terça-feira, 21 de agosto de 2012

Para refletir


Jesus nos chama


Caminhava Jesus à beira do mar da Galiléia quando avistou dois pescadores que lançavam suas redes ao mar. Eram Pedro e seu irmão André. Ao ouvirem o chamado de Jesus, largaram as redes e, curiosos, o seguiram. Outra vez, cercado de várias pessoas, ele avistou Levi (Mateus), que era cobrador de impostos para o Império Romano e muito antipatizado pelos judeus. Provavelmente, os olhos de ambos se encontraram. Jesus com sua doce energia, Levi com sua perplexidade. O convite foi incisivo e curto: “‘Segue-me!’. Ele se levantou e o seguiu” (Mc 2,14). Assim foram sendo chamados os doze aos quais caberia a tarefa de anunciar a “Boa-Nova”.

Cabe-nos uma pergunta: seriam eles melhores que os outros que viviam naquela época? Por que teriam sido escolhidos? A resposta está na gratuidade da graça que Deus concede a alguns. “Chamou a si os que quis, e eles foram ter com ele” (Mc 3,13). Embora Deus conceda a alguns graças especiais, a cada pessoa ele concede todas as graças necessárias para a salvação.

Os discípulos atenderam ao convite sem perguntas, sem reservas, sem impor condições e sem perceberem que estavam colocando-se à disposição do Filho de Deus, que passaria a assumir o papel central em suas existências. A partir daquele momento, suas vidas jamais seriam as mesmas. Certamente, não avaliavam que eles seriam os primeiros membros da Igreja nascente e participantes da missão salvífica do Cristo. 

Atenderam prontamente, contam-nos os evangelhos. Mas no final da caminhada havia uma cruz, e nela estaria preso o corpo daquele que eles seguiam. Confusos e amedrontados, eles se acovardaram: Pedro, que ouvira de Jesus “Tu és pedra, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16,18), ao assistir à prisão do Mestre, tirou a espada e, num rompante, arrancou a orelha do soldado Malco. Momentos depois, temendo simples empregados que se encontravam do lado de fora de onde Jesus estava sendo julgado, negou por três vezes que o conhecia.

A escolha desses discípulos, tão parecidos conosco em nossas fraquezas, enche-nos de esperança.
Quando já não havia mais o Filho de Deus para orientá-los, eles receberam o Espírito Santo, o Santificador, que lhes infundiu a sabedoria suficiente para a divulgação da palavra do Cristo e a coragem indispensável para dar testemunho dos fatos até com a própria vida.

O chamado do Senhor continua a ter um caráter decisivo e gratuito, sendo, sempre, uma iniciativa divina que aguarda a correspondência humana. “Não fostes vós que me escolhestes”, diria mais tarde, “mas fui eu que vos escolhi.” Há uma frase que se tornou conhecida: “O Senhor não escolhe os capacitados, mas capacita quem escolhe”.

Todos somos chamados a diferentes tipos de responsabilidades, sempre considerando os carismas individuais e o livre-arbítrio, ou seja: a capacidade de dizermos sim ou não a tal chamado, sem que isso nos acarrete nenhuma punição de Deus, que respeita a nossa liberdade. As qualificações desses escolhidos, quase sempre, são desproporcionalmente pequenas se comparadas ao que irão realizar, mas a generosa disponibilidade atrai graças divinas: “Olhai quem foi chamado entre vós: não há muitos sábios, segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos nobres” (1Cor 1,26).

Em nosso caminho incerto, assustados com as limitações e os tropeços, fixemos o olhar nas pegadas daquele que nos chamou e que, não se escandalizando com as nossas fraquezas, está sempre pronto a socorrer-nos.

(Silva, Anna Maria Martins. As pegadas que Cristo deixou. Reflexões bíblicas. São Paulo, Paulinas, 2008, pp. 21-22).
                                                                                                   Fonte: http://www.cibercatequese.org.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário