Um diálogo com o silêncio: uma análise a partir do eu
"A maior resposta para a pergunta da vida, sempre começa no silêncio" (Côn. Manuel)
Numa hodiernidade tão agitada pelos ventos da correria, defrontando-se com a velocidade da eletrônica, abraçando com fax, e-mail, telefone, o pronto das maiores decisões, falar de silêncio, talvez seja anormal. Nosso mundo tornou-se uma pequena/grande aldeia ajustando-se à conformidade dos rumores, ao bulício da vida. Com esta dádiva, o silêncio, provavelmente, não combina com a realidade tão badalada embutida no mais eloqüente barulho e pressa que nos são acedidos. Contudo, esta interrupção de correspondência, para quem vivencia a verdade de seu valor, nos leva aos mais altos índices dos melhores diálogos que o ser humano possa ter. Já nos alerta Confúcio: "O silêncio é um amigo que nunca trai".
Na poltrona do silêncio, o diálogo nos convida a um elucidativo momento
fugindo de todos os ruídos. Tudo que nos entope, levando-nos a uma obstrução,
arrastando-nos a um entulho, parece dissolver-se quando a visita leve e suave
do diálogo silencioso chega. Quantos esclarecimentos, dúvidas, novas luzes, nos
abraçam neste momento proeminente de nossa vida, o diálogo com o
silêncio. Parafraseando Henry Thoreau somos levados a dizer: "O silêncio
é a comunhão de uma alma consciente consigo mesma". Este grande amigo, o
silêncio, nos envolve numa confiança que só nossos sentimentos, consciência e
coração, testemunham como ouvintes. Eis pois, a grande maturidade do silêncio.
O grande escritor Goethe, sem medo algum, nos acalenta de esperança quando diz: "É no silêncio que se educa o talento,
e na torrente do mundo o caráter".
Nas grandes porções de desabafos, nos amontoados de ressentimentos, nos
aclives e declives de interrogações, nos porquês disso ou daquilo, só o
silêncio tem a maior resposta. Ele (silêncio) é o grande terapeuta, sua linha
mestra nos dirige na mais persuasiva, convincente sinfonia, de dizeres tão
acertados, que nem Beethoven, com seu grande dom para com a pauta musical,
conseguiu ultrapassá-lo. Por isso "o silêncio é um dos argumentos mais difíceis de rebater" nos alerta Josh
Billings. Esse grande amigo de viagem nos avisa: Nunca uses da brutalidade, da
grosseria, ou de qualquer outro artefato para te defenderes, oferece sempre
como prêmio e grande maestria o silêncio de tua resposta.
Quando tudo parece refutação, a angústia chega ao auge; quando as
palavras se esgotam, o que se busca não se encontra, o silêncio se torna a
melhor réplica. José Rodrigues Miguéis assevera: Já tenho escrito que o meu
silêncio é feito de gritos abafados. Mas a vida é apenas um arrendamento
provisório, um parênteses entre dois insondáveis infinitos. É isso mesmo, o
silêncio sempre nos conduz a um bom caminho, a uma conclusão certa, um resultado
que não machuque e, sobretudo, não deteriora a pergunta ferida. Deepak Chopra
nos ensina: Pratique o silêncio e você adquirirá um conhecimento silencioso.
Neste conhecimento está um sistema computacional que é muito mais minucioso,
preciso, poderoso do que qualquer coisa que esteja contida nas fronteiras do
pensamento racional. Faça do
silêncio seu melhor amigo, sua melhor resposta e sua grande presença. Pensemos nisso.
Côn. Dr. Manuel Quitério de Azevedo
Prof. do Seminário de Diamantina e da PUC - MG
Membro da Academia de Letras e Artes de Diamantina - MG
Fonte: Site da Diocese de São José do Rio Preto
Prof. do Seminário de Diamantina e da PUC - MG
Membro da Academia de Letras e Artes de Diamantina - MG
Fonte: Site da Diocese de São José do Rio Preto
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