos.
Recorda-lhes a responsabilidade colocada sobre seus ombros de não frustrar as
expectativas de quem os elegeu e seu compromisso com a ética, a verdade e a
transparência no exercício de seu mandato, bem como o dever de servir a todo o
povo brasileiro.
A campanha
eleitoral deste ano ratificou o processo democrático brasileiro no qual
partidos, candidatos e eleitores puderam debater suas ideias e projetos. Tornou
mais visíveis, no entanto, graves fragilidades de nosso sistema político:
sua submissão ao poder econômico financiador das campanhas; o
descompromisso de partidos e candidatos com programas, favorecendo debates com
ataques pessoais; a prevalência da imagem dos candidatos produzida pelos
marqueteiros; o desrespeito, em alguns casos, às leis que combatem a corrupção
eleitoral.
Passadas as
eleições, urge ao País recompor sua unidade no respeito às diferenças e à
pluralidade, próprias da democracia. Nada justifica a disseminação de uma
divisão ou de ódio que depõe contra a busca do bem comum, finalidade principal
da Política. O bem de todos coloca a pessoa humana e sua dignidade acima de
ideologias e partidos.
A construção do
bem comum desafia, especialmente, os eleitos em outubro deste ano. A corrupção
na Petrobras reforça a sensação de que é um mal que não tem fim. Vemos aqui,
claramente, as consequências do financiamento de campanhas por empresas, porta
e janela de entrada da corrupção. Nenhum país prospera com corrupção que, no
caso do Brasil, lamentavelmente já vem de muitos anos e não se limita à Petrobras.
A reforma
política é outra urgência inadiável. Convicta disso, a CNBB se empenhará ainda
mais na coleta de assinaturas para o Projeto de Lei de Iniciativa Popular
proposto pela Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas. À
reforma política, entretanto, é necessário unir outras reformas igualmente
urgentes como a tributária e a agrária. O Brasil não pode mais conviver com
tanta omissão em relação a estas e outras matérias que lhe são vitais.
“A política, tão
desacreditada, é uma sublime vocação, é uma das formas mais preciosas da
caridade, porque busca o bem comum” (Papa Francisco. Evangelii Gaudium,
n.205). Nesse espírito, a CNBB reafirma que a sua participação na vida Política
é tão importante quanto necessária para ajudar na construção de uma sociedade
justa e fraterna. Afinal, “ninguém pode exigir-nos que releguemos a religião
para a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na vida social e
nacional, sem nos preocupar com a saúde das instituições da sociedade civil,
sem nos pronunciar sobre os acontecimentos que interessam aos cidadãos. Uma fé
autêntica – que nunca é cômoda nem individualista – comporta sempre um profundo
desejo de mudar o mundo, transmitir valores, deixar a terra um pouco melhor
depois da nossa passagem por ela” (Papa Francisco. Evangelii Gaudium,
n.183).
Nossa Senhora
Aparecida abençoe o Brasil e os que foram eleitos a fim de que sejam fieis ao
seu compromisso com o bem comum.
Cardeal Raymundo
Damasceno Assis - Arcebispo de Aparecida - Presidente da CNBB
Dom José
Belisário da Silva - Arcebispo de São Luís do Maranhão - Vice Presidente
da CNBB
Dom Leonardo
Ulrich Steiner - Bispo Auxiliar de Brasília - Secretário Geral da CNBB
Fonte: cnbb.org.br
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