segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Reflexão para seu início de semana


A potencialidade da oração


Rezar é um ato normal porque há no ser humano uma abertura congênita para com Deus, a “abertura transcendental”. Rezar é uma atitude de justiça da criatura para com o seu Criador. “É nosso dever dar graças ao Senhor”. Por outro lado, rezar é um ato de justiça com nossa dimensão espiritual, nossa alma. Sem oração sofremos de anemia e atrofia espiritual. Nossas potencialidades humanas estagnam. A oração tem o poder de restaurar nossas forças e esperanças, de recuperar nossa vida e de sustentar nossa relação com Deus e com os outros.

A oração é um bem incomparável porque nos abre os caminhos da justiça, da modéstia, da humildade. Só quem é auto suficiente não reza e com isso é uma pessoa que corre sérios riscos. A oração faz de nós pessoas saudáveis, sábias, servidores, pois, Deus pode trabalhar em nós, modelando nossas vidas, ordenando nossos afetos, apontando soluções, abrindo horizontes.

Pela oração vemos o Invisível, alcançamos o impossível, transformamos o amargo em doce, as feridas em bênçãos, a fraqueza em força. Pela oração recuperamos o paraíso perdido e o deserto se torna jardim. Num mundo de ilusões, agitação, barulho, vazio e golpes existenciais a oração é terapia, é remédio, livrando-nos do stress, da solidão, da devassidão, da embriaguez e das preocupações. Saímos do lodo existencial e nossos pés tocam a rocha firme.

Perguntemos aos grandes homens e mulheres da Bíblia, perguntemos aos mártires, aos missionários, aos profetas e aos santos o que fez a oração em suas vidas. Todos eles confessam que a oração lhes deu coragem, fortaleza, inspirações. Eles encontraram a escola da oração, permaneceram neste combate perseverante que tanto os humanizou e santificou.

A experiência da oração faz vair nossas cadeias e escravidões. Assim falam os doentes nos hospitais, os detentos nas prisões, os dependentes químicos nas comunidades terapêuticas. Todas estas pessoas são testemunhas da oração, que torna  possível o impossível. A oração consiste em “contar mais com a graça que a ciência, mais o desejo que a inteligência, mais a fé que o livro, mais o esposo que o professor, mais Deus que o homem, mais o fogo que a luz” (S. Boaventura).

A oração silencia nossas preocupações, nossas paixões e nossas fantasias. Ela nos torna homens e mulheres criativos, entusiasmados. Por falta de oração perdemos a força interior e o élan missionário, pior, deixamos a fonte de água limpa para beber em fontes poluídas. Por negligência na oração criamos ídolos e “deuses falsos” buscamos alivio no barulho, no álcool, no sexo, nas drogas, no dinheiro. São apenas sedativos que aumentam nossa sede e nos afogam.

A oração cristã é sintonia com Deus e compaixão com o irmão. Os evangelhos mostram vinte e seis textos onde Jesus está rezando. Se quisermos filhos corretos e família unida, a receita é a oração. Do contrário, caímos na lógica de Marta (Lc 10) que se tornou escrava das preocupações, do ativismo, do endeusamento do trabalho, do nervosismo e tensão existencial, da inversão de valores. Marta chegou a corrigir Jesus e querer que Maria seguisse sua lógica.

Para Santa Terezinha a oração é a alavanca que move o mundo, para Santa Teresa de Ávila, a oração é estar com Aquele que nos ama. Pascal, Gandhi, V. Frankl, Alexis Carrel são “cientistas da oração”. Todos os convertidos ao cristianismo foram tocados, curados, iluminados pela oração. Sem dúvida, a oração ordena a vida, humaniza as pessoas, revela o rosto e o coração de Deus, transforma os corações e a realidade, cura as feridas, traz alegria, esperança e paz.

Não basta o estudo, é preciso a unção. Não basta a reflexão é necessária a devoção. Não é suficiente a investigação precisamos da admiração. Ninguém se realiza só com a atividade, é preciso a piedade. Não vivemos só da pesquisa mas da graça e do mistério. Não basta o dever, é preciso a alegria. Eis as potencialidades da oração.
Dom Orlando Brandes - Arcebispo  de Londrina - PR
Fonte: Site da Arquidiocese de Londrina

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