Responsabilidade: onde posso ir com minha maturidade?
"O relógio da vida
nem sempre tem as horas que eu quero" (Côn. Manuel)
A maturidade constitui
uma das mais altas qualificações do ser humano. Revestido de princípios e
valores, a pessoa, aos poucos, vai-se adornando de uma força que a direciona
com segurança para aquilo que quer realizar e atingir. A responsabilidade lhe
oferece todo um aparato contendo os elementos possíveis para que o sucesso seja
promissor e os resultados contabilizem os esforços almejados. Se a
personalidade engrandece as decisões de quem se lança para alcançar algo, a
responsabilidade, com certeza, garante que o passo dado não foi em vão. A
responsabilidade oferece ao homem as credenciais da liberdade. Este, sabendo de
sua experiência, vai somando e alicerçando suas decisões, opiniões, caráter e,
sobretudo, a consciência de que a vida pode cobrar muito caro do que foi feito
à revelia na calada da "noite" ou nos porões de uma aventura pensando
que ninguém estava vendo.
Zíbia Gasparetto tem um
pensamento eloqüente que move nossa reflexão: "A cada novo minuto você tem
a liberdade e a responsabilidade de escolher para onde quer seguir, mas é bom
lembrar que tudo na vida tem seu preço". Não é pelo fato de eu possuir uma
idade, que estou credenciado para fazer tudo o que quero passando por cima das
circunstâncias da vida, vale dizer: ignorar o que o outro pensa. Não ligar para
o sagrado de sua liberdade e, sobretudo, ter em mente o que o outro está
vivendo no momento em que estou agindo com todos os valores da responsabilidade.
Um exemplo. Uma amizade, um namoro, um casamento, entre outros, a
responsabilidade não me oferece tudo pronto com uma formula ou um código a ser
seguido. É preciso ir além da responsabilidade. O namoro, por exemplo, não me
habilita a fazer tudo o que me apraz, só porque sou maduro, adulto e já sei o
que quero. Tudo na vida me pede prudência. O relógio da vida nem sempre tem as
horas que eu quero. É preferível atrasar cinco minutos e fazer uma boa reflexão
/ diálogo, para amadurecer meus atos, do que ter horas de lágrimas depois.
Victor Hugo tem uma
celebre frase que, certamente, nos faz pensar: "Tudo quanto aumenta a
liberdade, aumenta a responsabilidade". Sempre falo, 'onde tem muita
liberdade também tem muita preocupação'. Hoje a responsabilidade não está
respeitando os limites da liberdade. Por outras palavras, será que posso fazer
tudo, sabendo que tenho responsabilidade? Eis a questão. Responsabilidade e
liberdade são dois pulmões que precisam funcionar juntos. Vejamos. Um motorista
pelo fato de ter carteira de habilitação, será que tem toda a responsabilidade
nas mãos? Se fosse assim não haveria tantos acidentes. A responsabilidade não
garante a segurança. Esta precisa ser conquistada todos os dias pelas vias da
prudência, da reflexão e descobrir que ninguém está pronto só por ter esta
máxima. Quantos casos mal pensados, embutidos numa falsa responsabilidade,
levam a milhões de lágrimas? Quantos momentos disfarçados de responsabilidade,
considerados maduros, levam as pessoas a ficarem marcadas para toda a vida. Uma
traição, por exemplo, que garantia traz para a responsabilidade? Num princípio parece
oferecer as credenciais da maturidade, mas no claro da realidade tudo não passa
de uma ferida que se abre e dificilmente se fecha. Leve a sério sua
responsabilidade. Procure examinar o grau de sua maturidade. Veja até onde vai
sua liberdade. Trilhe os caminhos da prudência. A vitória será sua. Pense
nisso.
Côn. Dr. Manuel Quitério de
Azevedo
Professor do Seminário de Diamantina e da PUC-MG
Membro
da Academia de Letras e Artes de Diamantina (MG)
Fonte: Site da Diocese de São José do rio Preto (SP)
Nenhum comentário:
Postar um comentário